Capítulo 7

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Caleb Nolasco

Me lembro de acordar no hospital, com a minha mãe sentada em uma cadeira ao meu lado. Eu estava com ferimentos leves. Mas acharam melhor me internar. Passei um dia no hospital e sai no dia seguinte. Catarina dormiu naquele dia na cada de Joana. No dia seguinte eu contei que briguei no colégio por isso estava machucado. Ela perguntou pelo nosso pai. Eu disse que ela tinha viajado.

Essa desculpa É claro, durou dois dias. Algumas pessoas ficaram falando pelos cantos sobre o que tinha acontecido e um dia durante o recreio Catharina ficou sabendo de tudo. Ela chorou o dia todo. De inicio porque nossa pai não voltaria mais. Depois ela entendeu o que aconteceu, então começou a chorar porque eu estava machucado e depois porque nossa mãe estava machucada. CaTáh sempre foi muito sentimental e isso me irritava as vezes.

Então comecei a ajudar mesmo minha mãe. Fazia as comidas com ela, entregava. Trabalhei com ela até meus 18 anos. Quando consegui meu primeiro emprego de carteira assinada em um restaurante como garçom. Depois disso decidi que queria fazer engenharia civil, queria trabalhar em obras. Comecei a faculdade mas tive que largar. Não tinha como pagar e não tinha como trabalhar, estudar e ajudar a minha mãe.

Então, comecei a juntar o pouco dinheiro que eu tinha. Trabalhava com minha mãe no horário da manhã para ajudá-la e a noite como garçom. Vazia hora extra sempre que podia. Nas horas vagas estudava sobre as obras e seus matérias. Comecei a conversar com pessoas e descobrir fornecedores, máquinas necessárias. E foram quinze anos. Consegui abrir a minha empresa. Estamos a cinco anos no mercado fazendo o nosso nome.
Hoje minha mãe não precisa trabalhar. Comprei uma casa melhor pra ela. Consigo pagar as contas da casa dela e a minha. Paguei uma aposentadoria privada pra minha mãe e hoje ela recebe um dinheiro legal. Me sinto em paz com isso. Ela merece e muito.

Saio dos meus pensamentos quando um funcionário bate na sala improvisada na obra. Ele me avisa que Raul já estava esperando. Respiro fundo e saio da sala. Vou andando até Raul. Antes de chegar no lugar já podia ouvir a voz dele. Raul brincava com os funcionários enquanto olhava o material. Eu peço ajuda a Deus e me aproximo dele.

- Senhor Bacelar. É um prazer te receber. – Falo e estendo a mão.

- Senhor Nolasco... Caleb... Posso te chamar assim? – Eu confirmo e ele sorri. – Me chame de Raul... Estou olhando o porcelanato... Estou impressionado. E as pedras... São tão diferentes, únicas para falar a verdade. Estou impressionado com o seu material. Qualidade que eu não vejo faz tempo. Hoje em dia você encontra muita porcaria no mercado ou peças repetidas. – Ele fala rindo.

- Muito obrigado Senhor... Raul. – Falo nervoso.

- Bem. Contrato mais que fechado. Para essa e as próximas obras. Não deixe a qualidade cair. – Ele fala rindo.

- Não mesmo. Pode confiar. – Falo e meu telefone tocar. Era minha mãe.

- Me desculpe. Preciso ir. Mas vou deixar o responsável com você. – Falo e ele confirma.

- É uma pena. Queria que apresentasse o material para minha filha. Mas teremos outras oportunidades. – Ela fala e olha para o telefone.

- Posso esperar por ela se quiser. – Falo olhando a hora.

- Não precisa. Ela pode pegar trânsito. E não quero te atrasar. Ainda vamos trabalhar em muitas obras. Vamos ter oportunidades. Foi um prazer te conhecer. – Ele fala e eu me despeço.

Vou andando rápido até o carro. Antes de entrar  vejo uma mulher saindo do carro, ela desce de saltos e fico me perguntando se ela não estava no lugar errado, quem andaria de saltos em uma obra? Penso que ela só poderia estar perdida.

A mulher tinha os cabelos claros, mas não como aqueles loiras riquinhas. Estava muito bem vestida e usava um perfume doce. Os olhos eram castanhos e quando me olhou percebi que ela não me viu. Era como se eu fosse transparente, como se tivesse olhado atravessando meu corpo. Por alguns segundos eu pensei que era invisível.
Isso me incomodou de alguma forma. Queria que a minha presença tivesse sido notada, porque a dela foi. Entro no meu carro e olho a mulher por mais alguns segundos e ela realmente entra na obra, provavelmente foi pedir uma informação, se tivesse me visto eu poderia indicar o caminho a ela. Ligo o carro e vou direto para o meu encontro. Clínica cardíaca buscar minha mãe. Ela tinha passado mal a alguns dias então resolvemos fazer alguns exames.

Entro na clínica e vejo o tipo de cena que me fazia rir. Minha mãe seria sentada no banco da recepção e uma senhora sentada ao lado dela falando sem parar. Parecia eu e Catarina em público. Eu e minha mãe somos sérios, tem gente que me acha mal educado, mas não sou. Eu não tenho que andar sorrindo como um idiota ou contar a minha vida pra qualquer estranho. Minha mãe também é assim.

Catarina é o oposto. Ela é exatamente como meu pai. Em qualquer lugar que Catarina chegue ela faz amizade. Ela é ótima nisso. Me lembro de visita – lá no hospital quando Rael nasceu. Ela estava em um leito enfermaria, então eu já sabia que ela estava dividindo o quarto com outra pessoa, mas na época ela tinha algumas amigas grávidas que teriam bebê no mesmo hospital. Então me lembro de entrar no quarto e ver minha irmã conversando com uma mulher como se fossem amigas de infância, eu fui me aproximando tentando lembrar do rosto da mulher ou do homem que estava ao lado dela, mas era tantas amigas que eu não conseguia lembrar. Me lembro de olhar para Jonathan pedindo uma ajuda com o nome, mas ele não entendeu o recado. Então minha irmã começou.

“- Oi irmãozinho, lembra da Estela? A Giovana nasceu. Olha que linda. Muito grande. “

Eu me lembro que me aproximei ainda tentando puxar na memória, mas eu não lembrava quem eles eram. Tentei buscar na lembrança o chá de bebê dela, mas nada. O homem apertou a minha mão rindo e então eu entendi. Era mais uma brincadeira de Catarina. Por fim, ela tinha conhecido aquele casal a algumas horas, mas já tinham trocado telefone.

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