Capítulo 23

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Caleb Nolasco

Eu não deveria ter vindo. Mas já estava na porta. Isabella me olha seria, chateada.

-Precisa de algo? - Ela fala um pouco irritada.

-Não... Falaram que você tinha saído mais cedo. - Falo Sem graça  e ela revira os olhos.

-Já estou voltando. - Ela fala quase fechando a porta, mas eu seguro.

-Não é isso. Fiquei preocupado. Só queria saber se estava bem. - Falo e ela entra em casa me deixando entrar.

-Está preocupado porque? - Ela fala um pouco irritada.

-Eu te fiz algo? - Começo a me irritar.

-Não. Não fez nada. Já estou voltando. Não se preocupe Caleb. Pode me dar licença? - Ela fala andando até a porta.

Olho para ela sem entender. Isabella tinha esse efeito, já era a segunda vez que eu começava a brigar, e eu nem sabia o motivo. Eu não queria brigar, então faço a vontade dela. Vou andando até a porta. Ela fica me olhando nos olhos irritada e eu nem sabia o motivo. Quando chego na frente dela, me irrito com a situação.

- Não. Eu não fiz nada. Você está agindo como uma maluca. – Falo e me arrependo.

- O que ? – Ela me olha sem acreditar.

- Não é isso. Não quero brigar. Quero só entender o que está acontecendo. Tenho esse direito. – Falo sendo firme com ela.

- Nada Caleb. Já disse. Quero só me arrumar e voltar. – Ela fala irritada.

Isabella nem olhava nos meus olhos. Mas o rosto dela ficou vermelho. Ela estava irritada. Me afastando. Agora que tudo estava começando a ficar bem ela estava me afastando. Agora que eu estava começando a suportar e gostar da presença dela ela estava me afastando. E eu não fiz nada. Ela faz um sinal para eu sair e eu respiro fundo para não me irritar mais. Seguro o braço dela com cuidado para não machucar, fecho a porta e ela fica me olhando sem entender. Vou até o sofá e me sento. A gente precisava se dar bem, teriam outros projetos no futuro. Não pode ser esse inferno sempre.

- Só vou sair daqui quando me contar o que está acontecendo. A gente estava bem e hoje você está me tratando assim. Você é bipolar? – Falo e ela de irrita.

- Bipolar? É sério? – Ela bufa irritada.

Isabella vai até o quarto dela. Fica alguns minutos. Eu fico sentado no sofá dando espaço pra ela. Encosto a cabeça no sofá e fecho os olhos. Penso o que vou fazer. Eu disse que ia ficar. E se ela fica trancada até amanhã no quarto? Eu fico até amanhã aqui? E se ela sair pela janela? Me viro e olho a porta. Ela não seria doida. Mas ela é doida.

Depois de longos minutos ela abre a porta, sai do quarto vestindo a roupa social de costume. Arrumada para voltar a trabalhar. Ela passa por mim como se eu fosse invisível, como da primeira vez. E vai rápido em direção a porta. Quando eu entendo a situação levanto de uma vez só e vou atrás dela. Isabella abre a porta e passa e eu vou correndo atrás dela. Seguro a mão dela e ela puxa o braço, eu seguro a outra mão e faço ela virar de frente pra mim. Ela tenta me empurrar e eu seguro com mais força e tentando ao máximo não machuca-la.

- Me solta Caleb. – Ela fala e eu vejo lágrimas nos olhos dela.

- O que está acontecendo? Tenho o direito de saber. Me deve isso. – Falo irritado.

- Eu não te devo nada. Devo porque? Eu nem te conheço. – Ela rebate no meu tom.

- Porque conversamos e tudo estava bem. E hoje você está me tratando assim. Parece que eu te fiz algo. Mas eu não fiz. – Falo mais alto que ela.

Escuto Alguém falar alguma coisa e então percebemos que estamos na porta da casa dela, na rua. As pessoas que estavam passando pararam e ficamos observando a cena. Isabella abaixou a cabeça envergonhada e eu soltei o braço dela. Todo mundo estava em volta comentando algo no dialeto que eles usam quando não querem que a gente entenda. Isabella entra em casa e eu faço o mesmo. Fecho a porta e ela vai direto para o quarto dela.

- Não vai conversar comigo? – Falo indo para o quarto dela.

- Não tenho o que conversar. – Ela continua se defendendo enquanto me ataca.

- Fala sério Isabella. – Falo e ela se senta na cama.

- Estou com saudade do Brasil. É isso. – Ela fala enquanto limpa uma lágrima.

- O que eu tenho a ver com isso ? – Falo olhando pra ela.

- Você é muito babaca Caleb. Vai embora. – Ela me olha irritada.

- Não. Você me entendeu errado. Desculpe. Quero saber porque está descontando em mim? – Tento arrumar meu erro.

- Eu sei não. Não me faça pergunta difícil. Devo estar doente. Sei lá. Ou é a saudade. Não sei porque está se preocupado. Você vai embora. Vai voltar daqui a pouco. Então.. Só vai embora. Você já está indo mesmo. – Ela fala e vira de costas.

- Está com raiva porque eu vou embora? – Fico sem entender.

- Pode ir embora se quiser. O problema é seu Caleb. Só sai daqui. Vai embora. – Ela fala desanimada. – Me deixa em paz, por favor. Estou te implorando. Vai embora.

Ela fala com tristeza. Fico parado olhando toda a situação por alguns segundos ainda sem entender. Então o meu erro é ir embora. Eu tinha que ficar? Mas eu ensinei tudo a ela. Não combinei com o pai dela de ficar até o final da obra, nem com ela. Eu não tenho mais serventia aqui. Não posso ajudar em mais nada.

- Me desculpe por... Ir embora. – Falo e saio do quarto.

Vou andando até a porta ainda tentando entender. Saio da casa de Isabella e vejo algumas pessoas curiosas ainda rondando a porta dela. Vou caminhando para a minha casa ainda tentando digerir o que acabou de acontecer. Antes de chegar na minha porta eu encontro Ayo sentada em uma cadeira me olhando, como se estivesse me esperando.

- Agora eu consigo ver um pouco do seu passado. – Ela fala me olhando.

- Não entendi. – Falo querendo entrar em casa.

- Você chegou aqui como um livro em branco. Mas agora a grande névoa está começando a baixar. – Ela fala de forma misteriosa.

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