065 - POV TOM

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Hesito em frente à porta, sem saber se bato ou somente espio pra o lado de dentro. Meu coração está acelerado demais, estou nervoso, nem sei o que faço aqui. Rachel pode me odiar, me mandar pra fora, querer me bater e, na verdade, eu acho que estaria certa se fizesse qualquer uma dessas coisas.

Ao menos, irei vê-la bem, terei a prova com meus próprios olhos se ela está bem. Passei o voo todo nervoso sobre esse reencontro depois de um mês desde a última vez que nos vimos depois do meu show. Ainda não sei porque ela veio para o hospital. Fiquei desesperado, assim como da outra vez, assim como sempre ficarei quando souber que ela não está bem.

Bato na porta, ansioso.

— Pode entrar. - escuto sua voz lá dentro e respiro fundo antes de abrir a porta. Seus olhos estão atentos na televisão até mim e ela os arregala, perdendo a voz. Não sei se isso é bom. — Você...

Sua frase morre no meio, ela parece cansada, pálida e magra. Como se não tivesse forças para me falar mais nada além disso. Parece bem pior para uma pessoa que só teve um desmaio.

— Sou o único contato de emergência da sua ficha - explico me aproximando aos poucos da cama onde está — Sei que não deveria estar aqui, que deveria ter ligado para seus pais e, se quiser que eu vá embora, vou agora mesmo, mas fiquei muito preocupado e... -  passo a mão nas minhas tranças.

— Você está diferente. - ela diz apontando para algumas tatuagens que eu fiz desviando do assunto.

Como é difícil acreditar que foi mesmo a melhor decisão para nós dois, estando de frente para ela e lutando contra o desejo de pegar seu rosto em minhas mãos e beijar a ponta de seu nariz como sempre fiz quando estava doente. Como é difícil lembrar que estamos separados quando quero abraçá-la e ficar aqui até ela melhorar.

— Você não parece bem - digo — Está muito pálida.

— Logo estarei melhor - diz, indicando os fios do medicamento que estava tomando. — Acho que foi a tensão da faculdade. - explica, mas vejo em seus olhos que isso não é verdade, sei que é alguma outra coisa.

Estou prestes a abrir a boca quando o médico bate, já entrando na sala.

— Boa tarde - diz, me cumprimentando. — Dr. Henk, e você deve ser o senhor Kaulitz, as enfermeiras podem te conhecer mas certamente achei que você era mais velho. - fala e Rachel solta um risinho. — Bem, vamos aos resultados. Seus exames estão quase todos abaixo do que deveriam, então prescrevi algumas horas de medicação no soro para recuperar algumas vitaminas. Sua pressão deve ter abaixado por causa da má alimentação que anda tendo, ou porque a senhorita anda vomitando tudo que come nas últimas semanas como sua amiga nos disse. Depois de todos os exames, constatamos que você está com anorexia e bulimia causadas por ansiedade e depressão. - ele suspira e volta os olhos pra ela — Você poderia ter morrido senhorita Harris, agradeço sua amiga por te trazer tão rápido para cá, antes de você receber alta, um terapeuta irá vir conversar com você e marcar retorno para começarmos a tratar isso.

Sinto um tremor nas pernas e encaro Rachel na cama, ela parece tristonha e confusa, um misto de sentimentos que sei que está sentindo.

— Não se culpe, a pressão psicológica que vocês jovens são impostos hoje em dia é a causa disso. Com um bom tratamento logo estará boa - ele diz dando um sorriso de canto — Bom eu vou deixar vocês sozinhos, qualquer coisa chamem alguma enfermeira. - ele sai do quarto fechando a porta atrás de si.

Rachel está paralisada, sem esboçar nenhuma reação. Não sei se está triste ou com raiva de mim. Uma lágrima escorre e ela limpa.

— Me desculpa. - digo sentindo o peso de tudo que ja disse à ela. — Você está bem? - pergunto e ela continua intacta. — Fala comigo meu amor, você não parece bem.

— Em menos de três meses eu te perdi, descobri que estava grávida, tentei me matar e estou em um país que mal conheço e agora descobri que tenho isso. Acho que tenho motivos para não estar bem. - rebate irônica, dura até demais e então, seus olhos se enchem. — Eu só estou processando essas informações.

O choro começa aos poucos até que se torne lágrimas grossas escorrendo em suas bochechas, levanto de onde estou e abraço seu corpo contra meu peito. Rachel chora enquanto acaricio seus cabelos, dizendo que está tudo bem para que ela fique calma que estou aqui, com ela. É horrível vê-la nessa situação, parecendo vazia. Seu choro é profundo e é doloroso saber que sou uma parte motivo desse choro.

O amor é palpável entre nós , o afeto está presente nos olhares e me pergunto porque e ainda não voltamos, se nos encaramos com tanta admiração e desejo. Nos amamos de uma forma pura, genuíno e dolorida, ainda sim. Existe uma conversa silenciosa enquanto nos encaramos.

Eu a magoei, mas não queria. Ela me magoou e sei que ela se arrepende. Nós somos a pessoa certa um do outro, no momento errado da vida um do outro, mas jamais irei desistir dela.

My boyfriend | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora