Capítulo 27: Estúdio de tatuagem.

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Depois de algum tempo no Central Park, Steven me acompanhou até a livraria, antes de se despedir e voltar pra casa. Passei a manhã toda no estado automático, fazendo o que precisava fazer, mas com a mente longe demais. A noite ele iria me levar até o estudo de tatuagem e amanhã no final do dia eu teria que ir até o escritório de Luc. Isso estava me deixando um pouco mais ansiosa que o normal.

—Está no mundo da lua, querida? —Ava passou por mim, dando dois tapinhas no meu ombro. —Um tatuador em específico tem mexido com a sua cabeça?

—Você não vai esquecer daquela nossa conserva, né? —Soltei uma respiração pesada quando ela deu uma risadinha e se afastou. —E só pra você saber, estamos super amigos.

—Ah, é mesmo? —Ela ironizou. —O amor da minha vida também era meu melhor amigo. Uma coisa sempre leva a outra, Lina.

—Você não tem uma livraria pra administrar, não? —Falei, querendo jogar um livro nela quando a mesma apenas riu e se afastou de mim.

Mas mesmo quando fiquei sozinha não consegui não pensar em Steven e tudo que ele estava fazendo por mim nos últimos dias. Além da amizade que eu estava conseguindo vivendo naquele casarão com aquelas pessoas meio maluquinhas. As vezes eles pareciam mais uma família do que um grupo de amigos. Eram perfeitos.

Olhei para a entrada da livraria quando o sino tocou, sentindo meu sangue gelar quando minha madrasta entrou ali. Corri para trás do balcão antes que ela me visse, assustando Ava quando me abaixei ali atrás. Abracei meus joelhos, antes de fazer um sinal para Ava. Ela olhou para a entrada da livraria e assentiu, fazendo uma careta quando viu quem era.

—Sra. Scott, precisa de ajuda? Procurando algum livro em específico? —Ava indagou, ajustando o óculos no rosto enquanto digitava algo no notebook. Leah não podia me ver ali, abaixada atrás do balcão, mas eu vi a sombra dela quando a mesma parou do outro lado.

—Onde está a Catalina? Preciso falar com ela. —Leah murmurou, com um tom de voz repleto de arrogância. Ava comprimiu os lábios em reprovação ao tom, balançando a cabeça negativamente.

—Ela não trabalha mais aqui. Pediu demissão depois que o pai faleceu. —Ava tirou a atenção do notebook para minha madrasta. —Me surpreende você não saber onde ela está e que não trabalha mais aqui, já que vocês moram sobre o mesmo teto.

—Ela saiu de casa depois do falecimento do pai também. —Leah estalou a língua. —Jovens sempre fazendo coisas idiotas sem pensar. Agora está sem casa e sem emprego? Imagine só onde ela não vai parar desse jeito.

Meu sangue ferveu, porque ela estava agindo como se eu fosse uma adolescente rebelde que fugiu de casa, quando na verdade ela que me expulsou sem qualquer empatia e vergonha na cara. Leah podia ser mil vezes pior do que eu imaginava. Quando eu pensava que ela não podia ser pior, ela mostrava que eu estava completamente errada.

—Tenho certeza que Lina está bem. Ela é uma garota inteligente e esperta. Deve estar se virando. —Ava murmurou, parecendo tão brava quanto eu naquele momento. —Se me der licença, tenho que voltar ao trabalho.

Leah não disse nada, mas eu vi sua sombras desaparecer aos poucos, antes da voz dela soar longe quando a mesma atendeu o celular. Fechei meus olhos e escondi entre meus joelhos quando o sino tocou, avisando que ela havia saído da livraria. Ava se abaixou ao meu lado na mesma hora, passando os braços ao redor de mim para tentar me confortar.

[...]

A rua do estúdio de tatuagem era bem movimentada, além do próprio estúdio estar um pouco cheio naquele horário da noite. Steven estacionou o carro e desceu do mesmo juntando sua mochila no banco de trás, enquanto eu descia também, olhando para a fachada do prédio.

—Então é aqui que você se esconde toda noite? —Indaguei, escutando a risada de Steven antes dele parar ao meu lado.

—Bem-vinda ao Riley's. —Steven indicou com a cabeça. —Vem, eu tenho algumas tatuagens pra fazer essa noite. Pode ficar me observando.

—Posso fazer uma tatuagem também? —Indaguei, entrando no estúdio atrás dele.

Steven fechou a porta atrás de nós e alguns dos caras e mulheres que tatuavam ali olharam na nossa direção. Alguns acenando em comprimento para Steven e depois me lançando um olhar curioso e maroto ao mesmo tempo. Não fiquei envergonhada com isso, porque estava ocupada demais sorrindo para Steven quando ele abriu a mochila e deixou que Cruel saltasse para o chão, antes de ir passear por ali, chamando a atenção dos clientes e tatuadores.

—Que tatuagem, exatamente, você quer fazer? —Steven me olhou com as sobrancelhas erguidas. —E onde?

—Por que a pergunta? Tá com medo de eu querer uma tatuagem na bunda? —Indaguei, soltando uma risada quando ele me lançou um olhar afiado. —Isso é um problema pra você, Steven?

—Na verdade, não. Mas eu preciso saber se quem vai fazer a tatuagem sou eu ou outra pessoa. —Afirmou, caminhando até uma pequena escada que dava para uma salinha, que parecia um tipo de escritório. —Não vou deixar algum cara daqui ver sua bunda.

—Ah, e você pode? —Fechei a porta atrás de mim, vendo-o se sentar na cadeira atrás de uma mesa cheia de papéis e um notebook, se recostando para trás e dando de ombros com uma expressão tranquila.

—Eu sou seu amigo. —Ele sorriu inocentemente.

—Aham, amigo. Eu prefiro um estranho olhando minha bunda do que você. —Afirmei, fazendo ele soltar uma risada descrente.

—Assim você me magoa, Cat. —Ele piscou várias vezes pra mim, exibindo uma expressão amistosa. —E caso não se lembre, estou pagando minha parte da aposta de hoje cedo. Você ainda não pagou a sua.

—Você não estipulou um prazo de pagamento. —Dei de ombros, sentindo meu coração dar um solavanco dentro do meu peito, como se quisesse explodir, porque Steven tinha ficado de pé, passando pelas janelas de vidro que mostravam o estúdio lá embaixo e fechando as persiana para que ninguém nos visse ali. —Você tá fechando as persiana porque pretende me assassinar com aquele canivete sem que ninguém veja?

—Por quê? —Ele ergueu as sobrancelhas, girando na mesa para se aproximar de mim. —Preciso trancar a porta pra que você não fuja também?

Ele parou na minha frente, me fazendo engolir me seco, enquanto meu coração estava disparado e aquelas malditas borboletas tomavam conta do meu estômago. Mal conseguia respirar pela expectativa que queimava nas minhas veias.

—Podemos voltar a questão da tatuagem na bunda? —Indaguei baixinho, me sentindo cada vez mais nervosa com a tensão gritante que havia ficado naquela sala. Mas Steven apenas riu, se inclinando para perto de mim.

—O prazo é até esse exato segundo, Cat. —Afirmou, encarando meus olhos sem piscar, antes de descê-los até minha boca. —E você me deve um beijo.


Continua...

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora