Capítulo #44

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NATY

Eu não dormi, desdas duas da manhã quando eu trouxe a Bianca para minha casa e deitei com ela na cama eu tô acordada, só deitada do lado dela, ela dormiu a noite toda e tá dormindo agora, mais tranquila.

Eu vi como ela fico quando viu o pavê, estava com muito medo e não é só porque ele transava com ela na Jô, eu sei porque quando ela vê o Kaká ela só fica fazendo careta de nojo e dizendo que não gosta dele. Com o pavê foi diferente, ela estava com medo.

Eu me lembrei do dia que fui na Jô tentar falar com o pavê e descobri que ele estava com a Bianca, que era quem ele mais procurava ali, naquele tempo eu já tinha ciúmes dela, então não falei nada. E logo depois eu fui ver ela e lembro como ela estava, parecia com o jeito de ontem, com medo.

Eu nunca conversei com ela sobre a Jô, sobre ele. Eu me conheço sei que vou ficar bolada se começar esse assunto, não quero ficar perguntando coisas que eu já sei e que sei que vou me estressar, quero paz com a Bianca é o passado da vida dela mais se nem ela gosta de comentar porque eu vou perguntar?

Eu fico na minha, e esqueço dessa merda, eu já pensei sobre oque ele falou, tento não olhar para os merdas que trabalha para mim e me perguntar se ele já transou com ela, eu sei que ela é minha, ninguém vai tirar a Bianca de mim e isso que me deixa aliviada.

Eu também já transei com a maioria das mulheres dessa favela, umas que são casadas, outras da igreja, as que gostam mesmo e não  escondem topom qualquer lugar, eram bom. Mais papo reto, não é melhor que nois duas eu e a Bianca, e já era, é isso, agora eu tenho ela e ela me tem, não tem porque fica lembrando disso.

E por ela, aquilo que eu fiz ontem não chega nem perto do que eu posso fazer.

Eu me conheço, antes da Bianca eu era pura merda, deixava a droga me dominar mesmo não parecendo, meu pai não conseguia me controlar, era muita raiva.

Foi assim que eu matei a primeira pessoa.

Não gosto muito de falar sobre não, mais apartir daquele dia eu descobri realmente quem eu era, uma descontrolada que só basta uma faísca pô, quando eu tô com raiva eu não penso em nada, e agora com a Bianca eu percebi que quando eu tô com ciúmes e pior ainda, mas ela me acalma me faz pensar, sem ela eu acho que a Naty das antigas volta pesadona.

Isso não é bom não.

Senti o cheiro dela pertinho e logo ela me rodeando e abraçando minha cintura. Joguei a pontinha do cigarro fora e assoprei para longe a fumaça, virei para ela e segurei seu rosto, ela abaixou a cabeça e soluço.

— Tá chorando porque branquinha? - ela me agarrou forte chorando mas alto, comecei a ficar preocupada, meu coração batia acelerado eu estava respirando rápido, esse é o efeito que ela tem em mim.

Pô como eu não mudei por essa mulher? Eu nunca senti uma parada dessa por ninguém, desse nível nem com meu pai, uma preocupação dessa, vontade de acabar com o mundo e ficar só nois duas.

E olha que eu nem sei o motivo dela tá chorando, é isso, eu amo demais ela e mesmo não dizendo eu tento demostrar, do meu jeito.

— Fala comigo Bianca?  - segurei o rosto dela de novo e levantei, ela abraçou meu pescoço agora - Bianca?

— Eu não quero te magoar, não quero que sinta nojo de ficar comigo, ou com pena. Mais eu não vou conseguir seguir nosso relacionamento sem te contar isso, eu sei que eu você vai ficar brava comigo se eu não te contar - ela soluço e as palavras saiam rápido.

— Calma Bianca, fala comigo o que aconteceu? Fica tranquila amor, que parada é essa de nojo? - ela engoliu a seco e me olhou - em Bianca, que isso?

— Aquele cara de ontem - concordei mordendo a boca - eu conheci ele nas primeiras semanas que eu estava com a Jô, ele fico obcecado comigo, todos os dias ele ia pra lá com um presente e pagava o dobro pra ficar comigo a noite toda - meu sangue começou a ferver, eu só queria matar o filho da puta - e isso continuou, a Jô dizia que se eu tivesse sorte ele me pegava pra ele até o fim do ano, mas eu não queria ele, eu nunca quis ele era nojento e agressivo.

Passei a mão no rosto e levei até o cabelo.

— Enfim eu conheci ele assim - eu senti ela me apertando - a um tempinho atrás ele tinha sumido, aí depois de umas semanas ele voltou, e eu já tinha conhecido você a gente estava curtindo juntas, eu estava feliz demais Naty, eu não queria mas nada com ele, então eu recusei - ela chorou abaixando a cabeça de novo.

E agora meu sangue já estava fervendo, a Bianca estava comigo mas nem ela ia conseguir me acalmar agora, tudo que eu pensava era nele fazendo alguma coisa com ela, qualquer coisa já me deixava com vontade de sair daqui e esmagar a cabeça daquele filho da puta no chão.

— O que ele fez Amor?

— Ele me bateu e me estrupo Naty, eu juro que tentei de tudo pra ele me largar mas eu não consegui, eu fiquei tão mal eu não queria nada com ele - ela chorou mas alto e eu não aguentei.

Sai de perto dela e comecei a dar vários socos na parede, ela gritou se aproximando de mim.

— Não Naty, por favor não se machuca - respirei fundo, e respirei de novo. Olhei para ela que me encarava com o olhar triste, mesmo com a mão toda fudida eu segurei o rosto dela aproximando o meu.

— Você é a mulher mas incrível que eu já conhecia Bianca, tem um poder sobre mim que você não faz ideia. Eu nunca vou ter nojo de você por isso, eu nunca vou ter pena porque você é mas forte que eu - ela me abraçou - eu prometo que ele vai pagar Bianca, do jeito que um filho da puta como ele merece, eu juro que essa merda nunca mais vai acontecer contigo.

— Eu não quero que você se machuque por mim.

— Eu do minha vida por você Bianca. O que eu vou fazer com ele você não precisa saber, mas ele vai morrer pode ter certeza - ela me abraçou forte e respirou fundo - eu vou chamar a Rebeca para ficar com você, tu fica aqui e me espera.

— Só volta rápido Naty.

Passei a mão no cabelo andando de um lado para o outro, estava na frente da casa do pipoca, ele iria comigo. Eu cheirei não sei quantos de pó, fumei não sei quanto de maconha, eu só sei que eu tô puta, bolada de um jeito que eu nunca fiquei, só tô escutando aquela porra lá de baixo repetindo que eu tenho que matar ele da pior forma, ele fala pra mim destroçar o cara, e é isso que eu vou fazer.

Continua andando de um lado pro outro, suando frio, passando a mão no rosto, no cabelo não consigo ficar parada. Até que uma mão toca meu ombro e eu pego na minha arma, não consigo levantar ela porque o pipoca pegou a minha mão a tempo.

— Tu tá droga filha da puta? Que porra é essa Naty? - perguntou preocupado, ele me conhece a muito tempo e fazia anos que ele não me via desse jeito.

— Tu vai comigo pegar o filho da puta do pavê, vou matar aquele caralho hoje Ramón, vou mandar o filho da puta pro inferno - passei a mão na boca e ele falou comigo de novo, dessa vez pedindo pra mim queima ele, e eu vou fazer de tudo.

— Me explica porra, olha pra mim - segurou meu rosto - oque ele fez?

— Ele machucou a Bianca, a minha Bianca porra!

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