Capítulo 30: Tatuagem de dragão.

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Steven soltou minhas mãos, ainda com os lábios colocados nos meus. Minha primeira reação foi beija-lo de volta, antes de o abraçá-lo pelos ombros. Qualquer que fosse a questão de antes, havia desaparecido por completo enquanto ele me beijava. Os lábios dele continuavam tendo o mesmo gosto da primeira vez, parecendo ainda mais perfeitos. E eu percebi que poderia beija-lo o tempo todo.

Ele se afastou, beijando meus lábios uma última vez antes de se deitar ao meu lado, me puxando para perto de si. Não resisti a vontade e deitei minha cabeça no ombro dele, sentindo sua respiração pesada na minha testa. Tanto pela corrida como pelo beijo.

—Não fiz merda então? —Indagou, com os lábios roçando na minha testa. O braço que estava embaixo de mim se moveu, até a mão dele tocar meus cabelos.

—Desculpa por isso. Você não fez merda. —Afirmei, olhando para o céu que eu não havia notado que estava tão estrelado. —Eu só não sabia como agir depois daquele beijo.

—Sua maluquinha. —Meu estômago se encheu de borboletas quando Steven deixou um beijo na minha testa, abraçando minha cintura. —Eu deveria imaginar que você só estava fugindo mesmo.

—Sherlock Holmes já foi mais esperto, cara. —Falei, cutucando o peito dele com a ponta do dedo, sentindo ele vibrar quando Steven soltou uma risada. —Desculpa por fazer você pensar que tinha feito merda.

—Está tudo bem. —Ele se virou, ainda abraçado comigo, me fazendo ficar de lado na grama também. Foi impossível não sorrir com o brilho que havia nos olhos dele, como se ele estivesse aliviado e feliz. —Pode se desculpar me dando outros beijos. Sinto que é uma troca muito justa.

—Claro que é. —Resmunguei, escondendo meu rosto no peito dele e soltando uma risada. —Estamos bem, não é, Steven?

—Claro que estamos. Não fiquei bravo com você nem nada. Eu só estava confuso. —Ele segurou meu rosto, me obrigando a me afastar para olhar pra ele. —Só não foge de novo, Cat.

Ele sorriu ao ver algo no meu rosto, antes de se aproximar e me beijar de novo, afastando os cabelos do meu rosto e acariciando minha bochecha com o polegar. Acho que nada iria conseguir superar a sensação que eu estava sentindo naquele momento, deitada na grama ao lado dele, sentindo seus lábios nos meus. Nada podia ser melhor do que aquilo.

[...]

Peguei uma batata frita, enquanto percebi que Steven estava pensando no meu encontro com Luc, já que eu havia acabado de contar a ele como havia sido. Estávamos no seu quarto, deitados na cama depois de ele pedir comida pra nós dois. Ainda estava me acostumando com os beijos aleatórias que ele me dava, além dos toques gentis e carinhosos.

—Desculpa não ter te falado sobre o tal do Frank. Achei melhor mesmo o Luc te explicar do que eu. —Ele deu de ombros, balançando a cabeça negativamente. —Mas, Lina, isso significa que seu pai realmente não te deixou sem nada. Que ela mentiu e provavelmente roubou de você.

—Eu sei. Quanto mais penso nisso, mais percebo que isso é a cara da Leah. —Fiz uma careta, soltando uma respiração pesada. —Meu pai deve estar se revirando no túmulo. Minha mãe deve estar também. Sabe, nunca entendi porque ele se casou com a Leah. Acho que ele só estava se sentindo sozinho depois da morte da minha mãe. Mas ela não era nada parecida com a minha mãe. Ela era gentil, bondosa e simples. Leah vem com uma faixa escrito extravagância na testa!

Steven riu baixinho, provavelmente por conta da minha indignação, porque até eu queria rir daquele fato. Porque não fazia o menor sentido. Mas o mesmo tempo, sabia que meu pai tinha sido feliz com Leah. Não como foi com a minha mãe. Mas uma felicidade boa o suficiente.

—Algumas coisas são inexplicáveis. —Steven olhou pra mim, erguendo as sobrancelhas. —Inclusive, amanhã é sexta-feira.

—Estou liberada pra ir no cemitério agora? —Indaguei, vendo ele morder o lábio para não rir, provavelmente se lembrando do dia que eu fiquei presa lá.

—Sim. Posso ir te buscar na universidade. Depois vamos comprar comida, porque você provavelmente vai estar com fome. Então no caminho pro cemitério, mais tarde, a gente compra uma flores. —Murmurou, e eu percebi o quanto fazer aquele roteiro para amanhã estava sendo natural pra ele. Como se ele quisesse passar todo o tempo comigo. —Eu posso te deixar em casa depois ou você vem pro estúdio comigo. Tenho que retocar a tatuagem de uma cliente amanhã.

—De uma cliente? —Falei, soltando uma risadinha quando ele ergueu os olhos pra mim. —Ela andou fazendo uma tatuagem de dragão na bunda?

Ele soltou um gargalhada, enquanto eu apenas sorria e dava de ombros da forma mais inocente do mundo.

—Boa, Cat. Mas só pra você saber, não é na bunda. Ela fez um dragão entre os seios. —Afirmou, e a batata frita que eu havia acabado de engolir se entalou na minha garganta quando arregalei os olhos. Steven caiu na gargalhada de novo ao ver minha expressão, antes de eu pegar o travesseiro atrás de mim e tacar nele, o que o fez rir ainda mais alto.

—Você anda muito engraçadinho, né, Steven? —Sibilei, vendo que ele estava com o rosto vermelho de tanto rir.

—Foi você quem começou. —Ele deu de ombros, todo inocente. —Mas, não, nada de dragões. Ela tem uma águia nas costas. Já faz muitos anos que ela fez e precisa retocar as vezes. —Steven comeu alguns batatas, parecendo pensativo, antes de olhar pra mim. —Sabe que, normalmente, quando uma cliente mulher quer uma tatuagem nessas áreas específicas do corpo, eu passo a cliente pra uma tatuadora mulher. Tenho certeza que elas se sentem muito mais confortáveis.

—Então você também não faria uma tatuagem em mim como disse. —Falei, vendo ele soltar uma risada.

—A não ser que você estivesse falando sério sobre a área que quer fazer a tatuagem, não. —Ele tombou a cabeça de lado. —Você quer mesmo fazer uma?

—Eu não sei. Estou pensando no caso. —Mordi o lábio, pensando em algo que seria legal tatuar no meu corpo e que eu certamente não iria me arrepender. Não podia fazer algo e depois de um tempo não gostar mais. —Quer saber? Eu vou dormir. Tenho que ir trabalhar amanhã cedo e já fui dormir tarde ontem.

—Minha cama é bem grande, sabia? —Steven afirmou, assim que fiquei de pé, me fazendo rir.

—A minha também é. Grande, confortável e só pra mim. —Retruquei, abrindo a porta e olhando por cima do ombro, vendo a expressão de cachorro abandonado que estava no rosto de Steven.

—Nem um beijo do boa noite antes?

—Boa noite, Steven! —Exclamei, fechando a porta atrás de mim, sem conseguir conter o sorriso.



Continua...

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora