NATY
Olhei a Bianca abaixada enquanto abraçava o moleque. Acordamos cedo já colocando tudo no carro para ir embora, hoje era o dia de voltar para favela, tô longe demais de casa.
Viemos aqui nos despedir do moleque, Jean tá todo tristinho mas entendeu que nossa casa não é aqui, e a vó dele libero que nas férias eu venha buscar ele para ele ir até o Rio, então nois não vamos deixar de ver o moleque.
Foi estranho para caralho essa aproximação com o Jean, mas aconteceu, eu não sei explicar a Bianca também não, só sei que se eu pudesse eu levava ele comigo, chamava ele de filho e já era.
Mais não é assim que funciona, eu sou toda errada tô ligada, mas as coisas bagunçadas eu não gosto não. Quando for pra ser será pô.
— Pode me ligar todo os dias tá bom? Eu vou te mandar mensagem também - a Bianca falou e ele concordou olhando para ela. Ela se levantou e foi até a dona Maria, essa velha tem implicância comigo, mais gosta da Bianca, mesmo vivendo dizendo para ele que nosso relacionamento só é um atraso de vida para Bianca, eu tiro sarro namoral.
Levo ela no puro deboche, não vai mudar nada na minha vida as coisas que essas maluca fala.
— Eai moleque? - ele abraço minha cintura e eu me curvei abraçando ele também - nois vai se vê pô, quando eu voltar para te pegar, vou dar um jeito e te levar em um jogo no estádio.
— Você promete? - concordei dando risada.
— Tem minha palavra - ele me abraçou mais forte - qualquer coisa tu pode me mandar mensagem, se acontecer alguma coisa saco?
— Tá bom, mais não vai acontecer nada. Eu sou um garoto muito comportado - concordei bagunçado o cabelo dele.
— É isso, tem que ser assim - estendi a mão aberta para ele e ele me deu um toquinho sorrindo para mim, segurei a cabeça dele e dei um beijo puxando ele para mais um abraço - se precisar de mim só ligar moleque.
— Tá bom Naty, vocês também - sorri e me afastei. Encarei a Bianca falando com a dona Maria, elas se abraçaram e depois a dona Maria me olhou acenando com a com mão, entrei no carro esperando a Bianca, quando ela entrou estava com o rosto todo choroso - fica assim não.
— Tadinho ele fico tão triste - liguei o carro e sai - queria muito levar ele comigo.
— Quem sabe um dia amor, é que nem você falou, a gente ainda não tem estrutura nenhuma para cuidar de uma criança - ela concordou - mas quem sabe já tá na hora também né pô.
— Da gente morar juntas? - concordei, ela relaxou no banco e suspiro - não sei.
— Qual foi pô, tá pensando ainda? Eu pra mim já ia morar contigo, já tenho tudo pronto inclusive.
— Não é assim amor, como você já tem tudo pronto? - dei de ombro - você gosta de me falar as coisas só quando já acontecerem né, nunca fala antes.
— Não vem de história não, já tava finalizando a parada para mim já, eu só esperei um pouco e de um tempo para cá eu queria que fosse nossa - ela me olhou.
— Você tá falando de um casa? - concordei - como assim Naty?
— Tu lembra na nossa primeira noite, que eu te levei para quela contrução lá e nos fico gostosinho? - ela concordou com um sorriso - então pô, era uma casa que eu estava construindo para mim, fico pronta tem uns meses já, só falta os móveis e tudo, de resto da tudo pronto.
— Era uma casa grande mesmo - concordei olhando para ela - a gente vai morar juntas então?
— É só tu dizer que sim gostosa - ela mordeu os lábios com um sorrisinho - se tu quiser nessa semana eu te dou um dinheiro legal aí você compra tudo do jeitinho que você quiser, para ser tua casa mesmo.
— Não você tem ir comigo, não é só minha casa é nossa.
— Para mim tanto faz amor, se tu gosta pra mim tá ótimo já - ela fico animada e me deu um selinho rápido voltando pro banco.
•
Fechei a porta do carro bocejando pô, estava cansada para caralho, dirigir sem parar e vim o mais rápido que eu conseguia. Nós nem foi pra casa, viemos direto para casa do pipoca, hoje era o aniversário da Rebeca e só vamos fico um pouco só.
— Tá com sono - concordo, Bianca abraço minha cintura e eu coloquei o braço no pescoço dela, entramos na casa e já fomos recebidos por uma Rebeca toda animada.
— Vocês conseguiram vir - ela abraçou nós duas - estava com saudades pô.
— Parabéns amiga, eu também estava com saudades - Bianca abraço ela direto e eu me esquivei deixando as duas e indo até o lado da churrasqueira onde os caras estavam. Cumprimentei eles ali e peguei uma cerveja, a maconha do pipoca e coloquei na boca.
— Os polícia até aparecem aí de novo mas depois não vieram mais não - Fk falou, um mano que ganhou meu respeito esse mês, deu o nome quando o pipoca precisou, vou continuar observando ele, pra mim tem futuro.
— Tão atrás de tu até agora - Kaká falou e eu só olhei para ele. Maluca apareceu mais quando eu saí da favela, voltou a bater as asinhas dele, mais deixa, esse oque é dele tá bem guardado.
— Chega aqui pô - bati no ombro do pipoca e ele me acompanhou - o pó tá sumindo ainda ou voltou ao normal?
— Tá tudo certinho agora, ninguém entra ou sai sem a permissão nossa - concordei - o maluco ali começo de novo a espreita pro nosso lado, tá ficando confiante.
— Deixa ele assim, é melhor ele perto. Nos consegue enchergar melhor oque ele tá fazendo.
— Mas é foda, não tenho paciência para esse cara pô - traguei a maconha.
— Tu acha que eu tenho? Tenho ódio do filho da puta, moleque desgraçado porra, mas fazer oque, tu quer receber um tiro e não saber da onde vem? - ele fico quieto - eu prefiro saber pô, porque daí assim eu sobrevivo na marra, só para matar o desgraçado.
— Tu acha que ele é capaz disso?
— Tu sabe que um vagabundo invejosos quando não conseguir oque quer, da um jeito de ter tudo. Ele pra mim não é ninguém, mas se ele tentar alguma coisa, já vai ser um motivo para mim mete uma bala na boca do filho da puta - pipoca concordo, ele olhou pro lado e eu também, Rebeca e Bianca estavam vindo na nossa diferença.
Puxei a maconha de novo e soprei antes da Bianca me abraçar. Ela fez uma careta e eu mordi o queixo dela.
— Vocês estavam fofocando sobre oque em? Quero saber também - Rebeca disse olhando pro marido.
— Ih que fofocando oque pô, tenho cara é? - falei e ela deu risada concordando.
— Tô lembrando aqui do dia que o Ramon te ligou só pra contar que um cara de não sei aonde tinha sofrido um acidente aí, e vocês ficaram horas conversando sobre isso - bebi minha cerveja e neguei com a cabeça.
— Lembro disso não - coloquei a Bianca na minha frente e abracei ela.
— Eu lembro - minha gostosa falou e as duas deram risada.
— Ih pô até tu - mordi o pescoço dela e ela riu se afastando de mim, abracei ela mais forte.
— Não quer me falar, esquece. Depois meu marido me conta - ela deu um beijo no pipoca e puxou a Bianca de mim levando ela pra dançar.
Fiquei conversando com os caras alí enquanto bebia, a Bianca só dançava e ria alto com as amigas dela, eu só de olho, as vezes pegava o Kaká olhando ela e me controlava. Era foda, mas eu precisava saber qual era desse cara.
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Nossa História [ Pique Bandida ]
RandomComo diz nossa música: Se via com coração fechado Com medo da tristeza do passado Andando no caminho da razão Você apareceu na minha vida Abriu a porta pra uma saída São coisas que não tem explicação De repente eu me entreguei Não lutei, não resisti...