Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2

Capítulo 44: Quero visitar uma pessoa.

Eu fiquei de pé, encarando Steven sem sequer piscar, tentando entender o que ele estava dizendo. O que ele estava sugerindo.

—Você... não, espera. Ela não faria isso. Ela não... —Eu parei, sentindo meu coração doendo dentro do peito, porque eu sabia que ela faria. Ela faria tantas coisas. —Ela fez de propósito? Ela... ela pretendia entupi-lo de remédios até ele...?

Steven ficou de pé na minha frente, segurando meu rosto quando eu comecei a respirar fundo, sentindo minha cabeça girar e girar. Eu provavelmente cairia dura no chão se ele não estivesse ali, porque não estava acreditando no que estava ouvindo e no que estava pensando.

—Steven... —Ele me encarou com preocupação, enquanto eu sentia as lágrimas queimando nos meus olhos. —Ela não fez isso, fez? Ela realmente...? Por favor... por favor me diz que ela não fez isso. Me diz que você só está brincando ou que eu estou entendendo tudo errado.

—Eu sinto muito. Eu não estou brincando, Cat. Luc tem 90% de certeza sobre isso, ele só precisa de provas agora. —Ele me abraçou, escondendo meu rosto no peito dele, enquanto eu respirava fundo, com o coração tão acelerado e o corpo em estado de choque. —Ele me ligou e me contou. Ele não sabia como dizer a você então...

—Aquele dia, quando eu dormi pela primeira vez no seu quarto... foi naquele dia, não é? Quando ele contou a você? —Indaguei, com a voz não passando de um sussurro.

Mas ele balançou a cabeça que sim, escorando o queixo no topo da minha cabeça enquanto me abraçava apertado, como se eu fosse me desmanchar a qualquer segundo. E eu certamente iria. Porque meu coração estava batendo tão rápido e tão forte que eu sentia meu peito doer e algo desagradável na boca do meu estômago, como se eu estivesse prestes a vomitar.

—Ela... —Eu fechei os olhos com força, tentando conter as lágrimas quando elas escorreram pelas minhas bochechas e um soluço escapou pelos meus lábios. —Meu pai a amava, Steven. Meu pai a amava de verdade e ela fez isso. Meu pai deu tudo a ela... —Eu solucei, tremendo enquanto as lágrimas caiam sem parar. —Isso não pode estar acontecendo. Isso simplesmente não pode ser verdade!

Ele me abraçou com força, enquanto aquela informação girava na minha cabeça. Minhas lágrimas não paravam de cair, molhando a jaqueta de Steven, enquanto meu estômago se revirava diversas vezes. Eu havia morado com aquela mulher parte da minha vida e agora comecei a perceber que ela não era nada do que pensávamos. Do que meu próprio pai pensava.

—Luc vai dar um jeito nisso, Cat. Confia em mim, sua madrasta vai pagar por tudo isso. —Prometeu, enquanto eu apertava meus olhos fechados com força, puxando o ar enquanto meu coração doía. —Ela vai perder tudo que ela queria e ainda vai ser presa por todas essas coisas. —Eu o afastei, fazendo uma careta, sentindo meu sangue tão frio. —Cat?

—Ela vai perder tudo? —Falei, mesmo que aquilo soasse mais como uma pergunta do que uma afirmação.

—Bem, sim. Se Luc conseguir provar que ela realmente fez isso pra ficar com o dinheiro do seu pai, provavelmente ela vai perder a parte que tinha direito como esposa e você vai ficar com tudo. —Afirmou, enquanto eu processava aquilo, com uma lembrança se fixando na minha cabeça. —Cat, o que foi?

Eu limpei minhas lágrimas com força, esfregando minhas bochechas até elas arderem, enquanto me afastava de Steven, sentindo minha cabeça girar.

—Foi ela. —Afirmei, fazendo Steven existir uma careta. —Os cookies, foi ela. Ela sabe que eu tenho alergia. Aquele cara... segurança ou sei lá o que ele é estava lá aquele dia. —Steven ficou imóvel, me encarando com uma expressão séria. —Steven, ele sumiu no momento que aquele garoto apareceu. Aquela aparição não fazia sentido nenhum. Mas agora faz. Foi ela. Ela tentou fazer a mesma coisa comigo, Steven!

—Catalina! —Ele tentou me segurar quando fez menção de voltar pro carro. —Vamos contar isso pro Luc...

—Eu quero ir pra casa do meu pai. —Afirmei, observando a expressão surpresa que se abriu no rosto dele. —Quero falar com ela.

—Não acho que seja uma boa ideia. Cat, Luc vai lidar com isso e...

—Eu quero ir até lá! —Exclamei, me afastando dos braços dele quando ele tentou me segurar. —Ela matou o meu pai, Steven! Ela o matou e tentou me matar!

—Eu sei, mas ir até lá confrontar ela não vai ajudar em nada. —Steven me seguiu quando caminhei em direção ao carro dele, sentindo meu coração martelando dentro do peito. —Cat, por favor, me escuta. Se você ir lá, ela pode dar um jeito de usar isso a favor dela. Luc pode provar isso. Ele só precisa de tempo.

—Você não entende. —Sussurrei, sentindo algo se partir dentro do meu peito quando pensei em todas as vezes que fiquei sozinha naquele cemitério. Em todas as noites em claro que passei chorando. Tudo porque Leah queria dinheiro. —Ele teria dado todo dinheiro pra ela. Ele teria feito isso.

—Ei, eu sinto muito. Eu sinto muito de verdade. —Ele me abraçou por atrás quando cheguei ao carro e tentei abrir a porta. —Por favor, Cat, não me peça pra te levar lá. Isso não vai te fazer bem. Por favor.

—Eu posso ir sozinha. —Falei, afastando as mãos dele de mim, percebendo o quão tenso ele estava quando me virei para encara-lo. —Você deveria ter me contato antes.

—Eu não sabia como. E eu estava com medo disso. —Ele apontou pra mim. —Dessa mesma reação. Eu estava com medo daquela Catalina fechada e deprimida que eu conheci. —Ele segurou meu rosto, enquanto tudo que eu conseguir fazer era sentir um vazio enorme dentro de mim. —Me deixa cuidar de você, Cat. Podemos fazer outra coisa. Podemos ir pra outro lugar. Eu não vou deixar você sozinha e também não vou permitir que vá até la. —Afirmou, me fazendo fechar os olhos quando absorvi o tom de voz agoniado dele. —Não quero que se machuque mais, Cat. Por favor, eu te levo pra qualquer lugar. Qualquer lugar mesmo. Mas não me peça pra te levar lá.

Eu hesitei, sentindo meu coração se quebrar mais um pouco, enquanto a vontade de chorar voltava com tudo.

—Qualquer lugar?

—Qualquer lugar. —Afirmou, e eu pensei na coisa que mais desejava fazer naquele momento.

—Quero visitar uma pessoa. —Falei, vendo-o balançar a cabeça, me olhando com cautela. —Mas vamos precisar de duas passagens de avião.

Continua...