Capítulo 31

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Caleb Nolasco

- Chamada de vídeo. Marina não pode me ver assim. – Ela grita do quarto.

- Sua mãe? Qual o problema? – Falo e pego o telefone.

- Ela é minha madrasta. É quase uma mãe. Mas não nos chamamos assim. Enfim.... Eles vão ficar preocupados. – Ela sai do quarto. – Estou bonita?

Que pergunta idiota. Quando ela não estava? Só quando estava me humilhando na frente de todo mundo e acho que até nesse momento ela estava bonita. Ela tinha colocado uma calça e blusa social. Parecia que ia para o escritório. Blusa de manga para esconder as marcas nos braços e a calça para esconder as pernas e os joelhos. O cabelo estava muito bem arrumado.

- Quando não está? – Respondo sem perceber e ela me olha estranho. – Eles não podem saber mais minha mãe e irmã podem? – Falo rápido pra mudar de assunto.

- Não era você que estava sequestrado. – Ela reponde sentado ao meu lado.

- Podiam me sequestrar depois e elas não entenderiam isso. – Rebato.

Ela senta, respira fundo e fica seria. Foi uma cena engraçada de se ver. Ela tinha que mostrar pra eles uma personalidade mais rígida? É a família dela. Ela atende a chamada e na tela estava o pai dela sentado em uma mesa de algum barzinho na praia, com uma bebida colorida com um guarda-chuva pequeno dentro e um pedaço de fruta. Ele já parecia estar bêbado porque sorria o tempo inteiro. Ao lado dele estava Marina, um pouco mais séria.

- Olaaaa filha. Olha que lugar lindo. – Ele mostra a paisagem. – Você tem que conhecer. Da pra pegar os peixes na mão pra tirar foto.

- Não. Não dá. Você fez isso e pagou uma multa. Não pode fazer isso Isabella, mas você conhece seu pai. – Marina fala e me lembra o jeito rígido de Isabella.

- Não podia? Eu não paguei multa nenhuma. – Ele fala perdido.

- Eu paguei. – Marina explica.

- Marina não tem uma área infantil pra você deixar ele pra poder curtir a viagem. Um lugar com três monitoras para cuidar dele. Assim vai curtir o passeio. – Isabella fala com ironia.

- Infelizmente não. Mas na próxima viagem vou providenciar isso. Além dos peixes ele tentou invadir o bar para pegar uma garrafa de bebida que ele nunca tinha visto. E outras coisas mais. Eu te conto quando voltar pra casa. – Ela fala e suspira. – Quem é ele?

Ela pergunta e eu me dou conta de que estou ao lado de Isabella, muito próximo por sinal e metade do meu rosto está aparecendo na tela. Isabella parece perceber junto comigo. Ela me olha assustada.

- Caleb. Ele está está fornecendo nosso material. – Raul fala enquanto recebe outro copo de bebida.

- Estão trabalhando... Na sua casa? – Marina interroga.

- Sim. Trabalhando. – Isabella responde nervosa.

- Porque a roupa dele está suja de barro? – Marina continua.

Então eu me dou conta de que eu não tomei um banho até agora. Eu estava tão desesperado em saber o que estava  acontecendo, em salvar Isabella, resgatar Isabella, levar Isabella ao médico, Isabella acordar... Que eu nem me dei conta de que estava ainda com a mesma roupa.
- Por causa da obra. – Respondo pensando.

- Porque não conseguimos falar com você ontem? – O interrogatório não para.

- Porque... – Isabella me olha. – Marina. A obra ontem estava confusa... Trabalhamos até tarde... Foi isso. – Isabella fala extremamente nervosa.

- Marina. Deixa eles. Nosso barco chegou. – Raul fala e se levanta.

- Raul espera. – Marina grita com ele. – Vou te ligar mais tarde. Ontem tive um sentimento ruim. Fiquei preocupada. Se cuida por favor e volta logo pra casa. Não vou conseguir cuidar do seu pai sozinha. – Ela fala e olha pra longe. – Ele se jogou no mar de novo. Preciso ir. – Ela desliga o telefone.

- Se jogou no mar? – Pergunto sem entender.

- Provavelmente tentou pular no barco. Mas está bêbado e errou a mira. – Ela fala cansada. – Coitada da Marina. Vou marcar uma viagem pra ela sem meu pai. – Ela suspira e solta o telefone.

Ela fala e me olha. O clima estranho toma conta. Eu me olho e vejo minhas roupas. Me levanto rápido e Isabella fica sem graça. Eu tinha que tomar um banho, trocar de roupa. Ela estava limpa, cheirosa e linda. E olha pra mim? Me olho no espelho e parece que um caminhão tinha passado por cima de mim.

- Vou pra casa tomar um banho e volto mais tarde. – Falo rápido.

- Não precisa voltar. – Ela fala sem graça.

- Vai ficar sozinha aqui? E se tiver febre? Se o ferimento abrir? – Arrumo motivos.

- Vou ficar bem. Não precisa. Vai pra casa. Arruma suas coisas para voltar para o Brasil. – Ela fala e vai até a porta.

- Não vai precisar de mim? – vou andando encarando ela.

- Não. Está tudo bem. – Ela olha para o lado de fora. – Se eu precisa de alguém. Tem o Bomani que está sempre por perto. – Ela fala rindo.

- Oi senhorita Bacelar... Que bom que está bem. Queria agradecer por salvar o nosso povo. – Ele fala nervoso.

- Não precisa agradecer. Está esperando por alguém hoje também? – Ela fala rindo.

- Ele já foi embora. Eu estava indo também. Mas a senhorita abriu a porta. – Ele fala e me olha. – Não sabia que estava acompanhada.

- Caleb já está de saída. – Ela fala me olhando.

- Mas vou voltar mais tarde. – Falo olhando para Bomani.

- Precisa de algo Bomani? Pode entrar. – Ela fala e antes de terminar a frase ele já estava dentro da casa dela. – Pode ir Caleb.

Ela fala e eu saio. Bomani até ontem não suportava ela. E que história é essa de que ele estava sempre por perto? Como perto? Mas pensando bem, quando os caras da obra falavam mal dela , rara eram as vezes que ele falava algo. Ele sempre se afastava e já chegou até defender ela. Vejo Isabella fechar a porta sorrindo, ela não estava sorrindo assim quando estava comigo. Fico em pé olhando a porta fechada e tento escutar o que eles estavam falando. Sinto alguém tocar meu ombro e me assusto. Vejo Matheus parado olhando para a porta.

- Esta olhando o que ? – Ele questiona.

- Nada. – Falo e vou andando na direção da minha casa.

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