Capítulo 18

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— Bom dia, a Lucy continua dormindo? _ Questiono minha mãe, assim que entro na cozinha, onde ela está de costas, encarando a geladeira

— Oi, querida, ela foi com seu pai abastecer o carro _ com a caixa de leite na mão, ela fecha a porta da geladeira

— Que horas vocês vão sair? _ Indago minha mãe, que pega um copo e deposita na mesa junto ao leite e o achocolatado

— Seu pai quer ir à noite, mas quero ir agora pela manhã _ diz sorrindo, os dois são tão diferentes, e dão tão certo, admiro como é o relacionamento deles, quero ser assim com Rodrigo

— Então vocês estão em um impasse? _ Indago, segurando uma risada, já sabendo a resposta

preparo o leite e minha mãe pega o pão no armário

— Claro que não, vamos ver todas as paisagens, pelos mais de 160 km até o Arraial do Cabo _ diz com toda naturalidade, ela sempre ganha, ou meu pai sempre cede, não consegui decidir ainda

— É perto, umas duas horas só, dá para eu dormir um pouco _ digo e ela sorri, eu já tinha dito não, disse que iria ficar com Rodrigo, mas será bom passar esses cinco dias longe dele

passo geleia em uma fatia e manteiga na outra, e uno as duas, mordo saboreando minha misturinha, minha mãe se senta na cadeira ao meu lado com um sorriso arteiro

— Que bom, se quiser pode chamar o Rodrigo, só não vão poder ficar no mesmo quarto, seu pai não aguenta uma coisa dessas _ rio, imaginando eu dormindo com meu namorado com meu pai no quarto ao lado 

— Não mãe, esse final de semana é só a gente, estou precisando de um solzinho mesmo, estou muito branca, meio transparente _ ela ri e se levanta

— Termine logo de comer e arrume suas coisas, quero sair logo
_ Diz beijando minha cabeça e saindo em direção aos quartos

meu celular tocou em cima da mesa, e se meu pai estivesse aqui, seria o meu fim, telefone em cima da mesa, é o fim para ele, é o fim. Sem nem olhar a tela, sei que é Rodrigo, atendo;

— Oi, amor, continua brava? _ indaga e sorrio, geralmente ele não é ciumento, controlador, mas ultimamente, tem umas crises de ciúmes, sem motivos, só tenho olhos para ele

— Não, mas ainda vou viajar com meus pais _ ouço ele bufar, sei que tinha outros planos, ele não é bom em guardar segredos, não de mim

— Então continua brava, me perdoa, eu não sei porque, mas tenho medo de te perder _ sorrio, ele nunca vai me perder, pois estou perdida nele

— Te amo, seu bobo, nos vemos na segunda _ nos despedimos e desligamos. Fui para o meu quarto e arrumei minha bagagem, para cinco dias, uma mala pequena.

— Tem tudo que vai precisar aí? _ Minha mãe arrastando duas malas pelo corredor, indaga com indignação

— Na praia, se usa pouca-roupa, tipo biquíni, maio, canga, para que levar o guarda-roupa todo, mãe? _ Ela revira os olhos e me ignora, arrastando suas malas para a sala, me sento no sofá vendo as fotos que Rodrigo mandou dele no apartamento, fazendo drama por estar sozinho

— Pronta querida? Bom-dia, filha, olha Lucy a tata está aqui! _ Disse meu pai assim que entrou, e abriu um sorriso enorme quando me viu, Lucy abriu os braços para eu pegá-la

— Vamos lá, minha bonequinha, eu vou atrás com você! _ Peguei ela do colo do meu pai que me encara confuso

— É pai, eu vou! _ Ele sorri, satisfeito

— Ótimo, a família reunida _ ele se abaixa e pega as malas da minha mãe, com uma facilidade espantosa, ela mal conseguia arrastá-las, minha mãe pega a minha e saímos, em direção ao carro

_ parte do caminho estava tranquilo, mas chegando perto de Rio Bonito a estrada avariada, buracos na pista, que meu pai desviava com precisão 

— Mamãe, mamãe _ Lucy começou a chorar, e eu não consegui acalentá-la

— Mãe, vem para trás, troca de lugar comigo _ tirei o cinto e abri espaço, para minha mãe, sentei em seu colo e ela me beijou no rosto, e fui para frete, como já fizemos muitas vezes

— Coloque o cinto filha! _ Passei o cinto, olhei para Lucy, que estava no colo da minha mãe, e me virei para mexer no rádio, já queria ter feito isso há muito tempo

— Meu Deus! _ Ouvi meu pai gritar, e quando levantei a cabeça, um solavanco me jogou no carro, e não senti mais nada

_ Não sei quanto tempo se passou, mas meus olhos se abriram, e o que vi, fez meu coração parar

— Pai! _ meu grito saiu estrangulado, meu pai estava ensaguentado, e lateral do carro estava deformando seu corpo 

_ Tentei me mexer, mas tudo doía, me virei para olhar para o banco traseiro, mas não vi ninguém, só o carro sem portas e todo desfigurado, segurei a mão do meu pai, que não se mexia, tentei puxá-lo para tirá-lo de toda aquela bagunça.

 Uma dor aguda atingiu meu peito.

— Pai, temos que achar a mamãe, e a Lucy, acorda _ consegui dizer mesmo com a voz esganiçada, meu corpo dolorido e a respiração difícil, tudo estava escurecendo

— Pai, temos que achar a mamãe, e a Lucy, acorda _ consegui dizer mesmo com a voz esganiçada, meu corpo dolorido e a respiração difícil, tudo estava escurecendo

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