Capítulo 6: Eu sou o Steven.

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Meu rosto pegou fogo, enquanto eu fechava meus olhos com força e tentava apagar aquela imagem da minha cabeça. Mas certamente eu não conseguiria. Não depois de ver tudo aquilo na minha frente.

—Meu Deus digo eu! —O rapaz murmurou, soltando uma risada. —Eu achei que a casa estava sendo assaltada.

—Isso na sua mão é um canivete? —Indaguei, porque havia visto algo metálico na mão dele e tinha certeza que era um.

—Sim, se fosse um bandido eu tinha que ter algo pra me defender. —Afirmou, enquanto eu ainda estava com os olhos fechados, imóvel sobre a cama. —Por que você está olhando pra parede?

—Você está só de toalha! —Exclamei, soltando o ar com força, sentindo meu rosto esquentar.

—Eu estava no banho quando ouvi seu grito. Não tive tempo de por uma roupa. —Afirmou, enquanto eu descia da cama com cuidado para não olhar na direção dele.

—O que era aquilo? —Indaguei, lembrando da coisa que estava correndo pelo meu quarto.

—Era o Elvis, nosso porquinho de estimação. —Falou, me fazendo soltar uma risada histérica.

—Elvis? —Que nome era aquele? —Por que vocês tem um porquinho de estimação?

—Eles são fofos, ué. É aqueles mini porcos que não crescem nunca. Você vai continuar olhando pra parede? —Indagou, enquanto eu encarava as cortinas ao lado da janela, tentando regular minha respiração afobada.

—Sim, você ainda está só de toalha! —Afirmei, escutando ele soltar uma risada.

—Tudo bem, então. —Olhei por cima do ombro, vendo ele girar o canivete na mão com uma destreza surpreendente e o fechar, antes de sair do quarto, desfilando só com aquela toalha e todas aquelas tatuagens. Esfreguei minhas bochechas quentes quando finalmente fiquei sozinha, soltando uma risada nervosa.

Caminhei até a porta do quarto quando ouvi o barulho de outra batendo. O rapaz estava saindo de um quarto no final do corredor, agora usando uma calça de moletom cinza e enfiava uma camiseta branca pela cabeça. Olhei para todas aquelas tatuagens nos braços e no peito dele antes de partes delas sumirem. Então ergui os olhos e vi que ele me observava com as sobrancelhas erguidas, coisa que me fez engolir em seco porque eu estava secando ele na cara dura.

Mas caramba, Deus tinha seus preferidos. Músculos, tatuagens, olhos claros, cabelos raspados e um rosto milimetricamente perfeito. Parecia ser um pouco mais velho que eu. Talvez 23 ou 24 anos. Só uma pessoa sendo cega para não notar tudo isso. Além do mais, eu havia acabado de levar um susto e ele invadiu meu quarto só de toalha. Como vou esquecer isso?

—Eu sou o Steven. —Ele parou na minha frente e estendeu a mão. Abri um sorriso nervoso e apertei a mão dele. —Você deve ser a Catalina.

—Isso. —Puxei a mão de volta, um pouco sem graça. —Desculpa pelo grito. Eu não sabia desse bichinho de estimação peculiar e ele me assustou.

—Tudo bem. Ele provavelmente estava escondido no seu quarto desde ontem. —Steven fez um sinal para que eu o seguisse lá para baixo. —Catalina, né? Um nome diferente. Gostei. —Senti meu rosto esquentar de novo, porque não estava acostumada a ouvir as pessoas dizendo aquilo do nada. A maioria das pessoas achava meu nome estranho. —É espanhola?

—Meus avós eram da Espanha. —Falei, seguindo ele até a sala, onde pude ver Elvis deitado no tapete na frente dos sofás. Um porquinho pequeno e gordinho. —Catalina era o nome da minha vó.

—Entendi. —Ele pegou o porquinho, vindo na minha direção com ele no colo, roncando de forma engraçada. —Elvis, essa é a Catalina. Cat, esse é o Elvis.

Ele me apresentou o porquinho, enquanto eu sentia vontade de rir. Olhei pra Steven quando percebi que ele havia acabado de me chamar de Cat e não de Lina, como a maioria das pessoas fazia. Não tive tempo de pensar sobre o fato, porque ele soltou o porquinho e ele saiu correndo da sala.

—A gente tem um coelho também. A Madonna. —Falou, me fazendo olhar pra ele com as sobrancelhas erguidas. Um coelho? —Mas ela fica lá fora. Coelhos fazem muita sujeira. As vezes a gente trás ela aqui dentro.

—Vocês não tem o animal de estimação mais comum? Tipo um cachorro ou um gato? —Indaguei, não sabendo o que pensar.

—Eu tenho um gato. —Ele abriu um sorriso enorme pra mim, fazendo meu estômago ficar cheio de borboletas. —O nome dele é Cruel. Ele está dormindo lá no meu quarto. Quer conhecê-lo?

—O seu quarto? —Falei sem pensar direito, arregalando meus olhos no segundo que entendi o que havia falado. —Quer dizer... eu não...

—O Cruel. —Steven soltou uma risada, balançando a cabeça negativamente. —Você é engraçada, Cat. O que você faz?

—Ah, eu estudo literatura e trabalho em uma livraria. —Falei, seguindo ele pela escada, percebendo que ele ia mesmo me apresentar ao gato. —E você? Pensei que todos fossem pra faculdade de manhã.

—Eu não. Não estou estudando. Tenho um estúdio de tatuagem. Trabalho depois do almoço até bem tarde, então de manhã eu estou em casa. —Ele entrou no seu quarto e eu observei as paredes cheias de desenhos de tatuagens grudados em cada canto. Olhei pra ele de novo quando ele se aproximou de mim com um gato cinza peludo no colo, que tinha uma cara de poucos amigos.

—Esse é o Cruel? —Cutuquei a cabeça do gato, soltando uma risada quando ele miou pra mim. —Ele é mais fofo que o Elvis.

—Que isso, Cat, assim você machuca o coração do pobre Elvis. —Steven afirmou, me fazendo rir. —E esse é o meu quarto, caso esteja interessada.

—Eu não... eu não estava... eu não pensei... —Comecei a gaguejar.

—Eu estava brincando, relaxa. —Ele riu e piscou pra mim, se afastando para soltar o gato na cama, com um sorrisinho no rosto. Meu coração errou algumas batidas e eu saí do quarto, precisando de ar se não ia desmaiar ali mesmo. —Se precisar de alguma coisa, Cat, pode me pedir.

Me virei, vendo que Steven estava escorado no batente da porta do seu quarto, me observando voltar para o meu, enquanto mantinha os braços cruzados na frente do peito. Cruel apareceu, se esfregando nas pernas dele antes de se sentar no chão ao lado dele e olhar pra mim com os olhos enormes.

—Obrigada. E desculpa de novo pelo susto. —Falei, tentando abrir um sorriso tranquilo, apesar de sentir que dentro de mim haviam fogos de artifício explodindo.

Ele sorriu pra mim, balançando a cabeça negativamente como se estivesse se divertindo internamente e então entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Soltei o ar que nem sabia que estava segurando, levando a mão ao peito para ter certeza que não estava infartando naquele momento.



Continua...

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora