Capítulo 67

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Caleb Nolasco

- É esse o anel. – Falo e o vendedor vem rápido.

- Esse pequeno? – Ele fala desanimado.

- Sim. Achamos uma pedra como essa na África. – Falo olhando para Raul. – Ela disse que ficaria linda em um anel.

- Então tem uma história. Ela gosta disso. – Raul sorri. – Coloca em um belo embrulho.

Nessa época a gente ainda se odiava. Isabella não suportava me ver andando pela obra. Fazia pouco tempo depois do problema da entrega de material. Ela estava andando de salto alto como sempre. E por onde ela passava tinha vários homens olhando morrendo de medo dela se machucar. Eu não sei se ela nunca percebeu esses olhares ou se nunca importou.

Um garoto que estava brincando com os amigos perto da obra começou a pular e comemorar. Os homens da obra que estavam perto dele se aproximaram achando que era ouro, mas logo depois se afastaram. Os meninos vieram correndo e mostraram para o resto de nós, quando chagaram perto de Isabella ela pegou a pedra, analisou bem de perto e disse sorrindo “sem dúvidas, ficaria lindo em um anel..” ela falou sorrindo e devolveu a pedra.

O sorriso dela naquela época já me fazia sorrir. Mas eu tentava ignorar isso a todo custo. Me lembro de Matheus me perturbando com isso durante a noite. Eu já gostava de Isabella, só não conseguia admitir.

O homem se afasta com o anel. Raul olha no relógio e diz que ainda temos tempo. Ele mostra as mensagens de Marina perguntando se ele tinha tomado café da manhã e se estava bem. Raul é claramente louco por Marina. Era até legal de ver. Ela se fazia de durona, mas também amava Raul.

Antes que eu pudesse pensar o vendedor apareceu com uma pequena sacola. Acompanhamos ele até o caixa. O valor com desconto não ficou ruim, mas eu sei que precisaria juntar um dinheiro para comprar um anel de noivado para Isabella. Noivado... Eu queria isso. Pago e saímos correndo da loja. Em alguns minutos chegamos ao aeroporto. Corremos para fazer o check in, despachamos as malas e logo depois entramos no avião. Não deu nem tempo de comer algo.

Raul tinha comprado passagem da primeira classe o que já era de se esperar. As poltronas eram camas, tinha televisão e outras mil coisas. Eu estava até perdido. Raul se sentou e deitou para dormir e eu fiz o mesmo. Não estava com sono, eu só não sabia o que fazer.

Com toda essa correria me dou conta de que esqueci de mandar uma mensagem para minha mãe e Catarina. Não dava satisfação da minha vida sempre. Mas duas coisas grandes estavam acontecendo na minha vida. Eu pediria Isabella em namoro e estava indo viajar para Maragogi. Assim que eu chegar lá ligo avisando.

....

Depois de algumas horas chegamos a Maragogi. Eu tinha acabado de pegar no sono quando Raul me chamou. Ele estava com algum copo de bebida alcoólica na mão. Ele virou o copo de uma vez só e se levantou. Saímos do avião. Pegamos nossas malas e Raul ia pedir um carro.

- Só um momento que eu preciso fazer uma ligação. – Eu me afasto um pouco e Raul fica olhando em volta.

Respiro fundo e ligo para a minha mãe. Eu precisava contar mas queria que fosse tranquilo. Catarina não ia gostar da ideia, sem dúvidas. Mas ela não podia fazer nada. Também não gostava de Jonathan mas ela casou assim mesmo. No terceiro toque minha mãe atende.

- Oi filho. Como está ? – Ela fala distraída.

- Estou bem... Está ocupada ? – Falo e escuto a voz de Catarina no fundo.

- Vou colocar pra Catarina ouvir também. Estamos cozinhando. – Ela fala e eu escuto Catarina.

- Oi Caleb. Porque está ligando? – Ela fala com o jeito Catarina de ser.

- Não sei como seus filhos são tão educados CaTah. Sempre me pergunto isso. – Falo implicando. – Bem, não tenho tempo. Estou em Maragogi e vou pedir Isabella em namoro. – Falo rápido.

- Oi??? – Catarina fala e eu escuto barulho de algo batendo.

- Como assim filho? É tudo... Muito.... – Ela para.

- Ela está grávida? – Catarina continua.
- Não... É um pedido de namoro. E vim com o pai dela. – Explico .

- Ele te obrigou ? – Catarina  fala rápido.
- Não... Eu quero fazer isso. Não torna isso mais difícil Catarina. – Fico irritado.

- Só acho que está sendo precipitado. Você não age assim. – Catarina fala irritada.

- Eu sei. Mas Isabella é diferente. Merda Catarina. Por favor. Não quer me ver feliz? Eu estou feliz. Pela primeira vez. – Falo irritado e percebo que perdi Raul.

- Faz o que quiser. A vida é sua. Vai ficar com uma patricinha que só quer se divertir com o pobre. – Ela fala irritada.

- Catarina... Caleb... Se acalmem por favor. – Minha mãe fala preocupada.

- Bem.. eu só queria avisar. Eu duvido que a família dela vai agir assim. – Falo irritado procurando Raul.

- O pai dela já aceitou o genro negro e pobre? – Ela fala e bate algo.

- Ele está mais animado que nós três juntos. Se bem que você não conta.... E ele que me levou pra comprar o anel. – Falo e acho Raul entrando em uma loja.

- Anel? É namoro ou noivado? Ela está grávida? Conta logo. – Catarina fica mais irritada.

- Catarina. Namoro.... Pedido de namoro. Bem, eu disse que estava sem tempo. Preciso ir.- Falo e desligo.

Vou andando até Raul respirando fundo. Ele não tinha nada a ver com isso. Me aproximo e escuto ele conversar com uma vendedora. Ela parece conhecer ele, estava tratando Raul com muita intimidade e ficava  insistindo para que ele comprasse algo. Eu vou me aproximando lentamente para observar a cena.

- Desculpe querida. Eu realmente não posso comprar nada. Não é por causa de dinheiro.... Por isso eu não entrei aqui... Estou fazendo terapia.... – Ele fala nervoso.

- Mas você comprou algo essa semana? Olha .. sua esposa vai gostar desse óculos. – Ela coloca na mão dele. 

- Eu realmente não posso... Me desculpe. – Ele fala olhando para os óculos.

- Mas não é pra você. É pra ela. Um presente. – Ela fala sorrindo.

Raul estava tentando resistir. Mas comprar era um vício. Meu pai tinha esse vício com bebida. Qualquer motivo era motivo para beber. Se o time ganhou ela bebia, se perdeu ele bebia. Se tinha conseguido um emprego bebia, e se era demitido, adivinha... Raul estava sendo forte.

- Raul... Estava te procurando. – Ele me olha nervoso.

- Eu estava te procurando. Não vou comprar nada. – Ele fala devolvendo os óculos.

- Ótimo. – Sorrio para a vendedora insistente. – Nosso carro chegou?

- Não .. esqueci de pedir. – Ele fala pegando o telefone.



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