Estava com os livros espalhados pela cama de Steven, que agora era minha cama também, tentando entender a matéria para a próxima prova que ia ter, quando ele abriu a porta do quarto e entrou, olhando para toda aquela bagunça e pra mim no meio da cama.
—Oi. —Abri um sorriso, empurrando as coisas pro canto da cama quando ele se aproximou. —Você demorou. Eu pedi comida pra nós dois, se estiver com fome. —Ele assentiu, com uma expressão vaga, olhando pra mim com hesitação. —O que foi? Está tudo bem?
—Sim. Só estou cansado. —Ele engoliu lentamente, se sentando na ponta da cama, de costas pra mim, enquanto esfregava as mãos no rosto.
—Ei, o que foi? —Me movi na cama até ficar atrás dele, o abraçando pela cintura e escorando meu queixo no seu ombro. —Sabe, eu tinha a pretensão de te matar por ter trazido minhas coisas pra cá. Mas com essa carinha triste fica difícil.
Ele soltou uma risada fraca, segurando minhas mãos que estavam no seu peito e entrelaçando nossos dedos. Afastei o rosto quando ele me encarou por cima do ombro, parecendo tão tenso e preocupado enquanto me observava, sem sequer piscar ou respirar.
—Algum problema no estúdio? —Indaguei, com o polegar acariciando as mãos dele. Mas Steven negou com a cabeça. —Cara, você tá me deixando preocupada.
Ele soltou minhas mãos, se virando e me puxando para o colo dele.
—Só vem aqui me dar um abraço. —Eu me sentei no colo dele, com uma perna de cada lado do seu quadril, sentindo ele afundar o rosto nos meus cabelos e me abraçar apertado. Abracei ele o mais forte que conseguia, acariciando os curtos fios de cabelo. —Você está feliz, Cat?
—Claro que estou. Muito feliz. —Meu coração acelerou, porque não entendia o que aquilo era. —Por quê está me perguntando isso?
—Porque eu amo ver você feliz. Não quero que isso mude. Não quero que você volte a ser aquela Catalina que chegou aqui, tímida e fechada. —Afirmou, me apertando ainda mais forte, enquanto eu soltava um suspiro pesado, com meu coração apertado.
—Eu não vou voltar a ser aquela Catalina. Ela não existe mais. Eu não vou voltar a ser ela por causa de você e todos esses amigos malucos que fiz nesse casarão. —Afirmei, sentindo o corpo dele tremer em uma risada. —O que está havendo, Steven?
—Nada. —Ele hesitou, me dando certeza que algo estava errado. —Só não estou em um dia bom. Só isso.
Mas eu sabia que não era só isso.
[...]
Eu estava no trabalho quando recebi um e-mail de Luc me avisando que as falsificações haviam sido 100% comprovadas, depois que eles entraram em contato com aquele homem e o fizeram contar sobre os serviços que prestou a minha madrasta.
Dei um gritinho de felicidade tão alto que assustei Ava, que veio correndo até mim achando que eu estava passando mal. Mas ela comemorou comigo quando contei o que havia acontecido, antes de me deixar ir correndo pra casa pra contar para Steven.
Eu sabia que ele ainda estava esquisito, porque dormiu grudado comigo a noite e durante o café da manhã ficava me observando com uma expressão pensativa. Mas eu queria que o que quer que estivesse o incomodando acabasse. Então fui até uma floricultura, tendo uma ideia um pouco maluca.
Quando cheguei em casa, vi Victor sentado na ilha da cozinha, comendo cereal enquanto jogava pelo celular. Ele gritou algo quando eu passei correndo por ali, o que eu respondi com um aceno desajeitado de mão antes de subir as escadas correndo.
—Steven! —Exclamei, entrando no quarto e fechando a porta com tudo.
Steven estava saindo do banheiro quando entrei, me dando aquela mesma visão dele só de toalha que vi quando o conheci. Meu rosto esquentou, mas eu estava tão feliz que não me importei com isso quando me joguei nos braços dele, quase o derrubando no chão.
—O que está havendo? —Indagou, parecendo confuso com a minha animação, mas me abraçou de volta. —Você não deveria estar na livraria?
—Eu estava, mas a Ava me liberou. —Afirmei, me afastando dele para poder encara-lo. —Luc me enviou um e-mail mais cedo. Steven, ele conseguiu provar que minha madrasta falsificou vários papeis para ficar com a herança toda pra ela! —Falei, vendo o quão imóvel e sem reação ele ficou. —Isso significa que meu pai realmente não me deixou sem nada. Você está entendendo? Ele se importava comigo, Steven, e não me deixou sem nada como ela tanto afirmou!
—Ah, Cat, isso é muito bom. Estou tão feliz por você. —Ele me agarrou, me girando e me abraçando com força a ponto de me fazer gargalhar. —Viu, ainda bem que me deixou contratar o Luc... —Ele parou, descendo os olhos para o buquê de rosas vermelhas nas minhas mãos. —Quem foi que te deu isso?
Soltei uma risada com a expressão séria que se abriu no rosto dele quando encarou aquele buquê.
—Ciúmes a essa altura do campeonato, cara? —Zombei, vendo ele cerrar os olhos na minha direção, com a diversão brilhando nos olhos. —Não se preocupe, ninguém me deu. Eu as comprei antes de vir pra casa. —Estendi o buquê pra ele, abrindo um sorriso. —São pra você. Pra agradecer tudo que tem feito por mim.
Steven encarou as rosas por vários segundos, como se estivesse surpreso com aquilo. Isso me fez sorrir mais ainda, porque podia ver que ele já havia esquecido o que quer que estivesse o incomodando.
—Uau! —Ele soltou uma risada, estendendo a mão para pega-lo. —Estou me sentindo honrado. Nunca ninguém me deu flores. Acho que gosto disso.
Quando ele foi pegar o buquê, eu o ergui até minha cabeça, não deixando que ele o pegasse. Steven olhou pra mim, erguendo as sobrancelhas enquanto eu mordia o lábio, morrendo de vergonha, mas estando muito corajosa também.
—Você só ganha ele se a resposta for sim. —Falei, observando ele ficar ainda mais confuso.
—Sim pra que?
—Você não pediu, então eu pensei que eu mesma poderia fazer isso. —Afirmei, estendendo o buquê pra ele de novo, enquanto me remexia, ficando subitamente tímida. —Steven, você quer namorar comigo?
Continua...
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Como conquistar Catalina Scott / Vol. 2
RomanceCatalina Scott não é a branca de neve, que come maçãs envenenadas e precisa que um príncipe encantado a salve. Mas quando sua madrasta a expulsa de casa logo após a morte do seu pai, alegando ter herdado tudo do marido, Catalina se vê obrigada a ir...