Destinada ao Amor

Capítulo 13

Caleb Nolasco

Depois de alguns segundos recebo a mensagem com o contato da filha dele e logo depois uma mensagem com o nome dela, Isabella. Salvo o contato e olho a foto. Ela estava sentada em uma mesa com óculos escuros, na mesa tinha uma xícara e alguns Biscoitos. Ela estava de lado e sorrindo. Logo depois  eu lembro de Matheus contando do espetáculo que ela armou na obra e logo depois lembro  da notícia que li com a minha mãe sobre o casamento. Respiro fundo e disco o número.

- Alô. – Ela atende desconfiada.

- Boa noite Senhorita Bacelar. Desculpa a hora. Sou Caleb Nolasco, seu pai pediu pra entrar em contato com você sobre o material da obra. – Falo de forma educada.

- Bem preciso que entregue tudo, mas de qualidade. – Ela fala irritada.

- Pode me passar a lista ? – Tento parecer calmo.

- Você não tem a lista? – Ela rebate irritada. – Que falta de profissionalismo. Vou te mandar por mensagem junto com o endereço, você não deve ter também. – Ela fala com ironia.

- Não tenho mesmo. Vou aguardar a sua mensagem. – Falo e desligo o telefone.

Sento na cadeira tentando digerir o que acabou de acontecer. A falta de educação e respeito que eu fui tratado. É óbvio que eu não tenho o endereço e a lista de material. Vejo meu telefone tocar e vejo a lista, era o dobro do que Raul tinha encomendado para a outra obra ou até mais. Eu ganharia um bom dinheiro, e a obra parecia ser grande, eu teria mais oportunidades? No final da mensagem vejo o endereço, África... África? O continente africano? África fora do Brasil? África! Ela estava falando sério ?  Ligo para Raul.

- Oi Caleb. Falou com ela? – Ele pergunta animado.

- Raul. O endereço é África mesmo? – Pergunto ainda sem acreditar.

- Sim. África. Vilarejo de Faso. Em Mali. Consegue entregar lá? – Ele pergunta e alguém o chama.

- Não... Ainda não tenho transporte pra isso. – Falo assustado.

- Vou falar com um amigo meu. Vou te mandar o contato e você entra em contato. Ele vai te levar. – Ele fala e desliga o telefone.

Fecho os olhos encosto a cabeça no sofá. Respiro fundo e penso se vai vale a pena. E depois de alguns segundos me dou conta de que o dinheiro vale. Vou falar com Matheus. Vamos até lá. Deixamos o material e voltamos. Ele vai consegui o transporte, vamos com o material e voltamos. Simples.

Ligo para Matheus e explico tudo. Ele fica empolgado, adora viajar. No meio da ligação com Matheus um número desconhecido me liga. Atendo a ligação e um homem chamado José me diz que Raul pediu pra entrar em contato, ele ficaria responsável por levar nosso material de navio para a África. Ele que cuidava do transporte quando era necessário. Expliquei o que seria levado, quantidade e ele me informou que amanhã cedo eu teria que deixar tudo no local combinado.

- Tudo bem. Meu sócio vai comigo. Quanto tempo de viagem? – Pergunto preocupado.

- A carga vai demorar alguns dias. Vocês viajam em dois dias. – Ele fala enquanto Anita algo.

- Não vamos com a carga? – Pergunto preocupado.

- Não. Vão de avião. Pra chegar rápido. – Ele fala querendo desligar.

- Não tenho as passagens ainda. – Renato.

- Vai no meu avião. Vou te mandar endereço e horário. Preciso desligar. – Ele termina e desliga.

Recebo a mensagem com data, hora e local do nosso embarque. Envio essa mensagem para Matheus e digo que não posso atender. Não aguentava mais esse assunto. Fico sentado de olhos fechados respirando fundo e me concentrando no valor que eu receberia. “Esse é um mal necessário.”
Sinto alguém tocar meu ombro. Abro os olhos e vejo minha mãe. Ela me olha tentando sorrir, senta ao meu lado e segura minha mão.

- O que aconteceu? É do trabalho? – Ela pergunta preocupada.

- Sim. Algo bom na verdade. Consegui mais uma obra com aquele cliente. Dessa vez quase o triplo do que ele pediu. – Falo tentando parecer animado.

- Isso é ótimo. Mas porque não está feliz? – Ela aperta minha mão de leve.

- Tenho dois dias para viajar. Vou para a África. - Falo e ela se assusta.

- Filho. Nosso destino sempre nos leva aonde precisamos ir. Nada é por acaso. Sei que ideia essas frases clichês. Mas essa pode ser a sua oportunidade. – Ela fala de maneira carinhosa.

- Espero que sim mãe. Vai dar tudo certo. – Falo e me lavando. – Bem, daqui a pouco vou para casa. Tenho mala pra fazer... Coisas para organizar e só tenho dois dias.

Acordo no dia seguinte e começo a arrumar minha mala, eu viajaria amanhã de manhã, provavelmente José não entende a ideia de “ daqui a dois dias”. Coloco roupa para dois dias caso dê algo errado. Reviso a lista que Isabella me mandou. Passo na fábrica e vejo e supervisiono a separação dos materiais, tudo precisa estar perfeito. Essa é uma grande oportunidade e já vi que Isabella é louca.

No final da noite eu já estava exausto. Sempre que organizo uma entrega, me dou de dois a três dias. Para separar tudo com calma e cuidado, pra não faltar nada, não entregar pedido errado. Dessa vez eu não tive tempo. Parei um dia inteiro para fazer esse trabalho e acompanhar de perto.
Chego em casa e tudo já estava organizando para o dia seguinte, tomo meu banho, deito na cama e fecho os olhos. Segundos depois escuto meu telefone tocar. Pego e olho a tela, era Raul.

- Boa noite Caleb. Tudo certo para amanhã? José me disse que era amanhã... – Ele fala  levemente bêbado.

- Tudo certo. Amanhã cedo estarei lá. – Falo cansado.

- Desculpe a hora. Mas queria te pedir um favor. Isabella não sabe que o material não era seu... Que estou mandando outra empresa. Tem como falar que foi uma remessa ruim.. não sei... – Ele fala envergonhado.

Ele estava me pendido para assumir o erro de outra pessoa. Então a tal história era verdadeira. Mas eu não posso fazer isso. É o nome da minha empresa. É o meu nome. Faço meu trabalho de forma correta. Entrego sempre matérias de qualidade.

- Eu te dou um dinheiro extra se for o caso. – Ele continua.