Capítulo 44

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Isabella Bacelar

- Eu sou importante? – Ele fala um pouco mais sério.

Depois de Levy eu prometi não me apaixonar por mais ninguém. Me proteger ao máximo, não deixar mais ninguém se aproximar. E tudo estava dando certo até Caleb. Me lembro que na primeira vez que nos falamos ao telefone, eu percebi que tinha algo diferente. Ele mexeu comigo. Me deixou muito irritada e eu nem sei porque.

Depois disso tudo era intenso demais. Como se tudo me empurrasse para sentir algo por ele, mesmo que fosse raiva, dizem que o amor e ódio é a mesma coisa.  E então tivemos o primeiro dia na casa dele. Caleb nervoso querendo se aproximar e eu tentando entender quando paramos de nós odiar. Provavelmente aquela conversa aqui em casa ajudou, ou foram os biscoitos de polvilho.

Então o primeiro beijo. Me sinto uma adolescente só de pensar. Mas toda a energia densa que nós cobria. O frio na barriga, o nervosismo. Parecia ser meu primeiro beijo. E quando aconteceu eu senti apenas paz. Tudo era tranquilo, eu me sentia bem. Era maravilhosamente estranho e eu estava gostando. Muito. Sem dúvidas eu estava ficando louca.

E com toda essa intensidade eu morria de medo da queda, que seria altíssima. O que me garante que ele é de fato um homem bom? Que ele não vai me usar como os outros, que não vai me destruir quando for embora? Eu tentei levantar minhas barreiras mas não funciona com ele. Ele é a minha kriptonita.

Ayo me deixou muito ansiosa com tudo isso. Pesou meu coração. Mas Marina me ajudou. Ela sempre está certa e pela primeira vez ela me mandou seguir. Então vou acreditar dela. Eu estava gostando do que estava sentindo, eu mereço ser feliz. E se eu sentia falta dele? Tudo era muito recente. Mas eu sentia.

Sentia falta das brincadeiras fora de hora, do sorriso que tirava o eixo do meu mundo. Do cheiro dele que entorpecida a minha mente. Da maneira que ele me abraçava e de como eu não precisava ser forte quando estava com ele.

- Eu não sei como ou o que aconteceu.... Mas você é. – Falo e acabo sorrindo.

- Também sinto sua falta. Vou ter que voltar para África. – Ele fala,  eu escuto um barulho no fundo e ele ri.

- Está tudo bem? – Fico insegura.

- Sim.... É... Minha mãe está aqui. Ela não quer que eu volte para África. – Ele fala um pouco nervoso.

- Ela sabe da gente? – Pergunto curiosa.

- Sim... Desculpe... Mas vai ficar em segredo, não se preocupe. – Ele fala muito ansioso.

Eu não sei porque tinha pedido segredo. Mas Marina já sabia, não sei se meu pai se importaria com isso. Ele parecia gostar de Caleb. É claro que eu iria esperar mais para ver no que isso iria se transformar. Mas eu não sei se queria mais segredo.

- Não sei porque pedi segredo. Mas não tem problema. Fala pra ela ficar tranquila, você não precisa voltar para África. Eu vou voltar em breve, a obra já vai acabar. – Falo com tranquilidade.

- Ótimo então. Me sinto melhor assim. Não quero te apressar, mas também não quero manter isso em segredo. – Ele fala tranquilo.

- Sim. Marina já sabe de você. Disse que a gente combinava. – Falo sorrindo.

- Minha irmã disse que não combinamos. – Escuto um tapa e ele ri. – Ela disse  que eu não faço seu tipo. – Escuto outro tapa e uma voz baixa.

- Meu tipo? Qual é o meu tipo? – Falo rindo e curiosa.

- Segundo minha irmã, branco, rico, com sobrenome, ligações. Empresário. – Ele fala como se estivesse repetindo.

- Você é empresário. – Começo a rir. – Quanta besteira. É essa impressão que eu passo?

- Eu disse que eu era empresário. – Ele fala como se estivesse falando com outra pessoa. – Mas ela disse que seria empresário de trilhões. Eu não sou seu tipo.

- É sim. Fico com pessoas e sua essência. Será que sou tão fútil assim? – Fico pensativa. – Procuro alguém que me faça feliz só isso. -  Penso alto.

- Eu vou te fazer feliz. Eu prometo. – Ele volta a voz grave que arrepia meu corpo.

Escuto um barulho como se ela estivesse se levantando e depois mudando de cômodo. Escuto uma porta se fechar e continuamos nosso assunto. Passamos algumas horas conversando sobre tudo. Família, filmes e gostos. Caleb ficou diferente quando contou brevemente sobre o pai. Ele pareceu ser uma pessoa bem ruim e não me pareceu ser algo fácil. Eu nem consigo imaginar o que ele pode ter passado. Meu pai mesmo sendo irresponsável, é uma ótima pessoa. Sem dúvidas foi uma infância difícil.
Falamos sobre nossas comidas preferidas e muitas coisas que eu amo comer e Caleb nem conhece. Então combinamos de provar todas essas comidas um dia, fazer um turismo gastronômico.

Caleb é exatamente animado, topa qualquer evento. Ele disse que era uma pessoa diferente comigo. Que não entendia porque isso acontecia. Mas eu entendo um pouco, também sou uma pessoa diferente com ele. É como se despertasse uma outra Isabella, alguém bem mais feliz.

Depois de algumas horas eu sentia que ele estava exausto, e eu também estava, Caleb falava comigo quase cochilando. Depois de muita insistência ele decidiu desligar o telefone e dormir, mas com a promessa de que amanhã eu ligaria de novo. Desligo o telefone e olho para o teto.

Eu estava deitada na minha cama sozinha, na África do outro lado do mundo. Em um vilarejo que eu estava gostando e que me sentia bem. Mas falava Caleb. Faltava ele na obra me olhando de longe, faltava ele andando pela cidade comigo mesmo que fosse com raiva. Faltava ele deitado aqui ao meu lado. Caleb fazia falta. Isso me assustava mas me fazia feliz.

Me sento na cama e olho a hora. Não estava tão tarde para consegui um transporte. Ligo para um associado do meu pai, ele demora a atender e fala com a voz de sono. Mas mesmo assim resolve. Ele tenta me ajudar mas o vôo mais próximo era pra o depois de amanhã bem cedo, três horas da manhã. Eu aceito e decido fazer uma surpresa para Caleb.

Fecho os olhos e tento dormir. Mas Caleb não sai da minha cabeça. O toque dele no meu corpo, a voz rouca que arrepia minha pele. O sorriso que me faz esquecer do mundo. Fico a madrugada toda revirando na cama.

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