Capítulo 64

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Isabella Bacelar

A pior noite da minha vida. O pior pesadelo que eu poderia ter. Tudo era extremamente real. As roupas eram mais antigas que a época da minha bisavó, eu sem dúvidas não vivi essa época. Mas tudo era muito real. Eu acordo suada, assustada e gritando.

André abre a porta e entra rápido. Fica olhando em volta e logo depois Marina aparece assustada. Eu tento parar de chorar mas não consigo. André olha o quarto todo e depois percebe que foi um pesadelo. Eu abaixo a cabeça e continuo chorando. Marina fecha a porta e se aproxima. Senta na ponta da cama e acaricia minha cabeça.

Meu peito estava doendo demais. No mesmo lugar que Caleb tinha levado o tiro e no mesmo lugar que eu senti dor no sonho. Meu corpo estava todo dormente. Era como se eu ainda estivesse presa no sonho.

- Isabella... Foi um pesadelo? – Marina fala com delicadeza. – Como posso te ajudar?

Eu apenas deito no colo de Marina e tento ao máximo parar de chorar. Ela fica mexendo no meu cabelo. E depois de longos minutos eu consigo falar. André estava sentado no sofá na frente a minha cama. Eu respiro fundo e começo a contar o pior pesadelo que eu tive.

Falo do quando foi real e conto cada detalhe. André me pergunta se o homem mirou em mim. E eu digo que não. No sonho o homem queria mirar em Caleb. Marina me pergunta se eu sabia quem o homem era. E eu conto a estranha sensação de conhecer o homem, mas não saber quem ele era.

Eles decidem dormir no quarto comigo. Na verdade faltavam quatro horas para amanhecer. Eu fechava os olhos e a imagem de Caleb estava na minha cabeça. O homem gritando “ nunca vai ficar com ele Isabella, nunca.” Ele tinha muito ódio na voz, raiva. Era alguém que provavelmente tinha sentimentos por mim.

Tento dormir mas tudo voltava a minha cabeça. O barulho do tiro, o grito, Caleb caindo no chão e seus olhos sem vida. A dor de perder ele era dilacerante. Era a morte. Eu nunca senti tanta angústia na minha vida.

Passei horas tentando entender o sonho. Eu e Caleb no passado. Aquelas roupas, o campo lindo. Não entendia o que tudo isso significava. Olho o relógio, cinco e quarenta da manhã. Na África provavelmente era dez e quarenta. Pego meu telefone e mando uma mensagem para Zuri. Ela sem demora me responde.

Eu me levanto com cuidado para não acordar Marina. Antes que eu pudesse colocar os pés no chão André acorda. Ele me olha assustado e eu faço um sinal pra ele ficar deitado. Ele fica me analisando por alguns segundos mas me deixa ir. Eu pego os fones de ouvido e ligo.

Vou andando lentamente, ainda exausta, até a varanda. Pego meu telefone, coloco os fones e fecho a porta da varanda. Me sento na cadeira e faço a vídeo chamada. Depois de alguns toques ela atende. Para a minha surpresa Bomani estava junto.

Eu começo conversando ouvindo as novidades. Mas depois de alguns minutos Zuri percebe que existe algo errado e me pergunta. Depois de um pouco de insistência eu decido contar. Zuri e Bomani me escutam atenciosamente, analisando cada detalhe do sonho. É antes de chegar ao final Ayo aparece na porta deles.

Parece que foi combinado. Mas sei que não foi. Por algum motivo algo chamou ayo a casa de Zuri. E segundo ela, eram os Deuses. Ayo fica me olhando por alguns segundos e logo depois fecha os olhos como se estivesse fazendo uma oração. Depois de alguns segundos ela abre os olhos e me olha com pena.

- Você ficou muito assustada ? – Ela me pergunta quase afirmando.

- Não entendi. – Falo desconversando.

- O tiro no peito de Caleb. A angústia que você sentiu. Ver a morte nos olhos dele. – Esse último detalhe eu não tinha contado a Zuri e Bomani.

- Como sabe disso ? – Pergunto assustada.

- Os Deuses me contaram. Não foi um sonho. Foi uma de suas vidas. Sempre termina de maneira trágica. – Ela fala triste.

- Como assim sempre ? – Rebato.

- Eu disse Isabella, vocês não poderiam ficar juntos. Mas vocês insistiram. Sempre termina pior pra ele. Até mesmo quando é ele que sobrevive e foram poucas vezes. Ele que sempre se sacrificar por você. – Ela continua explicando. – Eu nem deveria estar te contando isso.

- Comi assim? Como sabe disso? – Pergunto nervosa.

- Os Deuses. – Ela fala e fica me analisando.

- Eu não posso fazer nada para mudar isso? – Pergunto confusa.

- Eu não sei. Estou descobrindo tudo agora. Tudo foi mantido em segredo, esquecido na verdade. Por causa de um acordo que você fez. Mas quando se relacionou com ele. Tudo mudou. – Ayo fala pensativa.

Ela diz que tudo mudou e eu lembro do primeiro beijo com Caleb. De como a energia estava pesada e depois do beijo tudo ficou mais leve.

- Então está me dizendo que o sonho foi real? Que aquilo realmente aconteceu? – Pergunto assustada.

- Sim. Você pode ver uma memória de uma vida passada. Vocês são almas gêmeas que nunca ficam juntas. E pelo o que eu entendi, essa é a última chance de vocês. Não deveria ser. Tudo já deveria ter acabado. Mas você quebrou o acordo. – Ayo continua me assustando.

- E quais são as consequências? – Pergunto preocupada.

- Eu não sei. Eles não me contam tudo. Eu não tenho como saber de tudo. Mas sei que você já quebrou sua parte do acordo. Agora não tem mais o que fazer. – Ela fica me olhando.

- E quem era aquele homem? – Me lembro do homem do sonho.

- Algum relacionamento mal acabado. Que não aceita te perder. Tem alguém assim na sua vida hoje ? – Todos ficam me olhando.

- Não. Todos os relacionamentos foram acabados. Eles que acabaram. – Falo pensativa.

- Tem certeza disso? – Ela me olha e confirmo. – Não faz sentido. De está terminado, não teria motivo pra ele voltar agora. Pense bem sobre isso. E se cuida. Isso foi um aviso dos Deuses. – Ela fala de forma misteriosa.

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