Capítulo 30

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Caleb Nolasco

Escuto Isabella abrir mão de uma quantia alta de dinheiro. Mas isso não me assusta. Primeiro porque ela tem muito dinheiro segundo porque pareceu algo natural. Ayo ficou olhando pra ela analisando.

- Porque salvou um povo que não é seu? Deu tanto dinheiro para pessoas que você nem conhece? – Ayo pergunta analisando.

- Só posso salvar o meu povo? Eram mulheres e crianças. Que tipo de pessoa eu seria se não ajudasse? – Isabella  fala e Ayo se vira para olhar pra ela.

- Não é só isso. Porque escolheu esse vilarejo? Nós nem aparecemos no mapa. Poucos sabem da nossa existência. Mas você nos achou. – Ayo interroga.

- Eu não sei. Olhei o mapa e achei o vilarejo. Porque está me perguntando tudo isso? – Isabella  fala nervosa.

- Porque você está escondendo algo desde que chegou. Você é uma página em branco. Não sei nada de você. Não consigo ver nada do seu passado. Como um fantasma. Sua vida atual, mesmo tento dinheiro , você também se mantém como fantasma. Nas redes sociais não tem nada, notícias são poucas. O que vai ganhar com tudo isso? – Ayo ataca Isabella.

- Porque está fazendo esse interrogatório? – Me irrito e me meto no assunto. – Ela está ajudando. Não é assim que trata alguém que está ajudando.

- Porque até então eu não conseguia ver nada. Mas hoje quando ela acordou eu consegui ver. É só dor. Muita dor. Não sei o que você fez, mas causou muita dor a alguém. Quem ? – Ayo se torna mais agressiva.- E porque está aqui?

- Eu nunca fiz mal a ninguém. – Isabella fala assustada.

- Eu sei o que estou vendo . – Ayo rebate

- E eu sei o que eu fiz. E eu não fiz mal a ninguém. – Isabella  fala um pouco irritada.

Jafari cutuca Ayo e fala algo no idioma secreto deles. Ela se vira para frente contrariada. Isabella fica olhando para o chão pensativa e um pouco envergonhada. Assim que chegamos a casa dela, Isabella se levanta e sente dor na perna, mas sai andando. Eu vou atrás dela e a seguro pela cintura. Ela tenta me afastar mas eu seguro com mais força.

- Eu não vou te soltar. – Falo me preparando pra uma briga.

Isabella simplesmente se cala, aceita a minha ajuda é assim entramos em casa. Ela vai direto para o quarto dela. Isabella vai direto para o banheiro, eu me sento na sala e respiro fundo. Relaxo pela primeira vez depois de longas horas.

Fecho os olhos e vejo Isabella dentro da tenda com o líder. Ela estava visivelmente assustada. Mas tentava ser durona. Tento esquecer essa imagem e vejo Isabella ser arrastada para dentro do caminhão e depois estar caída no chão. Eu queria ajudar mas o cara estava me segurando. Me senti impotente e humilhado. Levaram ela e outras mulheres e eu não fiz nada.

Passei horas sem informação nenhuma. Nenhuma ligação, nada. Jafari só ficava nervoso repetindo que era assim que o Cartel agia. Que ele precisava conseguir o dinheiro. E depois de algumas horas simplesmente jogaram ela na frente da tenda, toda machucada.

Meu coração parecia que ia explodir. Parte por alívio de ver Isabella viva e por outro lado me sentindo um merda por ver ela machucada e saber que eu não consegui fazer nada. Queria tirar ela daqui. Queria colocar ela no próximo avião para Brasil e nunca mais voltar aqui. Mas ela voltou durona com sempre.

Ela me pede um telefone e começa a fazer ligações. E em menos de duas horas consegue todo o dinheiro necessário. Pelo o que eu entendi ela tirou esse dinheiro da empresa. Quase todo mundo entendeu, menos um tio babaca. Eu percebi o incomodo dela só falar daquele jeito. Mas foi necessário.

Isabella não era egoísta ou mimada como eu pensava que era. Ela se machucou, conseguiu esse dinheiro e abriu mão dele por um povo que ela nem conhece. Eu estava errado sobre ela. E agora outra questão. Porque eu me preocupo com ela? Porque deixei de pegar meu vôo? Eu podia ter corrido risco de vida.

Ela estava presa. Iria voltar sem a minha ajuda, eu não fiz nada. Mas mesmo assim fiquei. Catarina ficou extremamente chateada. Não queria dizer a ela e minha mãe que o motivo da minha permanência na África tinha sido um sequestro. Sem dúvidas elas ficariam preocupadas e iriam me implorar para voltar. Tive que dizer que tivemos outro problema e que a chefe pediu pra ficar.

Tive que ouvir por alguns minutos Catarina falar mal de Isabella, chamando ela de irresponsável, desumana e sem família. Eu só queria desligar o telefone mas ela não parava de falar. Porque eu fiquei?

- Caleb? – Isabella me chama

Pela cara dela não tina sido a primeira vez. Isabella estava com um pijama daqueles tecidos brilhosos típico de menina rica. Era azul marinho e tinha uns detalhes de renda. Uma blusa regata e um short... O ferimento na perna dela estava exposto. Eu já estava sorrindo provavelmente e quando vi o ferimento me lembrei de tudo.

- Você está com alguma problema? Ficou surdo? – Ela pergunta dessa vez irritada.

- Não. – Respondo rápido olhando nos olhos dela.

- Estou te chamando a horas. – Ela fala exagerando. Isso é novo.

- Estou aqui a menos de uma hora. Isso seria impossível. – Falo implicando com ela.

- Vai embora. – Ela fala e revira os olhos.

- Porque ? – Falo e me levanto.

- Vai ficar aqui me irritando. Não preciso disso. Pega seu vôo e volta para a sua família. Eles devem me odiar por fazer você perder o vôo. – Ela fala se sentando no sofá.

- Odeiam mesmo. Principalmente a minha irmã. Até porque você me mandou ficar aqui porque tivemos um problema na obra. – Falo sorrindo.

- Não tivemos não. Eu fui sequestrada. É diferente. Deveria ter contato a verdade. – Ela fala me olhando.

- Você contou a verdade ao seu pai ? – Ela me encara. – Como eu contaria? Elas me mandaram voltar imediatamente. – Falo e sento ao lado dela.

- Deveria ter voltado. Esse era o combinado. Estaria com a sua família agora. – Ela fala me olhando.

- E não estaria aqui. – Falo e olho no fundo dos olhos dela.

- Idai ? – Ela fala né encarando.

- Quem cuidaria de você? Quem teria te levado ao médico? Quem teria dormido lá com você? Quem iria te trazer pra casa e estaria aqui agora ? – Falo e me aproximo um pouco.

- Zuri... Ela podia ter ficado. – Ela fala e se aproxima automaticamente.

- Ela cuidaria de você da mesma forma que eu vou cuidar? – Falo e dou um leve sorriso.

Antes que ela conseguisse responder qualquer coisa o telefone dela toca e ela se assustada. Ela se afasta como se tivesse saído de um efeito de hipnose. Ela olha a tele do telefone e se assusta. Olha em volta e corre para o quarto deixando o telefone em cima do sofá. Na tela estava escrito “Sr. Bagunça” e no fundo uma foto dela com Raul.

- O que está acontecendo? – Pergunto confuso.

Destinada ao Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora