Capítulo 12: Quem fez isso com você?

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Caminhei pelo meio dos túmulos, me sentindo mal por estar indo ali de novo. Mas também me sentiria mal se não fosse. Parei em frente ao túmulo, encarando o nome do meu pai por alguns segundos, antes de me sentar e cruzar as pernas embaixo de mim. Deixei a rosa branca sobre as outras que estavam ali, que eu havia trazido nos dias anteriores. Algumas já mortas e outras no processo de murchar e morrer.

—Oi, pai, voltei. —Sussurrei, esfregando minhas bochechas com força. —Estou sentindo sua falta, como todos os dias que vim aqui. —Abri minha mochila, puxando meu celular, os fones e o livro que havia pegado na livraria. —Vou ficar um pouco com você, se não se importar.

Coloquei os fones e liguei a música, me ocupando em ler o livro. Na maioria das vezes, nem sabia ao certo o que tinha acabado de ler, coisa que me obrigava a voltar a página toda e recomeçar. Estava percebendo o quanto minha vida tinha se tornado triste naquele momento. Eu não estava fazendo absolutamente nada depois que meu pai morreu e também não sentia vontade sequer de fazer algo diferente do normal. Estava tudo cinzento e confuso pra mim.

Não vi as horas passarem. Fiquei passando e passando cada vez mais páginas do livro, absorvendo aquelas letras e frases até meus olhos ficarem cansados. Esfreguei meus olhos, me ajeitando melhor sobre a grama, antes de voltar a ler e ignorar o tempo ao meu redor.

Talvez eu devesse ter prometido a Ava que não iria no cemitério aquela noite. Mas tinha certeza que nem se tivesse prometido eu teria cumprido. Mas da primeira vez que perdi alguém, tinha meu pai para me apoiar. Agora eu não tenho absolutamente ninguém.

[...]

Abri os olhos lentamente, sentindo algumas gotas de chuva caírem na minha bochecha. Olhei ao redor, arregalando meus olhos e sentindo meu sangue gelar quando percebi que já havia escurecido. O cemitério tinha sido envolvido pela noite, enquanto a chuva começava a cair e alguns trovões clareavam o céu ao longe.

—Não, não, não, não... —Enfiei as coisas dentro da minha mochila, ficando de pé e correndo em direção a saída, enquanto tropeçava nos meus próprios pés. —Eu não acredito!

Meu coração disparou dentro do peito, enquanto eu pensava no quão burra eu havia sido naquele momento. Parei de andar, ficando imóvel quando encontrei os portões do cemitério fechados. Minha respiração se prendeu na minha garganta e eu disparei até lá, agarrando os dois portões e vendo que estavam fechados por uma corrente e um cadeado.

—Por favor, isso não pode estar acontecendo. —Puxei os portões com força, sentindo minha garganta arder e a adrenalina queimar dentro de mim, junto com o medo absurdo.

Não havia absolutamente ninguém na rua. A praça em frente ao cemitério estava vazia e os carros passavam longe demais para alguém sequer me ver ali. Olhei pra cima, vendo a altura do portão e as pontas das grades em cima, que serviam especificamente para impedir alguém de pular ali.

Abracei minha mochila, me virando para o cemitério, vendo aquelas sombras que formavam os túmulos e as árvores no meio da escuridão. Meu coração martelou no peito e eu dei um pulo quando um trovão cortou o céu, fazendo o chão tremer. A chuva começou a aumentar, fazendo meu corpo tremer. Sai da frente do portão e fui até o muro, me abaixando ali e puxando meu celular.

Fechei meus olhos com forças, sentindo as lágrimas arderem ali enquanto pensava em quem poderia chamar. Não tinha amigos próximos o suficiente para simplesmente ligar e pedir que fossem me tirar do cemitério. Jimmy certamente era uma opção, mas a lembrança da minha madrasta fazia meu estômago ficar embrulhado.

Abri o celular e entrei no grupo do casarão, observando o número de todos eles que eu havia salvado. Sabia que eles haviam saído e não queria estragar o encontro de ninguém. Abri o contato de Steven, erguendo o rosto para o cemitério quando outro trovão cortou o céu e me assustou. Minha respiração estava rápida e meu coração chegava a doer de tão rápido que estava batendo. Sem pensar cliquei no ícone de Steven e liguei pra ele.

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora