Capítulo 28

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Caleb Nolasco

Passei algumas horas no telefone com o banco tentando pedir um empréstimo. Eu tinha dez mil na minha conta. Mas o banco não queria autorizar, a ligação caia o tempo todo. Jafari estava sentado na cadeira em estado de choque. Matheus já tinha deixado disponível os quatro mil que ele tinha a conta. Mas ainda não era o suficiente.

Quando completou uma hora do ocorrido. Bomani apareceu dizendo que ele já tinha designado alguns homens para ver com quanto os moradores poderiam contribuir. Mas sem dúvidas não era nem metade do que Matheus tinha.

Eu estava desesperado. Isabella foi levada de ante dos meus olhos e eu não pude fazer nada. Eles seguraram o braço dela com força e eu não pude me mexer. O homem jogou ela dentro do caminhão e eu não fiz nada. Fui um inútil. E mesmo tentando muito não estava conseguindo nada.

Meu plano B era ver quando os moradores conseguiriam. Eu já tinha quatorze mil. Faltavam 76 mil. Iria ligar para minha mãe e ver quanto ela e Catarina conseguiriam de empréstimo e eu tentaria pegar o que sobrou. Não seria eficiente, mas era a mentira que eu tinha de ajudar.

Quando completaram quatro horas. Eu já tinha conseguido cinco mil e duzentos Rand com pessoal do vilarejo. Eles estavam dispostos a dar mercadorias como alimentos, animais, artesanatos e móveis. Eu estava pronto para ligar para minha mãe, não queria ter que contar isso e deixa- lá preocupada, mas não tinha jeito.

Quando eu peguei o telefone para ligar. Escuto um barulho de carro estacionando rápido. Logo depois um barulho alto no chão. Saio da tenda com Jafari e Matheus atrás de mim me fazendo de escudo humano. Vejo Isabella jogada no chão.
Vou correndo na direção dela. Isabela estava com vários hematomas no corpo que provavelmente ficariam bem piores amanhã, e um pano enrolado com muito sangue na perna. Ela parecia estava fraca, eu levanto o rosto dela para olhar melhor.

- Isabella.... Fala comigo... ,- Ela me olha e não me responde. - Preciso de um médico.- Falo nervoso com Jafari.

- Preciso de um telefone.... Me leva.... para a tenda.... Rápido. – Ela fala com muita dificuldade.

- Tem que se cuidar. – Falo pegando ela no colo para levar a enfermaria.

- Preciso do telefone.... Elas vão morrer. – Ela fala ainda fraca.

Isabella estava suja de barro, com vários machucados, fraca e perdendo sangue e mesmo assim insistia em fazer uma ligação. Eu ando com ela para dentro da tenda. Coloco Isabella com dificuldade em uma cadeira. Ela se senta e me segura perdendo o equilíbrio.

- Vamos a enfermaria. Você faz isso depois. Uns minutos não vão mudar em nada. – Falo tentando argumentar.

- A cada... Duas horas alguém morre .... E acrescenta dez mil.- Ela fala enquanto de segura na mesa.

O chefe de obras aparece e fica olhando pra ela assustado. Ela pega o telefone, tenta se sentar direito na cadeira e respira fundo.

- Oi tio. Sou eu Isabella... Desculpe te ligar a essa hora sei que é madrugada ai... Mas tivemos um problema aqui na obra. Eu estava precisando liberar o fundo da empresa. Mas vou repor esse direito em um mês. – Ela se explica.

Ouve por mais alguns minutos e responde a algumas perguntas pessoais sobre a viagem do pai dela. Logo depois desliga e faz mais duas ligações exatamente como a primeira. Isabella fazia as ligações e ficava olhando para o relógio, vigiando a hora. Ela termina a terceira ligação, respira fundo e abaixa a cabeça na mesa. Ela estava muito machucada, assustada mas mesmo assim tentava ser forte, mesmo assim estava tentando resolver tudo. Vou até ela. Passo as mãos nos ombros dela e quando toco ela se assusta, me olha e volta a abaixar a cabeça. Começo a fazer uma massagem no ombro e na nuca dela.

- Precisa ir para a enfermaria. – Falo e ela nega com a cabeça.

- A cada duas horas uma pessoa morre. – Ela fala se arrastando.

Isabella pega o telefone e liga para a última pessoa. Demora um pouco mas ele logo atende. A expressão dela muda e ela parece virar outra pessoa. Até o tom de voz dela muda, ela fica soberba como a mesma mulher que disse que eu não tinha dinheiro.

- Oi tio Roberto. Desculpe te ligar a essa hora. Mas tenho uma grande oportunidade. – Ela fala de maneira firme. – Consegui um carregamento de diamantes com uma taxa bem baixa. Entende? – Ela escuta  a resposta que demora alguns minutos. – Preciso do dinheiro do fundo. Só uma pequena parte. Se der certo te coloco no meio. Mas vou devolver esse dinheiro. Você autoriza a retirada ? – Ela espera novamente. – Como é aqui? .... Como você vê nos filmes. Pobre e suja. – Ela fala e pede desculpas sem emitir som. – Sim tio. Muito obrigada. Não esquece de autorizar.

Isabella desliga o telefone rápido e olha o relógio. Pega o notebook e começa a entrar em sites. Faz mais uma ligação, dessa vez para o gerente do banco. Os homens em volta ficam olhando pra ela sem acreditar no que ela disse. Eles começam a conversar entre eles no idioma que não entendemos. Mas era nítido a irritação deles. Isabella tenta se levantar e quase caí. Eu a seguro pela cintura e ela tenta sorrir em agradecimento.

- Jafari. Tem como falar com o líder do cartel? – Ela pergunta rápido digitando alguma coisa no computador ainda.

- Simm... – Ele responde nervoso enquanto pega o telefone que ela apontou.

Jafari faz a ligação enquanto ela digita rapidamente. Ela estava com um hematoma na cabeça, na lateral e na testa como se tivesse batido o rosto de lado. Os braços estavam com as marcas das mãos que agarraram os braços dela. E a perna mesmo com o pano amarrado era sangue puro. Esse não era o povo dela, mas ela estava dando a vida dela por eles. E mesmo assim eles estavam irritados com ela. Sem dúvidas ela não quis dizer aquilo.

- Fala Jafari. – O líder do cartel fala.

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