Capítulo 12

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Caleb Nolasco

A semana foi passando rápido. Eu já tinha entregue o material da obra que Raul pediu. E recebi mais duas indicações deles. Amigos que precisavam de matérias para obras menores. Mas já era um começo. Tudo estava começando a dar certo. Eu estava trabalhando a alguns anos tentando chegar no nível que estou chegando hoje e o sentimento era foda.

Queria sair pra comemorar. Mas não é o meu estilo. Então decidi fazer um almoço na casa de Dona Lavínia. Liguei para ela e pedi que falasse com CaTáh também. Ela me passou a lista de coisas que eu precisava comprar e o horário que eu teria que deixar na casa dela. Era assim que ela fazia, na casa dela sempre podia acontecer eventos, mas ela cozinhava, ela escolhia o cardápio e você comprava e pagava tudo. E ela sempre exigia o melhor. Não adiantava vir com produto mais barato que ela dava um discurso de como o produto era ruim, que ia acabar com o gosto da comida dela e que eu estava trabalhando para poder comer bem. Era sempre a mesma história, então eu evitava, comprava exatamente o que ela pedia.

Durante o dia encontrei com Mateus na fábrica para ver a produção dos novos materiais. Na parte da tarde encontrei com os dois homens que Raul indicou. Com o primeiro eu consegui fechar um contrato com mais material do que o homem estava propondo pedir no início da conversa. Ele disse que foi muito recomendado por Raul e que queria o mesmo porcelanato que ele. O segundo homem foi mais difícil, queria tirar alguns produtos, mas eu o convenci a ficar com o projeto inicial.

E no final deu tudo certo. Minha empresa estava vendendo para projetos pequenos. Pequenas reformas de casas por exemplo. As pessoas compravam o mínimo. Com Raul estou chegando a outro nível, conhecendo outras pessoas. Por sorte um conhecido dele me indicou. Ele fez uma reforma no banheiro e na piscina. E parece que Raul já tem um fornecedor, que é inclusive amigo dele. Mas segundo esse conhecido, ele não está mais com materiais de qualidade, seu alguns prejuízos para Raul, mas não tenho certeza se isso está acontecendo ou o cara que gosta de falar.

Encerro a reunião com o segundo homem. Deixo uma cópia do contrato com ele, pego minhas coisas correndo, vou para o carro e dirijo rápido em direção ao mercado. Assim que entro no mercado olho a lista que minha mãe me passou por mensagem e começo as compras com o cronômetro mental ligado. Se eu me atrasasse um pouco escutaria pelo resto da semana. Minha mãe decidiu fazer um Strogonoff de camarão e batatas, torta de limão e pudim , porque Rael ama o pudim que ela faz.

Confiro se peguei todos os itens da lista e acrescento o vinho que minha mãe comentou a duas semanas que queria experimentar. Vou direto aí caixa e pago. Entro no carro e dirijo correndo para a casa dela. Chego no portão com um minuto de sobra. Toco a campainha e minha mãe vem me atender.

- Está atrasado. – Ela fala enquanto abre o portão.

- Cheguei aqui com um minuto sobrando. Você que demorou abrir o portão. – Falo no mesmo tom.

- Não me responda. – Ela me dá um tapa. – Abusado. Entra logo, se demorar mais eu não faço nenhuma comida. Vão ter que pedir.

- CaTáh vai adorar pedir pizza. – Falo com ironia.

- Ninguém pede lanche em dia de comemoração. Eu que faço a comida. – Ela fala resmungando enquanto entra em casa.

Minha mãe começa a preparar a comida e logo Catarina aparece com as crianças. Rael e Caê entram correndo pela casa da minha mãe. Vou direto para a cozinha Catarina coloca as mochilas no sofá e fica me olhando.

- O que foi? – Pergunto olhando pra ela.

- Nossa mãe disse que é um jantar de comemoração. O que estamos comemorando? Sua primeira namorada? – Ela fala com deboche e curiosidade.

- Engraçada como sempre. É a empresa. Estou conseguindo fechar bons contratos. Vai conseguir conquistar o que eu queria se continuar assim. – Falo de maneira seria.

- Ótimo irmão. Fico feliz. Mas você já está ficando velho. Não acha que está na hora de ter uma família? Não te preocupa estar sozinho? – Ela fala dessa vez preocupada.

- Estou bem assim. Já falamos sobre isso. Tenho uma família, vocês. E isso basta. Não tem como me sentir sozinho. Nunca. Você está aqui o tempo todo, vai ao meu apartamento sem avisar e leva seus filhos bagunceiros. – Falo implicando.

- Seu sobrinhos. E eles querem primos. – Ela continua.

- Eles já têm primos. Deixa assim. Esquece esse assunto. – Falo e vou andando para a cozinha.

Minha mãe terminou a janta com a ajuda de Catarina. Eu e os meninos arrumamos a mesa. Jonathan estava no trabalho, não pode aparecer. Então jantamos só nos. Durante o jantar os meninos falaram sem parar dos amigos no colégio, do que estava acontecendo na vizinhança.

Terminamos de comer e eu fui lavar a louça. Os meninos estavam correndo no quintal e Catarina e minha mãe estavam conversando sobre o casamento dela. Ela e Jonathan não estavam passando por um momento bom. Catarina sempre pensou em se casar, era o sonho dela. Eu sempre disse que era perda de tempo. O casamento dos nossos pais não deu certo, de uma tia próxima... Eu conheço mais pessoas que não deram certo do que as que deram certo. Eu não quero casar, mas é difícil para as outras pessoas entenderem isso.

Saio dos meus pensamentos com meu telefone tocando. Olho a tela e vejo o telefone de Raul. Ele estava me ligando fora do horário comercial. Provavelmente tinha algum problema, mas eu tenho certeza que o material foi entregue e em perfeito estado. Atendo o telefone preocupado.

- Fala Raul. – Atendo.

- Oi Caleb. Desculpe a hora. Mas queria te pedir um favor. Estou com uma obra grande e importante. E tive problema com o material. Pelo jeito não era de qualidade. Teria como mandar uma remessa? – Raul fala rápido. No fundo tinha barulho de música alta.

- Claro. Me diz pra quando e o que você precisa. – Falo mais calmo.

- Vou te mandar por mensagem o contato da minha filha. Ela que está organizando isso. Fale com ela por favor. Obrigado Caleb. Preciso ir, estou na minha lua de mel. – Ele fala animado e desliga.

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