Capítulo 16

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Isabella Bacelar

Eu estava extremamente irritada. Meu pai me disse que esse homem tinha o melhor material que ele já tinha visto, tinha feito uma propaganda positiva sobre ele. Mas o material era péssimo, o cara veio até a África sem o material e não sabia quando ele iria chegar. Eu não tinha tempo para lidar com essa falta de profissionalismo.

- Que nome? Não conhece o seu transportador, não pode me dizer a data que o material vai chegar. Entrega o material com atrasado. Isso tudo porque você errou lá trás quando me trouxe esse material barato, isso nem pode ser chamado de material. O que me garante que não vai me entregar outra porcaria dessa? Eu devia te processar isso sim. – Falo querendo jogar alguma coisa nele de tanta raiva.

- Esse material que foi entregue não era meu. – Ele fala e o amigo respira aliviado.

- Como assim? Do que está falando? – Pergunto sem entender.

- Esse primeiro material era de um amigo do seu pai. Raul entrou em contato comigo a alguns dias e me pediu as pressas todo o material de novo. Então o material que está vindo que é o meu. Estou te entregando atrasado porque não tive tempo. Foi tudo pedido em cima da hora. – Ele fala irritado mas tentando ser educado.

Todos da obra estavam nos olhando e nesse momento eu me senti envergonhada. Existe uma pequena chance de eu estar sendo injusta com ele. Ou ele pode estar falando isso para de livrar.

- Porque não me falou isso antes? – Questiono tentando ser educada.

- Prometi ao seu pai que evitaria ao máximo te contar. – Ele responde no mesmo tom.

- Porque faria isso? – Pergunto debochando. -. O que ganha com isso?

- Nada. Talvez contratos no futuro. Mas não queria trazer problemas pra ele na lua de mel.  – Ele fala de maneira simples.

- Lua de mel? Meu pai é casado a anos. Ele te falou isso? – Caleb confirma – Ele tem lua de mel todo ano. – Falo irritada.

Me afasto e entro na tenda de reuniões. Eu sinto falta do meu escritório e não tinha nenhuma casa perto da obra, então pedi uma tenta pra eu poder trabalhar e não ficar exposta ao sol o tempo todo. Sento na cadeira e faço uma vídeo chama para o meu pai No segundo toque ele atende. Meu pai estava rindo com um copo de bebida colorida na mão. No fundo tinha a imagem de uma praia muito bonita e Marina estava sentada aí lado dele.

- Oi filha, olha que linda essa praia. Você precisa vir aqui um dia. – Ele fala animado.

- Porque mentiu pra mim sobre o material? – Falo de uma vez.

Todo mundo que me conhece sabe o quanto eu odeio mentiras. Faça qualquer coisa, mas não mente pra mim nem esconda a verdade para me proteger, pra mim é a mesma coisa. E meu pai sabia muito bem disso. Quando eu termino a frase o sorriso some do rosto dele e Marina fica olhando pra ele.

- Meu amigo me mandou o material. Ele disse que ia melhorar mas não melhorou. Sabia que você ia ficar chateada. Então pedi para o Caleb levar todo o material para cobrir o outro. Eu sei que o dele é de qualidade e não me daria problema. – Ele se explica sem graça.

- Seu plano daria certo se você tivesse calculado o tempo certo do material chegar. Só que a África fica muito longe. E com isso o Caleb pagou por você. Pela sua irresponsabilidade pai. – Falo irritada.

- O que aconteceu? O que você fez com ele? – Meu pai pergunta nervoso.

- Fui extremamente grossa. Envergonhei ele em público. Ele não me disse que o material não era dele. Você acha certo o que fez? – Pergunto irritada.

- Não filha... Não vou mais contratar Material dele. Só do Caleb. Ele tem material de qualidade e o preço é o mesmo no final. – Ele fala desanimado.

- Você precisa ser mais responsável pai. É muito difícil trabalhar com você por isso. Agora preciso me desculpar com ele. Por algo que não é culpa dele nem minha. E para de falar que você está de lua de mel. Está a anos de lua de mel. – Desligo o telefone irritada.

Respiro fundo e penso no que eu fiz. Essa obra é muito importante pra mim. Não sei porque mas amei esse lugar. Nunca fiquei tanto tempo estudando sobre um lugar para fazer uma obra. Chegando aqui eu me encantei pelas pessoas, costumes, por tudo.  Queria dar o meu melhor no projeto.

Mas tenho que assumir que eu estava estressada demais. Ele me irritava na verdade. Me sinto mal perto dele. Não queria ter que trabalhar com ele. Respiro fundo e penso em como iria arrumar isso. Eu estava errada. Precisava pedir desculpas, mesmo não querendo. Respiro fundo outra vez e crio coragem para falar com Caleb.

Assim que saio da tenda vejo José, um amigo do meu pai que as vezes entregava os materiais em outros estados ou países. Os homens da obra estavam descarregando o material e nesse momento eu já conseguia perceber a diferença.

O material era muito bem embalado. Ele parecia ser bem cuidadoso. Matheus ficou acompanhando o material que chegava no local da obra e ficava organizando. Caleb ficava com o que saia do avião. Conferindo se estava tudo certo. Os dois pareciam trabalhar em harmonia e parecia que faziam isso a um tempo.

Eles eram rápidos e ajudavam a carregar se fosse necessário. Me lembro de ver diversas vezes o amigo do meu pai sentado dentro do escritório deixando que outras pessoas ficassem tomando conta dessa parte, na verdade tomava conta de tudo.

Eu ficava olhando o processo e pensando em como eu pediria desculpas e se eu precisava de fato pedir. Seria mais fácil fingir que nada aconteceu e seguir em frente. O material estava aqui. Ele iria embora. Então estava tudo bem. Seria muito mais fácil, mas não era o certo.
Espero o último material chegar , mas Caleb não aparece. Vejo Matheus olhando umas caixas e falando com o chefe da obra. Me aproximo dele tentando ser educada e paciente.

- Matheus certo? – Ele se assusta e confirma. – Chame seu chefe por favor.

- Vai nós humilhar de novo? – Ele pergunta assustado e desanimado.

- O que ? – Pergunto ofendida. – Chama ele logo. Anda. – Falo irritada.

- Humilhar? Eu humilhei eles? – Pergunto pra mim mesma.

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