Capítulo 26: Central Park.

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Peguei o capacete da bicicleta e o coloquei, vendo Steven tirar da garagem a bike de Yuri que ele havia pegado emprestada do mesmo mais cedo, quando ele estava saindo. Não consegui não rir quando ele colocou Cruel dentro da mochila e então a pôs no cesto da bike, a prendendo com cuidado ali para não cair.

—Você vai levar o gato? —Indaguei, soltando uma risada.

—Eu vou, ué. Ele vai gostar de dar uma voltinha no Central Park também. —Deu de ombros, com um sorriso enorme no rosto. —Gatos também gostam de passear, assim como os cachorros. Ou pelo menos o Cruel gosta. Quando a gente morava em Atlanta ele saia todo dia e ficava fora por horas e só voltava pra pedir comida.

—Ele provavelmente tinha várias namoradas pelos vizinhos. —Comentei, colocando minha mochila no cesto da minha bike, enquanto subia nela e observava Steven fazer o mesmo. —E o monte de filhos também.

—Tenho certeza disso. —Steven soltou uma risada, se virando pra olhar pra mim com as sobrancelhas erguidas. —Pronta?

Saímos com as bicicletas para a rua, pedalando lado a lado enquanto o vento batia contra nós. Meus cabelos estavam sendo jogados para trás, com a sensação de liberdade que eu sempre sentia quando estava andando de bicicleta. Eu havia aprendido desde cedo quando meu pai me deu minha primeira bicicleta e nunca mais parei. Era uma das coisas que eu mais gostava de fazer. Sair pedalando, sem ter certeza pra onde estava indo, apenas sentindo o vento contra mim.

Steven olhou pra mim com um sorriso enorme no rosto, que o deixava com os olhos todo iluminados e as bochechas rosadas. Isso fez meu estômago se encher de borboletas, porque eu nunca ia conseguir parar de achá-lo bonito, não importava quanto tempo se passasse.

—Quer apostar uma corrida? —Indagou, começando a pedalar mais rápido, enquanto erguia uma das sobrancelhas. Mordi o lábio, sentindo meu coração acelerar em expectativa quando balancei a cabeça positivamente. —Tudo bem, se você chegar primeiro, vai querer o que?

—Certo, quero conhecer seu estúdio de tatuagens. —Falei, sem nem pensar direito. Queria conhecer cada parte de Steven e sabia que essa era uma muito importante, já que era literalmente o trabalho dele.

—Hm, certo, eu não estava esperando por isso. Mas eu te levaria lá apenas se me pedisse, sabia? —Ele riu quando eu apenas dei de ombros. —Ok, então, se eu chegar primeiro, vou querer um beijo.

—O que? —Soltei uma respiração pesada, quase tombando com a bicicleta quando fui olhar pra ele. Mas Steven apenas riu e disparou  na minha frente, enquanto eu ainda estava em estado de choque pelo que havia acabado de escutar.

—Você tá ficando pra trás, Cat. —Ele gritou, me fazendo pedalar mais rápido para tentar alcançá-lo.

—Isso não vale. Você não disse que já estava valendo! —Mas ele apenas gargalhou e foi ainda mais rápido, me fazendo desejar derruba-lo daquela bike.

[...]

Desci da bike, vendo Steven com um sorriso presunçoso no rosto enquanto colocava o peitoral em Cruel, prendendo a guia nele para que o mesmo não acabasse se perdendo ali, naquele parque enorme.

—Parece que eu ganhei. —Comentou, deixando Cruel no chão e jogando a mochila nas costas.

—Isso não valeu. Você roubou na cara dura. —Afirmei, cutucando ele nas costelas quando passei pelo mesmo, puxando a bike.

—Eu roubei? Que isso, Cat. Venci de forma justa. Você que é uma péssima perdedora.

Ele veio atrás de mim, rindo como se tivesse ganhado na loteria. Bufei em descrença, deixando minha bike no suporte de bicicletas ali. Steven fez o mesmo, antes de me seguir pelo gramado para perto de um dos lagos do Central Park. Me sentei na grama, deixando a mochila do meu lado, enquanto observava Cruel se deitar na grama e virar de barriga pra cima, se esfregando todo ali.

—Viu, o Cruel ficou feliz por ter vindo. —Steven se sentou ao meu lado, enquanto eu soltava uma risada. —Ei, eu vou te levar no estúdio, mesmo que você tenha perdido.

—Eu não perdi. Isso não valeu. —Olhei pra ele de cara feia. —Você roubou, cara!

—Roubei onde, exatamente? —Ele tombou a cabeça de lado e me encarou.

—Você não avisou que já estava valendo, além de já estar muito mais à frente de mim quando disse o que queria! —Acusei, fazendo ele soltar uma gargalhada.

Empurrei Steven pelo ombro, mas ele apenas se deitou na grama ainda rindo, me fazendo morder o lábio para conter a risada que queria sair de mim, porque ele parecia tão diferente ali. Alegre e ainda mais bonito com o sol batendo no rosto enquanto estava deitado na grama, com as tatuagens dos braços todas a mostra.

—Que tal a gente considerar um empate então? —Steven parou de rir, virando a cabeça para o lado para me observar. Desviei os olhos na mesma hora, sentindo meu coração disparar e meu rosto esquentar quando percebi que estava encarando ele por tempo demais.

—Gosto de empates. Ninguém sai perdendo e todo mundo sai feliz. —Murmurei, enrolando uma grama com o dedo. Steven ficou em silêncio, olhando para o céu azul sobre nós, enquanto o Central Park era tomado por sons de pássaros, crianças, cachorros e risadas das pessoas que passeavam por ali naquele horário da manhã.

Me deitei na grama ao lado dele, vendo que Cruel estava se aventurando mais perto do lago, enquanto Steven enrolava a ponta da guia no pulso, para não soltá-la sem querer. Ele não disse nada quando fiquei deitada ao lado dele, esticada na grama enquanto também encarava o céu. Meus olhos se fecharam quando o sol saiu da sombra das árvores e bateu no meu rosto, aquecendo minha pele.

—Você está feliz, Cat? —A voz de Steven parecia hesitante. Eu sabia o porque daquela pergunta, já que na primeira semana, antes do fatídico dia do cemitério, eu não estava feliz e muito menos triste. Eu estava apenas vazia. Não havia nada dentro de mim mais. Ou pelo menos eu achava que não.

—Sim, eu estou feliz. —Falei baixinho, sentindo a mão de Steven roçar na minha sobre a grama, com cautela, como se estivesse com medo de me assustar. Mas quando ele tocou minha mão de fato, entrelaçando nossos dedos sem dizer uma palavra, fazendo minha respiração se acelerar e meu coração quase explodir, eu entendia que Steven sabia que grande parcela da minha felicidade era por causa dele.

Nenhum de nós dois disse mais nada, enquanto ficávamos deitados ali, um do lado do outro com as mãos entrelaçadas. E o frio imenso na minha barriga naquele momento me dava certeza de que Steven era o único que podia quebrar meu coração, porque eu estava gostando dele mais do que deveria.



Continua...

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