Estava com os fones de ouvido no volume máximo, me movendo pra lá e pra cá enquanto fazia meu café da manhã. Eu não era uma pessoa muito extrovertida, mas costumava me soltar bastante quando estava sozinha. Eu cantava no chuveiro? Sim, apesar de muito mal. Eu dançava quando ninguém estava olhando? Sim, mas muito mal também.
Desliguei a chaleira de água, provando meu omelete e fazendo uma careta quando percebi que estava sem sal. Estava dançando enquanto ia até o vidro de sal quando me virei e dei de cara com Steven escorado na entrada da cozinha me observando. Meu rosto esquentou na mesma hora, enquanto eu arrancava os fones de ouvido.
—Steven... ei, bom dia! —Gaguejei, vendo ele soltar uma risada e entrar de vez naquele ambiente.
—Bom dia! —Ele foi até o armário dele, procurando alguma coisa. —Tem certeza que você faz literatura?
—Tenho. —Hesitei, seguindo ele com os olhos quando o mesmo puxou uma caixa de cereal e foi até a geladeira. —Por quê?
—Você dança bem. —Ele deu de ombros, fazendo meu coração disparar dentro do peito. Ele só podia estar me sacaneando. Não havia outra coisa a se pensar sobre aquilo.
—Sei. —Falei, me voltando para minha comida, enquanto balançava a cabeça negativamente. —Você só está tirando uma comigo.
—Claro que não. Tô sendo super sincero, Cat. Só porque você dança em momentos aleatórios, não significa que seja ruim nisso. —Afirmou, e eu acabei sorrindo ao ouvir aquele apelido.
—Você desenha super bem. —Comentei, lembrando dos desenhos que havia visto no quarto dele. Coloquei meu omelete em um prato e fiz meu café, me juntando a ele na ilha da cozinha. Steven já estava devorando uma travessa de cereal enquanto me observava. —Como veio parar aqui? Quer dizer, uma casa de universitários e você no meio. Parece ser bem mais velho que eles.
—Eu sou. Tenho 24. Mas nunca tive oportunidade de ir pra faculdade. Nunca fui o cara mais inteligente na escola e tinha problemas em casa também. —Ele deu de ombros, parecendo não se importar com o fato. —Não sei se sabe, mas todo mundo aqui é de Atlanta e não de Nova Iorque. Eu tinha uma loja pequena de eletrônicos lá e trabalhava de tatuador a noite. Conheci o Nic a uns 4 anos atrás quando ele foi procurar emprego na minha loja. Viramos super amigos. —Ele empurrou a travessa vazia e só então percebi que tinha esquecido da minha comida pra ficar olhando pra ele. —Ele e os outros se mudaram pra cá quando entraram na universidade e eu fiquei perdido pra lá. Então resolvi vender minha loja, pedi demissão e vim pra cá. Abri meu próprio estúdio de tatuagem e vim morar com eles.
—Vocês são super amigos, né? O grupo todo. —Comentei, cutucando minha comida com o garfo, um pouco desanimada. Eu tinha amigos, mas não era nada comparado com aquilo.
—É, nós somos. E você faz parte do grupo agora. —Ele piscou pra mim quando ficou de pé para ir até a pia lavar a louça, fazendo meu coração disparar dentro do peito. Tinha que parar de ficar tão nervosa perto dele quando ele fazia isso. Era um pouco constrangedor. —Onde você foi ontem a noite? Ella disse que você saiu e voltou super tarde.
—Ah... —Mordo o interior da bochecha, pensando em uma desculpa boa o suficiente. Não queria falar sobre o meu pai e ter vários "sinto muito" e "coitadinha" sendo direcionadas a mim. —Eu fui visitar um amigo.
—Namorado? —Indagou, me fazendo erguer os olhos pra ele.
—Não, só amigo mesmo. —Falei, vendo ele olhar pra mim e balançar a cabeça positivamente, sem parecer muito convencido.
Steven saiu da cozinha sem olhar pra mim de novo e eu me remexi sobre o banquinho, pensando se havia falado alguma coisa errada ou não. Olhei para as escadas quando ele desceu alguns minutos depois, segurando seu caderno de desenho em um braço e o Cruel em outro, indo para o jardim.
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Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2
RomanceCatalina Scott não é a branca de neve, que come maçãs envenenadas e precisa que um príncipe encantado a salve. Mas quando sua madrasta a expulsa de casa logo após a morte do seu pai, alegando ter herdado tudo do marido, Catalina se vê obrigada a ir...