Peguei a boneca e entreguei para Elisa, vendo-a se arreganhar toda pra mim, fazendo meu coração se derreter todo. Passei a mão nos cabelinhos dela, colocando-os atrás da sua orelha enquanto ela voltava a brincar no sofá com as bonecas que haviam ali.
—Lina, nós estamos curiosas aqui, sabe? —Jane fez um biquinho com os lábios quando olhei pra ela. —Como foi que aconteceu? Quando começou a acontecer?
—Faz uns dias já. A gente só... começou a sair juntos e sei lá. Rolou. —Falei, não querendo contar que havia ficado presa no cemitério e foi assim que eu e Steven nos aproximamos, porque ele descobriu sobre meu pai. —Não tem muito o que contar. Nem sei o que estamos tendo.
—Como assim não sabe? —Ela me olhou do outro sofá em que estava sentada, erguendo as sobrancelhas.
—Não estamos namorando. Só estamos... ficando? Eu não sei. Não falamos sobre isso. —Afirmei, fazendo Jane soltar uma risada.
—Vocês não estão ainda. Mas vão. —Ela apontou para os jardins do fundo, onde todos eles estavam junto com Luc e Karen. —Tá na cara que o Steven gosta de você e você gosta dele, certo?
—Bom, sim, mas...
—Não tem "mas". —Yasmin me cortou. —Você sabe que aquela vez no quarto nós estávamos falando de você, né? Steven queria te chamar pra sair quando Bryan falou pra ele que você tinha interesse. —Eu me encolhi, queimando de vergonha. —Mas ele não chamou porque achava que você tinha namorado. Você ouviu, você sabe.
—Namorem, assim vocês dividem um quarto e o outro fica livre pra alugarmos de novo. —Jane murmurou, me fazendo soltar uma risada com a sinceridade dela.
—Acho que a casa já está cheia o suficiente. —Ella afirmou, fazendo Jane dar de ombros com um sorriso pequeno.
Olhei para o corredor quando os rapazes entraram, rindo e conversando enquanto vinham pra sala até onde nós estávamos. Vi quando Steven correu os olhos pela sala toda até me encontrar e sorrir, vindo se sentar ao meu lado. Ele deixou um beijo na minha bochecha, antes de pegar Elisa no colo quando ela o viu. Já havia notado que ela ficava fascinada pelas tatuagens dele e sempre queria ir para o colo dele quando o via.
Fiquei observando ele brincar com ela, enquanto Elisa passava os dedos gordinhos nas tatuagens dos braços dele, completamente atenta a cada detalhe. Isso me fez abrir um sorriso enorme e meu coração bater tão acelerado que pensei que fosse explodir.
[...]
O Central Park estava super movimentado naquela tarde de sábado. Steven estava deitado de lado na toalha ao meu lado, desenhando algumas coisas no seu caderno, enquanto eu mantinha o livro sobre o meu rosto, escondendo-o do sol enquanto lia. Cruel estava ali também, porque era impossível Steven sair sem ele. E eu estava começando a ficar apegada ao gato também.
—Ei, eu já sei o que eu quero tatuar. —Falei, me sentando de lado e cutucando a mão de Steven que segurava o lápis. Ele soltou uma risada e ergueu a cabeça, olhando pra mim com as sobrancelhas erguidas.
—Nada na bunda, eu espero. —Comentou, voltando a desenhar quando soltei uma gargalhada.
—Estou começando a achar que você tem algum fetiche por bundas, cara. É meio esquisito. —Provoquei, roubando o lápis dele.
Steven ficou com a mão imóvel sobre o caderno, como se ainda segurasse o fantasma do lápis. Mas seus olhos estavam sobre mim de novo e ele estava sorrindo. Meu rosto esquentou, porque eu sabia que ele iria falar algo que me deixaria envergonhada.
—Eu tenho, pela sua. —Ele piscou, puxando o lápis das minhas mãos enquanto meu queixo literalmente caia. —E não, eu não tenho vergonha na cara. O que você quer tatuar?
—Steven! —Soltei um grunhido, fazendo-o rir e se afastar quando peguei a almofada que estava ao lado da cesta de piquenique para bater nele. —E você ainda me pergunta porque não vou dormir no seu quarto.
—Porque você é mal comigo, Cat. Você gosta de me fazer sofrer. —Afirmou, fingindo um tom melancólico.
—Tolo sofredor. —Murmurei, fazendo ele rir, enquanto eu escondia meu rosto no livro que estava aberto nas minhas mãos.
—O que você quer tatuar e onde? —Indagou, virando o caderno para uma folha em branco.
—O Inferno está vazio e todos os demônios estão aqui. —Falei, vendo-o anotar a frase. —Com pássaros e sombras.
—Isso é Shakespeare? —Era uma pergunta retórica, mas balancei a cabeça que sim. Mesmo que não fosse Shakespeare que eu me lembrasse quando lia aquela frase em algum lugar.
Steven fez o desenho de pássaros passando sobre a frase, acima e embaixo dela, além das sombras, como a noite chegando aos poucos. Como eu já esperava, havia ficado como eu queria, porque Steven tinha muito talento.
—Onde você quer fazer? —Indagou, empurrando o caderno pra mim. Observei o desenho e a frase, enquanto mordia o lábio. —Quer uma sugestão?
—Diga. —Empurrei o caderno de volta pra ele, me deitando de bruços na toalha e usando meus braços como travesseiro, enquanto olhava para Steven.
—Aqui. —Ele ergueu a mão e tocou a área abaixo dos meus seios, na lateral da minha costela. —É um lugar bom pra uma tatuagem. E eu posso fazê-la daí.
—Tudo bem. —Concordei, vendo ele continuar se lado, mas se inclinar para mais perto de mim. —Eu aprovo a sua sugestão.
Sua mão tocou meus cabelos, com seus dedos deslizando entre os fios escuros até ele os colocar atrás da minha orelha. Movi um pouco o rosto pra cima, o deixando livre quando Steven escorou a bochecha no meu braço, beijando a ponta do meu nariz.
—O que você está fazendo? —Indaguei, sentindo a respiração dele nos meus lábios quando me virei um pouco, tirando o braço da frente do meu rosto.
—Pensei que já estivesse bem claro pra você, Cat. —Ele sorriu com o canto dos lábios, antes de se aproximar e me beijar, passando o braço ao redor da minha cintura. Soltei um suspiro, beijando ele de volta e sentindo meu coração prestes a explodir. —Acho que estou me apaixonando por você.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2
RomanceCatalina Scott não é a branca de neve, que come maçãs envenenadas e precisa que um príncipe encantado a salve. Mas quando sua madrasta a expulsa de casa logo após a morte do seu pai, alegando ter herdado tudo do marido, Catalina se vê obrigada a ir...