Capítulo 8

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Caleb Nolasco

Catarina sempre foi muito comunicativa, animada. Como meu pai chamava, um raio de sol. E isso era natural. Todo mundo gostava dela, de estar com ela. Eu por outro lado, não conseguia começar uma conversa, mesmo bêbado. Queria ter cinco porcento dessa habilidade de Catarina, tudo seria muito mais fácil.

Demorei para me aproximar das pessoas. Assim foi mais difícil aprender as coisas, fazer amizades que me abririam portas no trabalho. Sempre foi um esforço muito grande. Então para equilibrar isso, encontrei Matheus, ele é como a versão masculina de Catarina, é o responsável nas obras. Precisei contratar ele porque tive muito desvio de material na hora das entregas e muito material desperdiçado por mau uso.  

- Caleb ?? – Minha mãe me chama e parece que não era a primeira vez.

- Oi mãe. Não te vi. – Falo voltando ao mundo.

- Percebi. Estava distraído? – Ela pergunta desconfiada.

- Estava pensando em umas coisas. Acabei me perdendo. Como foi o exame? – Pergunto e estendo o braço pra ela segurar.

- Tudo normal. Já disse pra não se preocupar. – Ela segura meu braço e saímos da clinica.

- Preciso sim. Vou olhar seus exames quando chegar em casa. – Falo e vamos andando até o carro.

- O que te deixou distraído? Ou quem... – Minha mãe pergunta me analisando.
- Nada. Só lembrando do passado. – Falo e abro a porta do carro.

- Estranho. Você não fala do passado. Está mentindo. Tem mulher no meio. – Ela fala entrando no carro.

- Como o assunto chegou em mulher tão rápido e eu nem percebi? – Falo e dou a volta no carro.

Peço a Deus que o assunto não se estenda. Minha mãe começou a me pedir netos. Disse que quer uma menina. Já pedi pra Catarina providenciar isso. Mas ele disse que dois meninos já está bom. Nesses últimos anos minha mãe fica me cobrando uma esposa, disse que eu estou ficando velho e que preciso parar de me comportar como uma adolescente quando o assunto é relacionamento.

Entro no carro, fecho a porta e vejo ela me olhando esperando uma resposta. Não tinha mulher nenhuma. E eu nem quero agora. Estou em um momento importante da empresa. Não posso me distrair. Mas ela vai insistir. Ela fica me olhando esperando uma resposta.

- Quer conversar sobre mulher. Tudo bem. Hoje uma vi uma doida andar de salto na obra. Provavelmente estava perdida. – Falo rezando pra ela se distrair com o assunto.

- De salto? – Ela fica curiosa.

- Roupa social. Cara de madame e salto. – Alimento a curiosidade dela.

- Quem era? A esposa de algum engenheiro? – Ela continua

- Não sei. Só tinha pião, eu e os cara e o dono da obra. Raul. – Falo pensativo.

- Era a esposa do Raul então. – Minha mãe dispara.

- Parecia ser muito nova.... Droga... Será que era a filha dele? Ele disse que ela estava chegando. Mas não dava pra eu esperar. – Falo assustado.

Pego meu telefone e busco na internet a foto da filha de Raul. Não foi fácil achar foto dela. Apareceu uma no site de fofoca falando do fim do casamento dela com uma suposta traição. Na foto ela estava de óculos escuros, cabelos bem mais claros e presos e com Raul tentando protege-la das fotos.

- Acho que era ela sim.... Parece ser. – Falo analisando a foto.

- Coitada, aqui está dizendo que o marido tinha uma amante e que engravidou a mulher. – Minha mãe fala com pena enquanto lê a notícia no meu celular.

- É um babaca. – Falo e minha mãe fica lendo a notícia.

Estaciono o carro no portão da minha mãe

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Estaciono o carro no portão da minha mãe. Abro a porta pra ela e entramos em casa. Minha mãe começa a rotina dela quando tem visita. Começa a preparar um café, ao mesmo tempo começa a fazer um bolo, o meu preferido era de laranja, mas ela começa a fazer chocolate o que significa que Catarina provavelmente iria aparecer. Antes de perguntar se isso iria acontecer eu já tenho a resposta. Catarina entra com as crianças de uma vez em casa, ela ainda tinha a chave de casa.

Rael e Caê entram correndo na cozinha e abraçam minha mãe. Eu aproveito para me afastar e fazer uma ligação. Passo por Catarina e faço um sinal avisando que ia voltar. Passo pela sala e sento em uma cadeira na varanda. Ligo para Matheus. Ele atende no segundo toque.

- Fala chefe. – ele atende animado.

- Fala Matheus. Tudo certo com o Raul? – Pergunto e ele começa a rir.

- Chefe você perdeu o espetáculo. – Ele fala rindo.

- Que espetáculo? – Pergunto preocupado.

- A filha dele apareceu lá. Patricinha... Toda madame mesmo. Arrumadinha, de salto. De salto chefe. Quando ela chegou todo mundo parou pra olhar pra ela. E nem é porque ela é bonita. É porque ela estava de salto. Daí ela começou a olhar o material, falar com o pai dela. Andou um pouco pela obra e todo mundo estava morrendo de medo dela cair. Mas ela não caiu. Então começou o espetáculo. – Ele faz uma pausa dramática.

- Conta logo Matheus. – Me irrito.

- Ela começou a achar erros na obra que não estava batendo com o projeto. O chefe da obra dee lá quis bater de frente achando que ela não entendia nada. Ela pisou na cabeça dele. Foi muito engraçado. Ela falou de todo o projeto, falou do uso dos materiais, aproveitou pra falar que o pessoal estava sem os equipamentos de segurança. Sobrou pra toda a equipe dele. – Ele fala rindo.

- Bem arrogante. – Falo lembrando dela saindo do carro.

- Não achei. Ela foi muito educada. Até o momento que o cara lá começou a tratar ela mal. Depois que eles saíram vimos o nome dela no projeto. Ela que criou o projeto. E com um pouco de pesquisa, descobrimos que ela é dona de vários projetos e que vai assumir  na empresa do pai. Ela sabe das coisas. – Ele conta animado.

- Bom para o Raul. Bem, o que importa pra gente é que deu tudo certo. Conseguimos esse contrato e pelo jeito teremos projetos futuros. Isso que importa. – Falo contando o assunto.

- Isso mesmo chefe. Nossa vez chegou graças a Deus. – Ele fala aliviado.

- Exatamente. Bem. Até amanhã então. – Falo e desligo o telefone.

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