Capítulo #45

4.6K 422 112
                                    

NATY

Estava no carro com o pipoca, ele dirigindo e eu batendo o pé no chão enquanto arrumava a minha arma. Falei o que a Bianca contou para mim, ele logo concordou comigo, disse que eu devia matar ele mesmo, mas que eu deveria saber que isso tem riscos, principalmente porque o cara e sobrinho do gordão, o de frente da favela aliada nossa.

Eu já disse, gordão não é nada, nem da Velha guarda do comando ele é, chegou depois e teve sorte.

Se ele quiser brigar depois, problema nenhum. Eu resolvo, mas eu tenho certeza que o cara não vai nem ligar pra essa porra, primeiro porque o sobrinho dele deixou a favela que nasceu para trabalhar com o Mendes que esse sim é da velha guarda, mais foda-se, isso não me impede também.

— Se acalma porra - falo tranquilo e eu nem liguei, pipoca me disse uma vez que tem odeio quando eu fico desse jeito, e eu tô ligada que eu fico doidona mesma, mas era o jeito é desse jeito que eu fico criativa saco? - teu pai sabe?

— Já sou grandinha, o velho não precisa saber de nada - passei a mão no rosto de novo e engatilhei a arma deixando no meu colo - ele não me deixou de frente daquela porra? Então, e eu tô cuidando de tudo, tudo que ele precisa saber e sobre a favela, isso é pessoal meu, mexeu com a Bianca, com o meu, tu tá entendendo? - ele concordou.

— Falaram que ele tá na casa de um mina perto da favela, não chega a ser na favela não - concordei olhando para fora da janela - vai fazer o que com a mina?

— Se atrapalhar eu mato também, quero que se foda - ele me olhou.

— Deixa que eu cuido dela, tu só veio pelo cuzão - dei de ombro passando a mão no nariz. A Bianca estava me mandando mensagem e eu não conseguia responder, meu foco estava no cara, em matar ele - Acelera mais essa porra caralho!

Ele fico quieto nem ligando para mim, o pipoca já sabia agir quando eu estava assim. Ele cresceu comigo, acompanhou mim pior fase, do mesmo jeito que eu acompanhei ele enterrando a mãe que foi morta por ser mulher de traficante.

A gente tá junta pô, mas piores merdas. E na fase boa também, eu com ele quando decidiu casar com a maluca da Rebeca e ele agora comigo, quando encontrei a Bianca, a mulher da minha vida.

Pipoca continuou dirigindo enquanto eu acelerava ele sem parar, escutando cada vez mais a voz no meu ouvido pedindo pela morte do cara, me mandando queimar ele, acabar com a vida dele, machucar ele que nem ele fez a Bianca.

A cada minuto a raiva aumentava, eu ficava descontrolada só imaginando ele gritando e pedindo ajuda, tentando fugir sabendo que hoje era o dia dela, que hoje ele morria, por mim, eu iria matar ele.

Sai do transe quando o pipoca freio o carro na rua de terra, em frente a um barzinho com no máximo seis pessoas, desci primeiro que ele batendo a porta do carro, Ramón estava atrás de mim.

— Olha o cara ali - ele apontou pro balcão do bar - era o endereço da mina de certo mora aqui por perto.

Ele estava lá encostado no balcão com uma cerveja na mão, eu não pensei muito só fui,

— Eai, filha da puta! - gritei me aproximando e ele me olhou, metade do rosto todo fodido, boca cortada,  olho roxo e com sangue, a testa cortada, isso não era nada de como ele ficaria hoje.

— Qual foi Naty, veio se desculpar porra - ele riu, e quando ele riu eu só peguei a nuca dele e forcei a cabeça no balcão, foi bem certinho em cima do copo dele que quebrou e o vidro fudeu o olho dele todo, ele  gritou de dor - maluco, filha da puta, meu olho - mais ainda consegui falar.

Nossa História [ Pique Bandida ] Onde histórias criam vida. Descubra agora