Capítulo 9: Branca de Neve.

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Minha semana virou um borrão com o mesmo ritmo todo dia. De manhã eu evitava Steven o máximo que conseguia, porque tinha certeza que minha quedinha por ele logo ficaria muito na cara e não queria passar vergonha. Então eu ia pra universidade a tarde e passava o período de todas as aulas lembrando da minha madrasta e de como eu queria poder voltar lá e berrar com ela.

Então no final da noite eu comprava uma rosa branca e ia pro cemitério. Costumava ficar sentada na frente do túmulo do meu pai por vários minutos até a noite cair. Sabia que não podia ficar fazendo isso pra sempre, mas era mais forte do que eu. Eu havia acabado de perdê-lo. Não era tão fácil assim ignorar a falta que ele estava me fazendo.

Mas então o final de semana chegou e eu sabia que na segunda precisaria voltar ao trabalho. Mas isso significava que eu ficaria o final de semana todo em casa, com todo aquele grupo de amigos que eu havia evitado me relacionar a semana todas. Eles são incríveis, não estou pensando o contrário. Mas não estou com cabeça pra formar amizades agora. Eu só estou aqui porque minha madrasta é uma pessoa horrível e insensível.

Estava pesquisando o nome dela na internet, vendo que não havia absolutamente nada além da morte do meu pai, no começo da semana. Soltei um suspiro pesado, fechando meu notebook com força. Pelo menos eu não andava mais chorando pelos cantos, agora só estava com raiva dela mesmo.

—Ei, Lina, tá viva? —Nicholas bateu na porta do meu quarto, me fazendo erguer os olhos e fazer uma careta.

—A porta tá aberta, pode entrar. —Gritei, e ele abriu a porta no segundo seguinte. Elvis entrou correndo no meu quarto e eu apenas o segui com os olhos, sabendo que ia precisar tirá-lo antes de dormir se não quisesse levar um susto no meio da noite. —Precisa de algo, Nic?

—Na verdade, sim. —Ele apontou o dedo para o chão. —Vamos pedir pizza e você está sendo convocada pra se juntar com a gente.

—Ah... —Soltei uma risada. —Valeu, mas eu não tô com fome e...

—Qual é, Lina, tem algo te incomodando aqui? —Perguntou, me fazendo ficar muda. —Você nunca fica na sala com a gente. Está sempre trancada aqui no quarto. Sempre que chamamos você pra se juntar com a gente, você nega. Tem algo te incomodando?

—Não, não... não tem nada a ver com vocês. Eu só não quero me meter no meio da amizade de ninguém, entende? Sei que cheguei por último e que vocês são super amigos e tal. —Afirmei, vendo Ella aparecer atrás dele, com Madonna no colo.

—Isso é bobagem. Somos amigos, mas você mora com a gente, então é nossa amiga também. —Ella murmurou, abrindo um sorriso pra mim. —Você não vai atrapalhar a amizade de ninguém, porque todo mundo quer você lá com a gente.

—Obrigada, de verdade. Mas eu realmente não estou com fome. —Afirmei, vendo os dois revirarem os olhos ao mesmo tempo.

—Se não descer com nós dois, daqui a alguns minutos vamos estar os 7 na frente da sua porte te carregando até a sala. —Nic prometeu, me fazendo erguer as sobrancelhas em descrença. —Não dúvida.

Soltei uma risada, negando com a cabeça, sem sair do lugar.

—Foi você quem pediu. —Ella deu de ombros, puxando Nic para longe da minha porta.

Os dois desapareceram no corredor e eu engoli em seco, pensando se eles estavam mesmo falando sério. Minha desconfiança logo se tornou verdade quando os 7 passaram pela porta do meu quarto ao mesmo tempo, vindo pra cima de mim.

—Peguem ela! —As garotas gritaram em meio as risadas, enquanto eu ficava de pé no meio da cama, sem saber pra onde fugir.

—Esperem! —Exclamei, tentando passar por Yuri e ir correndo até o banheiro. Ele caiu na cama quando tentou me agarrar, fazendo todo mundo rir. Soltei uma gargalhada também, porque quando ele se levantou o óculos estava torto no seu rosto. —Eu vou, eu vou, eu vou... não precisa disso, gente!

Soltei um grito quando agarrei a maçaneta da porta do banheiro, ao mesmo tempo que Steven me agarrava por trás e me erguia sobre o ombro como se eu fosse um saco de batatas.

—Não solta, Steven. Não solta. —Yasmin puxou minhas mãos, já que eu ainda estava agarrada a porta do banheiro, enquanto todo mundo ria. Meu rosto esquentou quando Steven começou a me carregar lá pra baixo, enquanto todos eles estavam rindo ao vir atrás de nós.

—Eu ia lá embaixo andando, gente. Não precisava disso, não. —Murmurei, com a cara escondida nas costas de Steven, sentindo meu coração disparado dentro do peito quando o perfume dele se impregnou em mim e fez meu estômago se encher de borboletas. Eu tinha fraco pra perfumes masculinos. E além de ser bonito, Steven também era cheiroso. —Steven, pode me por no chão.

—Não, fica quietinha. —Mandou, fazendo meu rosto ficar ainda mais quente. E eu tinha certeza que se minha pele fosse mais clara, ia estar vermelha igual um tomate.

—Isso foi tão vergonhoso. —Murmurei, antes de soltar um gritinho quando ele me girou do nada e me colocou sentada no sofá. Os outros ainda estavam rindo quando passaram direto para a cozinha, nos deixando sozinhos.

—Você ficar evitando todo mundo que é vergonhoso. —Afirmou, se sentando ao meu lado e erguendo as sobrancelhas quando fiz menção de ficar de pé. —Fica aí, ou vou te amarrar no sofá.

—Misericórdia! —Exclamei, vendo ele soltar uma risada. —Os sete anões foram mais simpáticos com a Branca de Neve.

—Tem certeza? —Ele se inclinou para perto de mim, fazendo meu coração errar algumas batidas e um frio enorme surgir na minha barriga. —Pelo que eu saiba, ela virou praticamente uma empregada doméstica pra eles. —Abri a boca para rebater, mas fiquei muda quando percebi que ele tinha realmente razão. —Viu, peguem você, Cat.

—Bobagem! —Rebati, sentindo o efeito daquele apelido nas borboletas do meu estômago. —Eles gostavam dela, por isso ela ficou lá. Ela ajudava em casa enquanto eles trabalhavam. Era uma troca muito justa na minha opinião.

—Você sabe que essa história é um pouco machista, não é? Ela é só encoberta pelo título de conto de fadas. —Afirmou, e eu acabei rindo da expressão séria dele, como se estivesse discutindo sobre um crime hediondo e não uma história infantil.

—Era um pouco mesmo. —Concordei, um pouco perdida no sorriso satisfeito que se abriu no rosto dele.

—E se o caso é gostar ou não, nós também gostamos de você. —Ele ergueu a mão e segurou meu queixo, fazendo minha respiração ficar acelerada. —Pare de fugir, Cat. Não vai conseguir se livrar de nenhum de nós.



Continua...

Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora