Capítulo 3

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Isabella Bacelar

Quatro anos se passaram desde o meu divórcio. Levi não fazia parte da nossa empresa a mesma quantidade de tempo, ele perdeu vários contratos e parcerias, nenhum conhecido do meu pai perdoou o que ele fez, o que me deixava um pouco mais confortável, saber que não iria esbarrar com ele em lugar nenhum 

 Levi não fazia parte da nossa empresa a mesma quantidade de tempo, ele perdeu vários contratos e parcerias, nenhum conhecido do meu pai perdoou o que ele fez, o que me deixava um pouco mais confortável, saber que não iria esbarrar com ele em luga...

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Era mais um dia cansativo de trabalho. Eu estava em uma reunião a horas com vários homens idiotas que faziam de tudo para atrapalhar meu trabalho. Toda vez que eu fechava com uma nova empresa era a mesma coisa. Eu precisava provar que era digna de ocupar a cadeira de presidência.

Era sempre a mesma coisa. Eles entravam na sala conversando, se sentavam e me ignoravam por alguns segundos. Até que percebiam a minha presença e me davam um cargo na empresa, na maioria das vezes eu era a secretária do Raul, para quem tinha feito o dever de casa e tinha estudado um pouco sabia que eu era filha, então me perguntavam aonde meu pai estava e se ele estava atrasado para a reunião. Então eu começava a me explicar, dizia que quem iria conduzir aquela reunião seria eu.

Algumas achavam graça e davam gargalhadas até que percebiam que eu não estava brincando, então falavam o quanto eles achavam legal eu me interessar pelos negócios da família. Quando na verdade eu já trabalho com eu pai a alguns anos. Então era sempre cansativo pra mim, seria muito mais fácil se eu fosse homem. Eu sei que eu não teria que me explicar tanto, que não perderia tanto tempo.

E finalmente a reunião acabou. Eu fui andando para a minha sala exausta. Tranquei a porta, me sentei a cadeira soltei meus cabelos, tirei o blazer e joguei no sofá. Minutos depois vejo meu telefone tocar, olho a tela e vejo a foto do meu pai na tela. Atendo o telefone na terceira chamada.

- Oi filha, como foi a reunião com o grupo novo ? – Meu pai pergunta animado.

No fundo o barulho era familiar, obra, sempre o mesmo barulho. Meu pai abriu a empresa com a intenção de me deixar no escritório e ele ficar mas obras. E se divertia, era o lugar feliz dele. “Conversar com os caras” como ele dizia, escolher o material, saber o que tinha de novo no mercado.

Esse era o paraíso do meu pai. E era o oposto pra mim, eu não me encaixava nesse mundo. Eu estava sempre bem vestida, de salto, arrumada, eu era social demais. Mas nem sempre eu queria. As vezes queria colocar uma calça mais larga, uma bota e ir comprar material com meu pai. Durante a minha adolescência eu até fiz isso.

Mas com o tempo tive que amadurecer e assumir as responsabilidades da empresa. Ter postura, assumir um papel para ser respeitada, e  no fundo eu nem queria esse papel. Meu pai sempre quis ter um filho homem, e tentou com Marina, mas não deu certo. Meu pai você cercado de mulheres que não podem ser mães. Um filho homem teria ajudado muito. Se eu tivesse um irmão, não teria quer carregar o peso da empresa, não estaria sempre tão sobrecarregada, seria mais fácil.

- Oi pai.... O de sempre. Um saco... Homens idiotas esperando você chegar para começar a reunião. – Falo desanimada.

- Desculpe por isso filha... Mas não se desanime. Pega um carro e me encontre no endereço que vou te mandar. Você precisa ver o porcelanato novo que essa empresa tem. Não é uma empresa muito grande, mas estou gostando do material deles. Os donos são jovens e esforçados . – Meu pai fala animado.

- Só isso para me animar. – Falo me levantando. – Me manda o endereço então.

Desligo o telefone e vejo o endereço na tela. Provavelmente a empresa levou a mercadoria até a obra. Pego meu blazer e bolsa na mão e saio da minha sala. Vou direto para a recepção e lá um funcionário me ajuda a pedir um carro. Fico na recepção esperando e carro e percebo os olhares dos homens. Todos eles iguais, exibindo seus ternos e relógios caros, me olhando com um sorriso de canto, alguns tentam fazer contato visual para pode ser aproximar, mas eu ignoro. Essa lábia eu já conhecia, e Levi era muito mais habilidoso do que eles.

Um homem insiste em se aproximar e eu imploro a Deus que meu carro chegue antes que ele. Olho para o funcionário implorando ajuda, mas ele fica sem graça. O home de terno se aproxima e junto dele vem pairando no ar o seu ego denso. Ele me olha sorrindo, totalmente seguro de si.

- Isabella... Quanto tempo... – Ele sorri
O homem se aproxima querendo segurar meu braço e beijar meu rosto, mas antes que ele se aproxime eu estendo a mão. Ele olha a minha mão e sorri, como se já esperasse essa atitude. Eu me forço a lembrar dele. Um homem branco, com cabelos escuros, terno escuro e caro, um relógio caro e uma pasta de marca que devia ser tão vazia quanto a cabeça dele  O cabelo estava muito bem penteado e o terno muito bem alinhado. Seu sorriso , o olhar penetrante combinavam com o ego inflado. Eu olhava para o homem e ele era comum apenas mais um empresário. Ele podia ser qualquer pessoa, eu não sabia quem ele era, mas ele me conhecia, me chamou pelo nome.

- Não está me reconhecendo? – Ele fala tentando sustentar o ego enquanto beija a minha mão.

- Desculpe. Mas não. – Falo e solto a mão dele.

- Caio Verneck.... Faço parceria com seu pai a alguns anos.... Nós saímos no ano passado. – Ele fala e a ficha cai.

Caio insuportável. Saímos e foi o pior encontro. Meu pai estava tentando me ajudar. Depois que ele encontrou Marina meu pai tinha certeza de que o amor verdadeiro e almas gêmeas era algo real. Então quando eu me separei ele fez de tudo para eu encontrar o amor como ele encontrou, essas são as palavras dele. Então Caio apareceu, meu pai tinha a certeza que a gente combinava.

A primeira vista eu tinha certeza que eu não suportaria ele. Caio era comum e insuportável. Passamos o encontro inteiro falando dele e dos feitos dele. Do quanto o Caio era jovem e já tinha conquistado muito. Do orgulho que ele era para a família. Com vinte minutos de encontro eu já estava esgotada, olhava desesperadamente para a saída pensando em como eu poderia sair correndo de lá. O encontro durou uma hora e meia, não aguentava mais, inventei uma desculpa e fui embora. Depois disso evitei Caio por semanas, a presença dele, as mensagens e telefonemas. E por fim ele desistiu ou entendeu. Só sei que parou de me procurar. E depois de longos meses ele voltou.

- Acabei de me lembrar de você. – Falo sem dar importância. – Meu pai não está no escritório e eu estou de saída. Tinha horário marcado? – Pergunto olhando para o funcionário que me arrumaria um carro.

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