Capítulo 3

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— Pode deixar que eu atendo filho. - Digo já me levantando e indo em direção a porta.

— Haram, foge não viu? Eu quero saber a resposta ainda.

Eu fugi do assunto? Sim, mas não tinha outra escapatória, a não ser me fingir de sonsa, mas acho que o Rafa não cairia nessa, se ele já suspeita da Helena mesmo eu não tendo nenhum contato com ela a não ser sobre a academia, então significa que ele já notou algo que eu mesma não consigo notar, ou ele está apenas brincando e eu que estou caindo na teia.

— Helena? - disse enquanto meio surpresa enquanto avistava em sua frente Helena e Fred, que pareciam ter chegado juntos já que antes de abrir a porta ambos estavam conversando.

— Ah, então é assim mesmo? Quer dizer que eu não sou mais um visitante VIP? Oi também dona Clara! - Fred brinca quando a mulher cita apenas o nome de Helena.

— Desculpa meu bem, que falta de educação a minha. - Clara cumprimentou o mesmo com um abraço e um sorriso no rosto.

— Estávamos no mesmo elevador, só notamos que iríamos para o mesmo lugar quando já estávamos na porta. - Diz Helena rindo da lerdeza de ambos.

— Bem que o ditado já diz né? Quem é vivo sempre aparece. - Rafa fala zoando e indo em direção ao Fred que não ia em sua casa a um tempo.

— Então você que é a famosa Helena? - O mesmo se direciona para ela.

— Bom, famosa eu não sei, mas sou sim. - ela riu enquanto cumprimentava Rafa.

— É mãe, parece que você atraí as pessoas só de pensar, né? Estávamos falando agora de voc-...

— Estavam o quê? - disse Helena curiosa.

— É, estávamos o que mesmo Rafael? Eu nem lembro.

Olhei para ele disfarçadamente como se repreendesse aquilo que estava dizendo enquanto ele tentava conter o sorriso. Onde já se viu? Sinceramente, tem vezes que eu acho que só pode ser proposital, quase que minha cara foi no chão.

— Bom, entrem e fiquem a vontade. - me afastei um pouco para que pudessem entrar e em seguida fecho a porta seguindo os três.

— Querem beber alguma coisa, comer algo?

— Não Tia, eu to de boa. Eu e o Rafa tínhamos combinado de jogar nesse horário e vamos pedir uma pizza eu acho, então tamo suave.

— Ai senhor, essas gírias adolescentes de vocês. Já falei pra não me chamar assim, eu já me sinto velha perto de vocês, me chamando de tia então.

Todos riem com o que Clara havia acabado de falar, Helena então não desgrudava os olhos do rosto da mulher. Rafa acabou percebendo que Helena não estava ali atoa, e não deixou passar despercebido os olhares entre as duas.

— Então mãe, já vamos indo, estamos lá no quarto jogando, tchau Helena! Gostei de te conhecer. - ele falou enquanto se retirava da sala juntamente ao Fred.

— Tchau meninos! Tchau parceiro de elevador! - disse se referindo ao Fred e dando um "tchauzinho" com a mão.

Assim que os dois saíram, Clara e Helena permaneceram na sala de estar, ficaram alguns segundos sem falar nada, até que Clara conseguiu quebrar o silêncio.

— Aconteceu alguma coisa? Aliás, me desculpa pelo Theo, realmente fiquei bem desapontada com ele, não sei o por que de toda essa cisma com você. Em falar nisso, é sobre o Theo? Não me diga que quer fechar os treinos. - questionou já precipitada.

— Pois é né, por quê será... - digo baixinho para que apenas eu ouvisse, estava meio na cara o motivo, talvez porque eu quisesse beijá-la, mas nunca se sabe.

— Perdão, você disse alguma coisa?

— Não, não disse nada. E você não me deve desculpa alguma, e não vamos tocar mais nesse assunto por agora. Não é nada disso e nem sobre a academia também. Eu só queria conversar com você, tem um tempo?

— Tenho, tenho sim. Sobre o que seria então?

— Na verdade... - Na hora me faltou coragem, eu queria contar tudo para ela, mas não conseguia! Pelo menos não hoje. Pelo menos acho que já aconteceu coisa demais hoje e além de tudo seria muito cedo, não faz sentido.

— Eu gostaria de te fazer um convite.

— Um convite?

— Exatamente, você tem alguma coisa pra fazer esse final de semana?

— Não, acho que não. Por quê?

— O que acha de sairmos um pouco? Espairecer a mente, respirar novos ares. Seria bom, não acha?

— E onde seria?

— Olha… Eu pensei em um parque. Mas-...

— Um parque de quê? DE DIVERSÕES? Nem pensar, não não, aquilo é perigoso, eu morro de medo de altura.

— Eu sabia! Ah Clara, Por favor vai. Prometo que não vai dar medo, é super tranquilo, vamos por favorzinho. - Implorei para que ela fosse, sei que iria se distrair e iria gostar. Imagina, Clara Bastos em uma montanha-russa? realmente iria me render bons momentos, parece que ela não é muito fã de adrenalina.

— Você ta negando agora, mas depois tenho certeza que vai gostar. Vamos Clara, faz um esforcinho plis.

— Ai meu Deus. Como eu vou falar não?

— Isso é um sim?

— É… - fala com um tom duvidoso

— Opa, eu ouvi um sim?

— Ta bom, ta bom, eu vou com você no parque senhorita persistência. - fala a mesma sorrindo.

— Não vale cabular dona Clara. - Helena brinca como se tivesse chamando atenção da mulher.

Eu comemorei tanto por dentro e fiquei tão feliz! O sorriso no meu rosto apareceu de uma forma espontânea.

— Que tal às 16h?

— Acho ótimo! Eu passo pra te buscar.

— Eu passo pra te buscar.

Ambas ficaram surpresas e riram quando perceberam a conexão das falas ao mesmo tempo

— Não precisa se preocupar, eu que chamei, então eu busco e trago novamente. Eu já vou indo porque tá ficando meio tarde e amanhã eu acordo cedo.

— Tudo bem, então nos vemos sábado.

A acompanho até a porta abrindo a mesma e parando em frente a ela.

— Tchau! Até mais.

— Até mais! - Sério Helena? Disfarça essa cara, tenho certeza que devo estar tão vermelha quanto um pimentão.

[Clara on]

Assim que ela vai embora, fecho a porta imediatamente e me escorro ali. Minha cabeça estava a mil, e meu coração então nem se fala e então aquele sentimento voltou, o coração acelerado, aquele frio na barriga, mais uma vez estava flutuando e pensando nela, só Helena, Helena e Helena, por que tão marcante? Será que eu não estou confundindo tudo? Tantas perguntas e nenhuma com resposta.

— Ai Clara, eu não acredito! Você é casada, não devia estar pensando nisso. - digo cobrindo meu rosto com as mãos.

Era errado, mas, ao mesmo tempo me parecia tão certo. Não sei o que estava acontecendo na minha cabeça, mas estava tudo uma completa bagunça e eu precisava organizar.

𝘊𝘓𝘈𝘙𝘌𝘕𝘈 - Doce amorOnde histórias criam vida. Descubra agora