Capítulo 60

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Isabella Bacelar

- Impotência. Me senti um nada. Sei lá... – Ele fala sem me olhar.

- Impotente? Com assim? –  fico confusa.

- Você é rica Isabella. Muito rica. Eu vim de família muito pobre. Nunca passei fome. Mas o dinheiro lá em casa era contato. Eu já tive minha luz cortada. Ficamos sem luz por três dias. Tomando banho frio e usando velas. Cozinhando na churrasqueira a lenha de tijolos que meu pai improvisou no quintal. Você nunca vai saber o que é isso. – Falo envergonhado.

- É muito triste. Mas como se sentiu impotente sobre nós dois? – Falo ainda tentando entender.

- Vou trabalhar muito. Mas não sei se vou conseguir te dar o mesmo padrão que seu pai te deu. Entende? Eu vou me esforçar muito. Mas não sei se vou conseguir te dar uma casa grande como aquela, com todos aqueles móveis, carros em uma garagem enorme. Eu vou me esforçar, mas não sei se vou conseguir. – Ele fala sem me olhar.

- Quem disse que eu quero aquilo? Aquela não é a minha vida. É a vida do meu pai. Que ele demorou muito tempo para conseguir. Você acha que na minha infância eu tinha vários empregados? Eu só tinha uma cozinheira e um motorista. – Falo debochando e ele ri.

- Não tinha pessoas para te carregar no colo? – Ele continua a brincadeira.

- Essa vida não é minha. Não sou tão burguesa quanto você pensa. Você conheceu a casa dos meus pais. Precisa conhecer o meu apartamento... Direito dessa vez. – Falo e ele sorri.

- Provavelmente dois quartos. Um quarto para roupa. Varanda. Uma empregada dentro e uma cozinheira. – Ele debocha.

- Sem empregados. Sem closet, apenas um armário. Mas tenho a varanda e sempre quis transar ao por do sol. Você pode conhecer meu apartamento quando eu voltar de viagem. – Falo e o sorriso malicioso dele aparece.

E como eu amo esse sorriso. O jeito que ele me olha, que sorri. O cheiro dele e como a pele dele toca na minha. Amo o fato dele saber exatamente o que fazer para me dar prazer. Ele respira fundo, se ajeita na cama e me olha.

- É golpe baixo falar essas coisas estando longe. – Ele me passa a mão na nuca.

- Te levei para o meu quarto. Você ficou de bobeira. – Falo alfinetando.

- Sou um merda mesmo. Podia ter aproveitado. – Ele fala sorrindo.

Escuto Marina bater na porta e me chamar, respondo que já vou.

- Bem não vou te atrapalhar. Vai lá curtir a viagem. Nos falamos quando der. – Ele fala com um leve sorriso.

- Vou, te mando mensagem. Até daqui a pouco. – Falo e mando um beijo.

Ele retribui e dessa vez sorri mais feliz. Eu desligo a vídeo chamada e abro a porta. Marina me vê ainda de pijama e cruza os braços sorrindo.

- Você é uma péssima companhia de viagem. – Ela fala entrando no meu quarto.

- Cinco minutos. Vou só tomar um banho e vamos sair. Organizou alguma  coisa para hoje? – Falo correndo para o banheiro.

- Dois restaurantes... Pontos turísticos e o passeio com emoção que você queria. – Ela fala sem vontade a última parte.

- Não acredito. – Comemoro no chuveiro. – Mas você vai junto.

- Não não não. De jeito nenhum. Eu não tenho mais idade Isabella. Se eu me quebrar aqui. Nem sei se meu plano de saúde da direito a alguma hospital aqui perto. E se tem algum hospital aqui perto.  – Ela fala tentando ficar seria.

- Qual é a graça de vir a Maragogi e não anda de buggy com emoção? Você não vai ter história pra contar quando voltar. – Falo quase terminando do meu banho.

- Preciso estar viva para contar a história. – Ela fala rindo.

- Vai estar segura. É com emoção, mas nem tanto. – Falo saindo do banheiro enrolada na toalha.

Coloco minha roupa. A mais fresca e confortável possível. Meu biquíni preferido, com um vestido por cima. Óculos escuros e uma bolsa pequena. Marina estava vestida como eu. As vezes como eu nos olho no espelho, parece que somos realmente mãe e filha. Faltava só chama-la de mãe. As vezes eu até tinha vontade, mas sei lá. Acho que ficaria estranho.

Saímos do quarto e começamos o nosso dia. Tudo entre nós duas era muito mais fácil. Meu pai sempre queria quebrar a nossa organização. Queria fazer tudo bagunçado. Almoçar quando o restaurante estava quase fechando. Jantar quase uma hora da manhã. O dia era um caos com ele.

André já estava parado na recepção, vestido a paisana, o que era extremamente engraçado. Ele usava shorts, blusa normal e sandália havaianas. Era engraçado ver ele sem terno e gravata. Ele sempre ficava constrangido nos primeiros segundos. Depois adotava o novo uniforme.

Escolhemos começar com o passeio de Buggy. Seria só eu e André. Mas é claro que eu tentaria até o último segundo colocar Marina nessa história. O Buggy já estava nos esperando na porta do hotel, isso foi surpresa para Marina. Pedi para André acordar isso ontem durante o check in. Vou andando até o buggy, falo com o motorista e ele me responde animado.

- Vem família. Estava esperando vocês. Vamos conhecer as melhores praias de Maragogi. – Ele falando animado.

- Já gostei de você. Vamos com emoção. – Falo entrando no buggy.

- Eu vou ficar bem aqui e segura. – Marina fala.

- Vamos. Vai ser divertido. André te segura. – Falo e ele me olha.

- Vem mãe. Não vai deixar sua filha ir sozinha. – O moço fala e todos se olham.

- Vem mãe... – Repito como o motorista.

Ela fica me olhando de forma estranha. Respira fundo e sorri. Entra no carro e se segura com força. Eu fico ao lado dela e André fica na parte de trás. Aonde não era tão seguro. Era o lugar que eu queria ficar. Mas preciso dar uma força a Marina.

Saimos da entrada do hotel e começamos a andar pela cidade. Maragogi era lindo demais. Eu amava a cidade. Faço algumas fotos e mando para Zuri e Bomani. E digo que quero trazer eles aqui um dia. Chegamos na primeira praia e meu telefone toma em chamada de vídeo. Olho a tela e era Bomani.

- Isabella... Oi... o lugar é lindo. Pesquisei e fica longe da sua casa. Não foi sozinha certo? – Ele fala desconfortável.

- Não. André está comigo. E Marina. – Falo e o buggy começa a pegar emoção.

- André? – Ele questiona e eu mostro André na tela quase caindo do carro. – Não está mais com Caleb? E o que está acontecendo? Quem está dirigindo assim? – Ele fala preocupado.

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