Minhas mãos tremem enquanto seguro a alça da minha mala em uma das mãos e a chave na outra. Meus planos era ir diretamente para o apartamento novo deles, mas Georg me disse que Tom estava no seu apartamento que estava saindo para minha casa e iria deixar a chave escondida para mim. Estou tentando fazer que minha respiração não fique tão acelerada.
Vim direito do aeroporto para cá, parando para pensar agora isso parece uma enorme loucura mas foi a única forma que pensei de não me auto-sabotar e desistir de tudo. Assisti a entrevista milhares de vezes durante o voo, revi nossas mensagens depois de tudo que aconteceu e parece que tudo aconteceu com a maior naturalidade do mundo, com calma do jeito que planejamos fazer.
A naturalidade, a intimidade que temos desde sempre. Penso sobre minha mensagem não respondida, que enviei assim que desembarquei, até porquê são dez da noite e sei que hoje eles não tem show e ele deve estar dormindo.
Umedeço os lábios, sentindo minha boca secar a cada passo que dou em direção a porta e ouvir o estalo da porta de abrindo quando giro a porta por completo.
Mal tenho tempo de raciocinar direito, porquê Tom está parado na bancada da cozinha com um copo de água em direção a boca, parecendo assustado e surpreso ao mesmo tempo. Ando em sua direção, deixando minha mala na porta junto com minha mochila e tento buscar pelas palavras que vim decorando durante todo o voo.
Ele está com cara de sono, vestindo somente uma calça de moletom preta já que o apartamento tem aquecido no assoalho. Suspiro com saudade, faz exatamente uma semana que não nos vemos, estava com saudade de poder olhá-lo tão de perto e de saber que posso estar em seus braços somente em alguns passos.
O silêncio está presente mas não é um silêncio ruim, nós dois estamos tentando assimilar tudo que aconteceu e ele deve estar se perguntando o que estou fazendo na Alemanha às dez da noite em uma quinta-feira.
— Oi - digo.
— Eu estou sonhando? - ele pergunta ainda confuso — Você não é um sonho - diz colocando a mão em meu rosto e abrindo um sorriso — Você estava conversando comigo há umas quatro horas, como está aqui? Só posso estar sonhando de novo.
— Estava sonhando comigo é, Kaulitz? - indago, tentando segurar uma risada e ele fica tímido.
— Peguei uma conexão em Londres — digo e me dou conta da loucura que fiz. Passo as mãos pelos meus cabelos soltos — Eu não deveria ter vindo assim do nada, desculpa - digo nervosa. — Meu deus..
Minhas palavras parecem perder sentido à medida que vou dando passos para trás, mas Tom consegue me alcançar.
— Ei meu amor, calma - diz, me fazendo respirar fundo.
Respiro fundo mais algumas vezes enquanto ele segura minha mão e fica em silêncio, ele sabe que estou prestes a surtar e por isso não diz nada. Quando abro os olhos, ele está me olhando com tanto carinho que meu coração começa a bater mais rápido.
— Eu vi sua entrevista - solto a informação como se meu corpo ardesse em chamas, acho que ele pensou que eu não assistiria por ser um programa alemão e nos EUA só passa em canal fechado.
— Rachel... eu não queria te expor daquela forma, deveria ter falado com você antes, desculpa. Eu só acabei respondendo com...
— O coração - o interrompo, sorrindo. Coloco a mão em seu peito sentindo seu coração bater com força — Está tudo bem, eu te ouvi com meu coração também. - confesso — Eu fiquei confusa depois de tudo que aconteceu. Descobri que estava grávida e tirei o bebê por medo, foi um misto de sensações - franzo o nariz e sinto ele me observar com cuidado.
— Precisei de tempo para te perdoar - ele começa quase sussurrando — Precisei me perdoar a respeito disso, eu me sentia vazio por imaginar que você pensava que eu não iria querer essa criamos - ele engole em seco e me encara nos olhos — Mas eu precisei aprender que era uma decisão que eu não poderia interferir, aliás, você estava internada sem comunicação nenhuma.
— Sinto muito por tudo isso, posso te dizer quantas vezes for necessárias. Mas sei que nada vai mudar o fato das coisas que eu fiz. - digo sentindo meus olhos encherem de lágrimas.
— Isso não te faz uma pessoa ruim, Rachel. É impossível que alguém como você seja uma pessoa horrível, você é sincera, cuidadosa com suas palavras e se preocupa tanto com o outro. Talvez só tenha esquecido de me falar algumas coisas - ele diz e dou uma risada sentindo minhas lágrimas descerem — Está tudo bem você ter ficado aliviada por ter tirado e aquele momento não ser o ideal para trazermos uma criança ao mundo, eu fiquei assustado quando soube. Mas as vezes me pego pensando como seria as coisas se....
A frase morre no meio, como se ele estivesse voltado aquele dia.
— Eu também me pego pensando isso - afirmo, porque tudo aconteceu como aconteceu e infelizmente não podemos mudar o passado — E isso me leva ao aqui e agora.
Sinto Tom ficar tenso ao meu toque e penso que, talvez, teria sido melhor se nós sentássemos, mas estamos em pé, na porta do apartamento de Georg enquanto a neve cai lá fora. Precisava fazer isso hoje.
— Ouvi suas palavras na entrevista e percebi que nunca poderemos mudar o passado, mas podemos mudar o presente. E não quero viver com medo. Quero viver o momento e descobrir tudo que ainda tenho pra descobrir nessa vida - tento fazer que as palavras não se atropelem ao sair da minha boca — Ao seu lado - acrescento, vendo uma faísca de brilho tomar seus olhos — Estou cansada de viver com medo, de não viver de verdade.
Ele parece pensar enquanto me encara e mordo meu lábio inferior com medo do que ele pode responder. Não pode ser que tudo tenha mudado em dois dias depois da entrevista, não consigo pensar que ele decidiu, depois de se declarar ao vivo, que não me quer mais.
— Posso te prometer que me esforcei muito para mudar o babaca que eu era e que cometeu tantos erros no passado. Sei que errar é humano como diz nossas mães, não quero errar com você, quero me esforçar para não errar mais, quero que a gente dê certo meu amor. — promete descendo suas mãos até meu pescoço enquanto meus braços rodeiam sua cintura. — Você é minha força Rachel.
— Eu não quero mais recomeçar de longe - indago — Não quero ter medo, quero tentar, quero nós dois - digo baixinho — Isso, se ainda não tiver desistido de mim e da bagunça que sou.
— Jamais desistiria de você, meu amor. - ele diz enfim selando nossos lábios. Tom abraça minha cintura, como se percebesse que não sou capaz de manter minhas pernas firmes no chão. Me derreto em seus braços e aqui quero permanecer, para sempre.
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My boyfriend | Tom Kaulitz
Teen FictionApós a banda Tokio Hotel explodir de uma semana para outra, Tom Kaulitz precisa aprender a lidar com a fama e com tudo que anda aprontando. Seu agente fica com dor de cabeça depois de todo show porquê Tom some com duas ou mais garotas. O problemáti...