Destinada ao Amor

Capítulo 36

Isabella Bacelar

Vejo Caleb em pé na minha porta com algumas sacolas na mão, provavelmente as mesmas sacolas de algumas horas atrás e lembro do quanto ele foi babaca. Tento fechar a porta mas ele segura. Ele me olha sério e depois olha para a minha perna.

- Está sangrando. Me deixa ver. – Ele fala olhando para a minha perna.

Eu continuo segurando a porta. Não queria falar com ele. Eu fui andando atrás dele e ele nem se importou. Se minha perna estava sangrando era culpa dele, por causa do esforço que eu fiz.

- Vai embora. – Falo chateada.

- Não vou. Vou ver o curativo. – Ele fica insistindo e minha irritação aumenta.

- Eu não quero. Vai embora agora. – Falo com raiva.

- Não sou seu emprego senhorita Bacelar. – Ele fala debochando e abre a porta.

- Não quero você aqui. Babaca. – Falo irritada.

- Me desculpe. Fui um babaca mesmo. Isso é culpa minha, duas vezes. Primeiro porque não te protegi, segundo projeto fui um babaca e te fiz andar atoa. Me desculpe, então me deixar cuidar disso e reparar meu erro. – Ele fala se sentindo culpado.

A primeira parte não era culpa dele. Caleb não podia evitar, era várias homens armados. Armas. O que ele poderia fazer? Ele não tinha culpa disso. Mas tinha culpa de me fazer andar sem necessidade. Abro a porta e vou andando com dificuldade para o meu quarto e deito na cama, por causa da dor eu não conseguia ficar muito tempo em pé. Segundo depois aparece e se senta ao meu lado na cama. Ele pega as sacolas e tira vários itens para fazer o curativo, Bomani já tinha comprado tudo, mas foi legal da parte dele se preocupar e comprar. Teria sido ótimo se ele não agisse como um babaca.

Ele me olha como se pedisse permissão e logo depois levanta um pouco o meu short com cuidado. Ele vai tirando o curativo com delicadeza até conseguir ver o ferimento. Tinha bastante sangue, fico olhando enquanto ele limpa o curativo.

- Está acontecendo algo entre você e Bomani? – Ele faz a pergunta sem sentido.

- Se tiver? Algum problema. – Pergunto irritada.

- Quero saber se está. – E ele se irrita comigo.

- Não te interessa Caleb. É a minha vida. – Falo e sinto vontade de chorar. Eu estava cansada.

- Pra mim interessa. – Ele diminuiu a irritação na voz.

Eu não era obrigada a responder. Porque eu tinha que responder. E se eu tivesse. O que ele tem com isso? E se não tivesse, teria alguma diferença? Tivemos um momento, eu acho que tivemos, e depois ele ficou todo estranho e por fim foi extremamente babaca. Porque eu deveria responder? Mas ele fica me olhando, esperando uma resposta.

- Não esta acontecendo nada. – Respondo sem vontade.

- Você queria que estivesse acontecendo? – Ele responde rápido.

- Não Caleb, não é isso que está acontecendo. Ele está sendo só cuidadoso. Nada está acontecendo. – Falo extremamente irritada.

- Está revirando os olhos porque? – Ele fala com um leve sorriso e isso acaba comigo.

Ele ajoelha na minha gente e termina de limpar a ferida extremamente cuidadoso. Ele me olha nos olhos e eu sinto aquilo de novo, aquele sentimento estranho. Uma energia que passa pelo meu corpo e eu fico hipnotizada. Sinto um calor subir e o toque dele a minha pele causa um efeito diferente. Prendo meu cabelo morrendo de calor e sinto meu rosto queimar. Ele passa a atadura na minha coxa acariciando minha pele em alguns toques. Ele se levanta sem desviar o olhar.

- O que você quer Caleb? – Pergunto nervosa.

- Nada e você? – Ele responde com o maldito sorriso.

- Água. Por favor. – Falo qualquer coisa para ele sair. – A África é sempre quente.

Ele vai até a cozinha e sai do meu campo de visão, assim eu consigo respirar melhor. Meu coração estava acelerado, a respiração descompassada. O quarto estava extremamente quente e meu rosto estava queimando. Caleb parecia se divertir com isso. Sinto uma energia diferente no ar. Algo que não consigo explicar. Ele volta para o quarto ainda me olhando e me entrega o copo, tento desviar o olhar mas não conseguia. Termino de beber a água e decido ir até a cozinha para sair e respirar um pouco mais.

Na hora que eu levanto minha perna fica fraca e eu quase caio. Caleb foi rápido e me segurou. Sinto uma mão dele segurar minha cintura, sinto a energia correr mais forte, a energia fica mais forte e ele vem se aproximando lentamente, eu não sinto vontade de me afastar ele chega bem perto dos meus lábios, eles quase se tocam e alguém bate a porta. Estou salva.

- Que inferno. – Ele fala baixo e eu dou uma risada. - Acha graça? – Ele fala sorrindo também.

Vou andando com dificuldade até a porta e ele vem logo atrás de mim. Abri a porta e vejo Ayo parada. Ela nos analisa dos pés a cabeça. Isso demora alguns segundos e a energia some. A expressão a Ayo muda e ela fica mais tranquila.

- Estão juntos? – Ela pergunta assustada.

- Você não é vidente? – Caleb responde rindo.

- Não podem ficar juntos. – Ela fala realmente preocupada. – O universo... Ele está mandando sinais... Confusos, mas vocês não podem ficar juntos.

Quando ela fala isso eu tenho um dejavu, de Ayo falando isso pra gente, mas era em outro lugar. Da mesma maneira que eu tive com Jafari. Ela disse que o universo estava mandando sinais. Eu não acreditava nisso, mas nesse momento um sentimento ruim apareceu.

- Porque não? –  Pergunto preocupada.

Era a segunda vez que a gente tentava e alguém nos impedia. Primeiro meu pai, e agora ela claramente dizendo que isso não poderia acontecer. E se for verdade? Existe uma consequência para isso? E qual seria?

- Eu não consigo ver. Você é um caso muito raro, eu nunca vi isso. Eu só vejo dor, arrependimento, tristeza. Nada disso é bom. – Ela aponta pra nós dois.

Ela fala mais uma vez que não consegue me ler. Eu estava começando a acreditar que eu tinha algum tipo de problema. O pouco que ela consegue ver não é algo bom. Mas eu nunca fiz mau a ninguém. Não sou uma pessoa ruim.

- De novo com isso? Não basta você falar toda aquela besteira agora de novo? – Caleb me defende irritado.

- Estou falando para o bem de vocês. É muita dor. – Ela continua.