Capítulo 40

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Isabella Bacelar

- Me da uma chance. Você está gostando disso? – Caleb pergunta  apontando pra nós dois.

Se eu queria dar uma chance? Óbvio que sim. Caleb era diferente, singular, único. O que eu sentia com ele era diferente e isso não era clichê. O clima mudava quando eu estava com ele, a energia no ambiente era outra quando ele chegava, eu sentia que eu poderia ser quem sou de verdade, sem ter que mostrar que sou forte, perfeita ou super inteligente. Eu poderia ser simplesmente eu. Com ele tudo era mais fácil, mais simples.

Tudo no jeito dele me encantava. Depois do primeiro beijo tudo mudou. Antes dele eu sentia o tempo todo que precisava me afastar dele. Manter ele sempre a uma distância segura, como sempre foi com qualquer homem, porque eu não queria ser machucada de novo, mas também porque eu precisava dessa distância como uma barreira de proteção, para mostrar o quanto sou forte, mostrar que não preciso da ajuda deles, me impor como sempre foi extremamente necessário.

Mas com Caleb não era. Eu não precisei impor respeito. Ele simplesmente me viu como uma chefe, como alguém capaz de estar no cargo que eu estava. Ele apenas me respeitou. É claro que com ele é diferente, ele é diferente. E se eu queria estar com ele ? É óbvio que eu queria. Mas estou com medo das consequências, quais serão? Ayo não quis me contar. E bo fundo eu sinto que preciso se afastar dele, mesmo sendo muito bom.

Mas ela diz que tudo está ligado a esse sentimento de querer afastar dele. Era como se eu tivesse que proteger ele de mim. Eu não entendo isso, não sei explicar. Mas adoro estar com ele e quando estamos bem, vem uma voz na minha cabeça que me diz que preciso me afastar, parece que não vou fazer bem a ele.

Ela não me contou nada. Disse apenas que não é a primeira vida que estamos juntos. Ela disse que vê muita dor na minha áurea e que se eu não fiz nada de ruim nessa vida, foi na anterior. E se eu tiver feito algo com ele? E se eu tiver sido uma pessoa ruim? Eu nunca machuquei ninguém nem desejei isso. Mas depois da conversa com Ayo eu fiquei perdida.

Tudo isso estava enchendo minha cabeça. Antes do líder aparecer no vilarejo, em um dia voltando do trabalho Ayo me procurou, disse que algo ruim estava para acontecer, que o vilarejo estaria em perigo e que eu estava no meio disso. Não dormi essa noite. Fiquei pensando o que eu poderia fazer para colocar eles em perigo. Então o sequestro aconteceu e eu fiz de tudo para resolver, voltando para casa Ayo ficou me questionando o que eu ganharia com isso, fiquei pensando se ela achava que eu estava envolvida com o cartel de alguma forma. Mas é óbvio que eu não estou, ela ainda fica um pouco desconfiada.

Minha cabeça estava cheia. Eu estava esgotada. Esse foi o projeto mais difícil e trabalhoso que eu já tinha feito. Por sorte a obra já tinha passado da metade. Mas eu só queria ir embora. Eu nunca tinha ido embora antes de um projeto acabar, mas dessa vez eu queria ir. Eu sentia como se todas as minhas energias tivessem sido sugadas.

No final, eu só queria ir embora com Caleb. Queria dormir abraçada com ele hoje e poder ser fraca uma vez sem ser julgada. Ele estava parado ao meu lado me questionando se eu não estava gostando de estar com ele e a resposta era óbvia.

- Sim. – Respondo sem olhar para ele.

- Se Ayo não tivesse falado nada. Você continuaria comigo? – Ele continua perguntando.

É óbvio que eu estaria. E feliz, sem culpa. Mas não vou mentir. Eu acredito um pouco em tudo o que ela falou. Sinto que é verdade de alguma forma. E o que eu poderia fazer? Apenas ignorar e viver sem pensar em nada ? Eu não conseguia. Ela disse que existem consequências. 

- Sim... Mas ela.... Não parece ser um bom argumento? O dela? E se os deuses realmente não estiverem satisfeitos porque vamos quebrar a promessa que fizemos? – Ele né olha como se tudo fosse bobeira.

- Eu entendo você. Mas não acredito em nada disso. Eu só sinto uma coisa, que não vou te deixar ir. Quero ficar com você e se você quiser ficar comigo, vamos ficar juntos. – Ele me olha e sorri. – O que me diz?

Fico olhando para o sorriso dele e acabo sorrindo junto. Ele aproxima mais o corpo do meu e acaricia meu rosto com carinho. Eu me aproximo dele e abraço, ele beija o topo da minha cabeça e fica acariciando minhas costas.

- Eu vou aceitar isso como um sim.. Mas infelizmente vou ter que voltar. Não posso desmarcar de novo. Em quanto tempo você volta ? – Ele fala ainda me acariciando.

- Acredito que mais três semanas. No máximo. – Falo cansada.

- Muito tempo. Eu tento voltar aqui antes para te fazer uma visita. – Ele fala animado.

Como eu passei de odiar o Caleb para aturar ele e depois gostar dele? E porque eu passei a odiar ele? No início eu só sentia que tinha que afastar dele. Mas agora... Quero dar uma chance. Mas algo muito forte dentro de mim diz que eu não deveria fazer.


Passamos algumas horas juntos

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Passamos algumas horas juntos. Apenas deitados. Conversando sobre com seria quando a gente voltasse para o Brasil. O combinado seria ir com calma, não contar para as pessoas de início. Deixar acontecer para saber aonde isso daria. A ideia foi minha. Caleb parece ser durão mas na verdade ele é muito emocionado. No final ele acabou concordando.

Quando faltava uma hora para o vôo dele nos saímos da minha casa. Pegamos a mala dele e depois um carro para ir em direção da pista de vôo improvisada. Eu vou assumir que quando o avião pousou me deu um aperto no coração, eu pensei em reconsiderar. Mas não podia, esse era o combinado. Melhor assim.

Caleb ajudou a descarregar todo o material. Acabou e pediu mais alguns minutos ao piloto. Matheus entrou sem demora e ficou nos olhando de dentro do avião. Ele nem tentava disfarçar e isso me deixava mais constrangida.

- Te vejo em três semanas? – Ele fala enquanto ajeita meu cabelo.

- Sim. Três semanas. – Confirmo sorrindo.

- Posso ficar tranquilo com você aqui. Não vou recebe a notícia que você está com Bomani?  - Ele fala em um tom de deboche.

- Não sei. Vou estar sozinha e carente. – Retribuo a ironia.

- Melhor eu ficar aqui. Mais três semanas não são nada. – Ele olha para o avião. – Matheus  pode ir sem mim. – Ele fala debochando.

- Estou brincando. – Olho para o avião – Ele vai sim. – Caleb me olha sorrindo. – Pode ir tranquilo. Eu prometo.

Ele me olha satisfeito. Tira o cordão no pescoço dele, um escapulário, significa proteção não é algo que você pode comprar, você tem que ganhar de alguém que se importa com você. Ele coloca no meu pescoço e me beija.

- Para te proteger enquanto eu não estiver por perto. – Ele sorri.

Me beija uma última vez e entra no avião. Vejo a porta fechar. O avião se movimentar e começa a decolar. Vejo o avião longe até sumir do meu campo de visão. Caleb tinha indo embora, e agora era real. Sinto um aperto no meu coração. Volto para casa, quando chego na porta vejo Zuri e Ayo.

Destinada ao Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora