|Capítulo XIII |

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Witsel Rocha.

Depois que Mahatma venceu o campeonato eu fui falar com o nosso treinador. Eu fui sincero. Eu disse que Mahatma sofria de depressão, e usava do boxe como escapatória no mal sentido.

Felizmente estamos numa instituição que presa pela saúde mental dos alunos, e graças a isso ele concordou em tirar Mahatma do clube. Obviamente que depois disso ela não ia querer mas olhar na minha cara, estava ciente dos riscos, só não sabia que seria tão doloroso na realidade.

Ela mal esperou eu sair, que correu para sair da caixa metálica sem responder a minha questão. Linêsia me ligou dias atrás me dizendo que Mahatma estava sofrendo pelo o que eu lhe fiz e que eu não prestava. Aceitei todo seu julgamento, sem revelar meus motivos.

— É está sala!— ela está tão desejosa de se livrar de mim que nem reparou na escrita acima. CEO.

Ford e meu pai, pelo o que eu saiba começaram como empregador e empregado. Ford trabalhava para uma empresa particular de seguranças, meu pai o contratou para ser seu segurança particular, mesmo ele ainda pertencendo a empresa que lhe formou. A poucos anos atrás, meu pai fez uma proposta a Ford, disse para ele largar a empresa em que trabalhava, para se tornarem sócios.

— Boa tarde!— Mahatma diz. está só meu pai e Ford no escritório.

— Boa tarde, eu sou o Ricardo e você deve ser a Mahatma certo?— meu pai sorri.

— Sim, muito prazer senhor Ricardo.

— Me chame apenas de Ricardo! Esse é meu filho Witsel — ela nem sequer olha para mim, finge que não me nota. E os nossos pais percebem o clima tenso entre nós.

— Hummm, pai aqui estão os documentos!— ela tira um portfólio da mochila e entrega a Ford. — É isso?

— Sim, tá certo!— Ford entrega ao meu pai — Não quer comer alguma coisa?

— Não! Estou bem. Só quero ir para casa.

— Certo, eu chamo uma táxi para ti!— meu pai se predispõe.

— Não precisa sen... Ricardo. Eu prefiro ir de ônibus.— meu pai cancelou a chamada.

— Certo, espero que nos cruzemos mais vezes e em ocasiões melhores, não é Ford?— meu pai diz e Ford ri sem graça. Já que até onde eu sei, ele nunca mostrou sua filha aos meus pais, e olha eles se conhecem a anos.

— Eu te acompanho Mahatma?— me ofereço.

— Não precisa.— diz irritada — Eu sei me cuidar sozinha. — pegou sua mochila, pronta a sair mas a segui contra sua vontade. — Witsel para. Eu realmente te odeio, te odeio não pelo que me fez no ringue, mas por ter usado isso como desculpa para me tirar do clube. Eu não quero nem até respire ao meu lado, eu não te suporto.

Ela entrou no elevador, e não tive coragem de a seguir. Respirei fundo e voltei ao escritório do meu pai, afinal eu vim aqui para trabalhar, minha mesada não cai do céu.

Ford e meu pai estavam conversando mas mal entrei eles se calaram.

— Vocês se conheciam antes?— meu pai pergunta.

— Sim, estudamos juntos. Só não sabia que ela era filho do Ford.

— Por quê Mahatma estava te olhando com olhar assassino?— Ford

— Fiz com que ela saísse do clube de artes marciais na escola, agora ela me odeia.

— Porquê fez isso?— meu pai pergunta bravo. Já que ele odeia sabotagem.

— Porque ela precisa. Mahatma não está bem, e participar do clube de artes marciais não é solução, pelo contrário cria mais transtornos.— uma luz brilha nos olhos de Ford, como se ele tivesse noção do que estou falando.

— Então você também percebeu!— ele suspira — falaremos mas sobre isso.

— Do que vocês estão falando?— meu pai pergunta alheio.

{•••}

Sábado.

Hoje é o penúltimo dia das férias. Um dos nossos colegas está dando uma festa, combinei com Mário e Bartolomeu e eles toparam em sair.

— Se não for voltar à casa me ligue antes!— Camila minha mãe diz assim que me vê colocado a jacket preta — Não consuma drogas, se puder não beba, use camisinha e não entre em brigas.

Me sento na cama para colocar minhas botas pretas estilo militar. Coloco perfume, e o meu relógio. Me olhou no espelho e gosto do que vejo, a camisa branca e as calças pretas caem bem com o look.

— Witsel você está me ouvindo?

— Mãe, eu já sou grandinho né?

— Você só tem 16 anos, ainda é uma criança.

— Sim claro!—  dou um beijo em sua testa — mesmo se eu tivesse trinta aposto que seria do mesmo jeito.

— Você é meu filho!— resmungou.

{•••}

Os pais de Elvis deram uma viagem, então ele decidiu fazer de sua casa uma boate para adolescentes cheios de hormônios. Desde que entrei na puberdade, amei festas. Dificilmente ficou sem ir numa, ou sem uma.

Eu gosto de beber até perder os sentidos, beijar e transar. Eu gosto de aproveitar minha vida no máximo.

A música está tão alta que mal se ouve as vozes, temos de gritar para nós ouvir. Estou numa ronda com uns amigos jogando verdade ou consequência, na real, ninguém escolhe verdade, todos querem uma consequência, uma mais pervertida que a outra.

Patrícia prefirou que  eu escrevesse meu nome na sua coxa invés de dizer qual foi sua paixonite na infância.  Uma de suas amigas está apenas de sutiã. Bartolomeu colocou uma garota de quatro no chão, numa simulação de ato sexual. Novamente Patrícia prefirou que eu tocasse em seus seios e beijar em seu pescoço invés de falar uma verdade.

Mário foi desafiado a ligar a sua ex e dizer a ela o que ele mais gostava no corpo dela, e que com sua nova namorada ele aprendeu novas posições que gostaria de testar com elas.

Um quarto para meia noite. Me levantei para mandar uma mensagem a minha mãe, dizendo que não voltaria para casa hoje. No ritmo que vejo, iremos pernoitar.

Caminhei em direção a cozinha, preciso de água. Água pura. Tem muito álcool no meu organismo e eu não quero vomitar ou passar vergonha. Gosto de manter minha reputação e não fazer vexame.

— Linêsia!— exclamei ao vê-la pegando uma garrafa de vodka e dois copos. Ela não é do tipo de garota que você encontra nesse tipo de festas, nem ela nem Mahatma. Nem em sonhos eu imaginaria a encontrar aqui.

— Você! — revira os olhos — O que você faz aqui?— pela bagunça em seus cabelos e os olhos vermelhos, vejo que está pouco embriagada.

— Isso é da sua conta?

Ela abri a boca surpresa.

— Sério mesmo? — debochou — Dito isso da boca de um merdinha que fodeu a vida da minha amiga. Seu babaca insolente.

— Você se acha muito amiga dela, mas nem sequer percebeu que ela tem crises de ansiedade e é depressiva. E olha, o babaca insolente ainda sou eu. — ironizei — que bela amiga você é né, Linêsia. Sua amiga está morrendo e você mal vê.

Ela não diz nada, parece magoada. Aperta a garrafa entre seus dedos e sai correndo. Eu não costumo agir feito um filho da puta, mas ódio quando alguém que é pior que eu me julga.

O Que Me TorneiOnde histórias criam vida. Descubra agora