Capítulo 47: Nada de tristeza.

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Não sei quanto tempo fiquei sentada na frente do túmulo da minha mãe, apenas observando o nome dela e as rosas que havia deixado pra ela, sentindo meu coração apertado, ao mesmo tempo que me sentia muito melhor do que estava desde que havia descoberto o que minha madrasta provavelmente fez.

Steven ficou ao meu lado o tempo todo e depois nós dois fomos embora caminhando, de mãos dadas, apenas observando o sol se pondo no horizonte, em meio às montanhas congeladas de Aspen. Dessa vez não conversamos, porque eu precisava ficar em silêncio e Steven parecia entender isso.

Mas quando chegamos no café de Ian, eu estava pronta pra começar de novo. Pra deixar as coisas ruins que estavam me incomodando para trás. Não queria me afundar em uma sentimento ruim e deixar isso acabar com a minha vida. Minha madrasta iria ter o que merecia, mais cedo ou mais tarde. Eu confiava em Luc quanto a isso.

Entramos no café, acenando para Ian que estava do outro lado do balcão, com um donuts na boca. Ele acenou de volta, gritando o nome de um atendente, fazendo eu e Steven rirmos antes de ocuparmos uma das mesinhas que havia ali. O estilo anos 80 do café era a coisa mais adorável de todas e acolhedora.

—Como está meu casal favorito? —Ian surgiu, se sentando ao meu lado e passando o braço pelos meus ombros.

—Muito bem. Já estive no cemitério, então... —Dei de ombros, vendo-o exibir um biquinho triste e dar um beijo na minha bochecha.

—Isso acontece, florzinha. Uma coisa que aprendemos com a vida é que ela passa muito rápido. Sentir saudade de alguém que já partiu é algo que vai nos acompanhar até nosso final. —Ele sorriu, e piscou pra mim. —No meu enterro, quero que vá de roupa colorida e me leve flores alegres, ok? Nada de tristeza.

Soltei uma risada junto com Steven, deixando um beijo na bochecha de Ian. Não via meu primo a muito tempo, mas ele era um dos meus familiares que mais mantinha contato. Ele era um raio de sol para todas as pessoas que o conheciam e não era diferente pra mim.

—Obrigada por deixar que nós dois ficássemos no seu apartamento. Vamos embora amanhã, mas foi bom rever você. —Afirmei, dando um empurrão de leve no seu ombro.

—Que isso, Lina, fico feliz que tenha vindo fazer uma visita. Minha vida andava meio monótona. —Ele olhou para Steven. —E ainda trouxe um namorado. Vai ser a fofoca da semana na família.

—Então sua família é fofoqueira? —Steven olhou pra mim com as sobrancelhas erguidas.

—Toda família é fofoqueira. —Falei, dando de ombros quando ele riu. Ian deu outro beijo na minha bochecha e se afastou, indo falar com uma garota de pele negra e cabelos volumosos que havia acabado de entrar no café, com uma pilha de jornais na mão. —Quer dar uma volta na cidade depois que comermos algo?

—Claro. —Ele me olhou com um brilho nos olhos que fazia meu coração acelerar. —Da próxima vez, vamos viajar pra Atlanta e eu vou mostrar a cidade a você.

—Gosto da ideia. —Comentei, fazendo meu pedido quando uma moça se aproximou com um bloquinho. Steven fez o dele, antes de trazer a mão até a minha e a segurar sobre a mesa. Nós dois ficamos nos olhando, como se nós dois tivéssemos muitas coisas a dizer um ao outro e estivéssemos esperando pra ver quem tomaria a iniciativa primeiro.

—O que foi? —Falei, apenas para vê-lo abrir um sorriso de orelha a orelha, que deixou suas bochechas tão cheias e rosadas, enquanto os olhos estavam pequenos e iluminados.

—Você é linda.

[...]

As ruas de Aspen estavam iluminadas, enquanto eu e Steven passeávamos de mãos dadas, observando as lojas que ainda estavam abertas e as pessoas na rua. Estava levando ele para uma praça que havia perto do café de Ian, sentindo meu coração muito mais leve.

—Você está tão quieto. —Falei, sentindo meu estômago cheio de borboletas, tamanha a minha ansiedade. —Se arrependeu de ter vindo?

—Não me arrependo de nada que envolve você, Cat, achei que já tivesse percebido isso. —Ele piscou pra mim e sorriu, fazendo meu coração disparar. —Eu já fui te salvar de um cemitério, invadi a sua casa duas vezes, além daquela nossa fuga até o metrô da primeira vez. —Eu soltei uma risada, balançando a cabeça em incredulidade. —Contratei um advogado. Carreguei suas coisas pro meu quarto sem você saber e você quase me matou do coração tendo uma crise alérgica como aquela. Viajar com você agora é a melhor coisa que poderia estar acontecendo. —Ele me encarou quando chegamos a praça, parando na minha frente. —Você se arrepende de alguma coisa?

—Não, mas eu queria ter conhecido você de uma forma diferente de como foi, porque não queria ter perdido meu pai. Mas não me arrependo de nada também. —Afirmei, engolindo em seco quando encarei os olhos carregados dele. —Provavelmente nunca teríamos nos conhecido se não fosse assim, né? —Ele tocou meu rosto, fazendo meu coração acelerar mais ainda e um frio imenso surgir na minha barriga. —Você nunca entraria naquela livraria onde eu trabalho e eu nunca entraria no seu estúdio de tatuagem.

—Eu não acredito nisso. —Ele encostou sua testa na minha, tocando minha cintura de leve com a mão livre, enquanto nossas respirações se cruzaram e meu coração batia freneticamente dentro de mim. —Porque eu sei que teria dado um jeito de te encontrar, Cat. Se não fosse na livraria ou no estúdio, seria de outra forma. Eu teria esbarrado com você na rua. Talvez visto você passeando com sua bike. Teria encontrado você fazendo compras no supermercado. Ou até mesmo algum amigo tivesse nos apresentado. —Ele sorriu pra mim, um sorriso tão lindo que aqueceu meu peito. —Mas eu teria encontrado você em algum lugar, em algum momento, porque eu sou tão, tão apaixonado por você, que eu sei que você cruzaria meu caminho e eu olharia pra você e sentiria o mesmo que sinto agora. —Afirmou, enquanto seu polegar acariciava minha bochecha. —Não queria estar em outro lugar que não fosse aqui, ao seu lado. Eu amo você, Cat. Amo você.




Continua...

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora