Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2

Capítulo 25: Eu não invadi dessa vez.

Não sabia se dava pulos de alegria ou chorava, porque não estava esperando por nada daquilo. Sabia que eles estavam aprontando alguma coisa, mas não aquilo. Tinha certeza que Steven não voltaria na casa do meu pai depois do que aconteceu, mas ele voltou.

Fechei a porta, caminhando pelo quarto até as fofos na grade pendurada na parede. Meu coração errou algumas batidas quando vi a foto onde eu ainda era só um bebê, no colo da minha mãe, enquanto meu pai a abraçava e dava um beijo no topo da minha cabeça. Era a época mais feliz da minha vida. Todos os anos ao lado dos dois. Mas então ela partiu e agora foi o meu pai. Não havia restado nada pra mim além daquelas lembranças.

Ouvi a gargalhada de Jane no andar de baixo, erguendo as mãos para secar as lágrimas que nem havia notado que já estavam escorrendo pelas minhas bochechas. Não demorou pra que Jane, Ella e Yasmin aparecessem na porta do meu quarto, usando pijamas e com tudo que havíamos comprado no mercado em mãos.

—Você ainda nem colocou o pijama? —Ella murmurou, enquanto as três abriam sorrisos muito, muito grande pra mim.

—Vocês sabiam que ele ia fazer isso? —Indaguei, gesticulando para as coisas no meu quarto.

—Bem, nós sabíamos sim. Steven pediu pra gente te tirar de casa e ir fazer algo legal, enquanto ele e os rapazes iam até sua antiga casa pegar as coisas que você não tinha conseguido pegar. —Yasmin deu de ombros, parecendo um pouco envergonhada. —Sentimos muito pelo seu pai, Lina. Tenho certeza que onde quer que esteja, ele está pensando em você.

—Obrigada. —Falei, quase sem fôlego, vendo elas soltarem as coisas sobre a cama e virem me abraçar quando não consegui segurar as lágrimas. —Obrigada de verdade por isso. Vocês não fazem ideia do quanto... do quanto isso foi importante pra mim.

Elas me espremeram em um abraço, com braços e testas de batendo sem querer. Mas não me importei com isso quando me senti muito melhor do que havia me sentido desde que tudo aconteceu.

—Não precisa agradecer nada. —Ella deu um peteleco no meu nariz. —Apenas pare de fugir da gente. Queremos ser suas amigas e você não está facilitando isso nem um pouco.

Soltei uma risada, deixando que elas se afastassem antes de começar a secar as lágrimas com a manhã da blusa que eu usava. As três ainda estavam olhando pra mim, sorrindo e parecendo um pouco chorosas também.

—Dessa surpresa você gostou então? —Jane ergueu as sobrancelhas, e eu mordi o lábio para esconder o sorriso enorme que queria se formar no meu rosto.

—Sim, dessa surpresa eu gostei muito. —Afirmei, sabendo que precisava agradecer muito aos outros e principalmente ao Steven.

[...]

Não sei que horas ao certo eu fui dormir. Ficamos fazendo maratona de filmes enquanto comíamos todas aquelas besteiras até muito, muito tarde. Lembro que as meninas saíram do meu quarto de madrugada, quando todas nós já estávamos desmaiando. Dormi em segundo e não tive um único sonho ruim.

Na manhã seguinte, acordei mais tarde do que estava acostumada, com Elvis roncando em baixo da minha cama como uma motosserra. Queria jogá-lo pela janela quando percebi que ele havia dormido embaixo da minha cama, sobre umas roupas que eu havia jogado no chão na noite anterior.

—Acho que você precisa de um quarto só pra você, Elvis. —Afirmei, depois de pegar o mini porco no colo, que esfregou o focinho gelado na minha mão. —Assim você não vai acordar ninguém com esses seus roncos esquisitos.

Desci pra sala com ele no colo, indo para o cantinho onde eu sabia que ficava a comida dele. Enchi seu pote, colocando mais água, antes de perceber o quão silenciosa a casa estava. Fui até a cozinha pra preparar meu café, parando ao olhar pela janela que dava para o jardim dos fundos e ver Steven sentado lá, com Madonna no colo.

Mordi o lábio, porque sabia que precisava falar com ele mais cedo ou mais tarde. Então passei as mãos pelos meus cabelos desgrenhados, tentando deixá-los o mais apresentáveis possível, antes de alisar meu pijama cinza cheio de nuvens e ir pro jardim até onde ele estava.

—Bom dia, Cat. —Steven ergueu os olhos assim que a porta doa fundos se fechou atrás de mim. Seus olhos estavam franzidos pelo sol que pegava no seu rosto, mas eu podia ver a diversão que estava ali, junto com o sorriso curto que ele abriu.

—Se você quer ir pra cadeia, pode simplesmente me dizer, sabe? Posso ir lá abrir uma queixa qualquer contra você. —Falei, me sentando ao lado dele do banco, enquanto o via rir e negar com a cabeça. —Você voltou lá e ainda levou os outros.

—Eu não invadi dessa vez. —Afirmou, girando o rosto pra me olhar, enquanto dava de ombros. —Como não sabia se aquele cara do outro dia estava lá, pedi para o Nic falar com aquele motorista sobre suas coisas.

—O Jimmy? —Indaguei, observando Steven balançar a cabeça que sim.

—Nic disse que éramos seus amigos e que tínhamos ido lá pegar algumas coisas suas. Sua madrasta e nem aquele cara estavam lá. —Steven abriu um sorriso maior. —Então a gente subiu e pegou tudo que dava antes dela chegar, com a ajuda do Jimmy e de uma das empregadas e fomos embora. Nada de invasão dessa vez, Cat.

—Não acredito. —Falei, fechando meus olhos por alguns segundos, antes de voltar a encarar Steven. —E a bicicleta? Você a pegou de manhã.

—Ah... —Ele deu de ombros, soltando uma risadinha enquanto mordia o lábio. —Certo, então talvez tenha tido uma invasão antes disso.

Dei um tapa de leve no ombro dele, soltando uma risada com sua expressão divertida. Meu estômago se encheu de borboletas quando Steven ficou apenas me observando com um sorriso nos lábios, enquanto os olhos estavam curvados pelo sol e as bochechas cheias e vermelhas.

—Obrigada por ter feito isso. Pelo advogado e pelas minhas coisas. —Sussurrei, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, enquanto desviava os olhos dele para os meus chinelos, me sentindo subitamente sem graça. —Você não tem ideia de como isso é importante pra mim.

Ele segurou minha mão que estava sobre minha perna, acariciando as costas dela com o polegar, fazendo meu coração disparar e meu rosto esquentar.

—Acredite, Cat, eu sei. —Ele se inclinou para perto de mim, fazendo minha respiração falhar ao senti-lo tão perto de mim. —Quero te levar em um lugar agora de manhã.

Continua...