Jane Browm
— Boa noite, olha o que comprei para você _Rachel entrou no meu quarto, já era perto das onze da noite, com uma embalagem
Deixei o notebook que estava no meu colo na cama e peguei a embalagem, sorri quando vi um sonho com recheio de creme.
— Obrigada. _fechei a embalagem de novo, e voltei para o notebook
— Você não quer comer? Comeu o que hoje? _sorri forçado e encarei os olhos castanhos que me fitavam preocupados
— Almocei na minha sala, só um lanche. Mas depois eu como. _menti, não consegui engolir nada hoje.
— Amanhã é difícil, eu sei, quer que eu vá ao cemitério com você? _Rachel se sentou no meu lado e se encostou ao meu lado
— Estou bem, vou depois do almoço até lá. _tem um tempo que não visito minha família, é tudo muito doloroso.
— Quer companhia? _ela insistiu, mas neguei. Sempre fui sozinha. Não os enterrei, me sinto muito em falta com eles.
— Tudo bem, boa noite. Não durma tarde. _ ela saiu e me deitei encarando o teto, não disse o que houve com Oliver.
Meu mundo ficou desligado esse final de semana, me senti bem, como não me lembro de sentir, não tevê dor e nenhum sentimento ruim. Me senti completa.
— Aceitei arriscar. Não sei aonde iremos, mas verei até onde dará.
Queria não pensar nele, parece errado, minha família morreu e só penso nele agora... Odeio olhar para dentro de seus olhos, e não fazer a mínima ideia do que se passa na sua cabeça.
— Droga, não. Não quero pensar mais nele hoje, aquela barba o deixa tão sério, mas muito bonito.
_ peguei meu notebook de volta e coloquei um filme.Quem sabe assim eu me distraio.
...
Não dormi, foi uma noite longa. Tentei resistir, mas não me contive, viajei pelas pastas salvas no computador, minha família toda. Vídeos e fotos de momentos que vivemos juntos, minha família era feliz.
Não tínhamos muito, mas o que tínhamos era suficiente.
Tomei um longo banho, me troquei sem pressa. Eu iria de tarde ao cemitério, mas mudei de ideia, não esperarei. Preciso fazer isso.
Os portões de ferro do cemitério é uma imagem que nunca esqueci, vir neste lugar de cadeira de rodas, com Rachel e Arthur, foi uma experiência inesquecível, a dor que sentia em meu corpo não se comparava a do meu coração, não conseguia respirar.
O lugar é silencioso, e cheio de árvores nos corredores, que dão um ar de paz, bom, não deve existir melhor paz que essa. O som da cidade fica muito distante.
— Oi, papai. _ escuto o som da voz do meu pai com meu coração, e dói muito.
— Oi, minha filha. Não chora. _ele iria me abraçar agora, e sinto muita falta disso, as conversas secretas com minha mãe
As horas se passam e não tenho nenhuma vontade de me levantar, a sombra da árvore cheias de flores de Ypê, brancas. Está um dia claro, o céu está sem nuvens.
— Sinto tanta saudade, eu devia ter ido junto de vocês. Por que me deixaram aqui?
Disse chorando.
— Nunca mais digo isso! _levantei a cabeça e Oliver estava a uns quatro passos de onde estava. Me levantei assutada.
— O que faz aqui? _limpando minhas lágrimas, o questionei
— Vim ver como estava, e fiz bem pelo que ouvi. _ele se aproximou e me abraçou. Tentei resistir, mas não estava exatamente em condições. O abracei forte e chorei, nem sei por quanto tempo.
Depois de um tempo, estava mais calma, e o choro havia cessado. O coração do Oliver batia forte e me tranquilizou.
— Como sabia que estava aqui? _estava limpando meu rosto com o lenço que ele me ofereceu
— Já imaginava que estaria aqui, mas perguntei a Rachel, ela está preocupada com você. _ ele acariciava meu cabelo enquanto mergulhava em meus olhos
— Não repita nada disso que estava dizendo, seu pai odiaria ouvir você dizendo elas. Seus pais desejavam que você fosse feliz e tivesse uma vida. _ abaixei minha cabeça, e ele a segurou e me fez encará-lo.
— Eu sei, mas dói tanto! _ ele voltou a me abraçar, e beijar o topo da minha cabeça
— Vamos. _eu o acompanhei, ainda um pouco chorosa e melancólica
Entrei em seu carro, e as ruas passavam tão rápido, carro após carro, arvore após arvore.
Oliver Zahar.
Ela dormiu ainda no carro, estava exausta, sua tristeza está a consumindo, e não sei como ajudá-la.
Não a levei para casa dela, agora dorme tranquila em minha cama. Tão linda, nem parece que tem guardado no peito uma dor tão grande.
Sua psiquiatra não disse nada, nada que eu já não soubesse. Apenas disse para assim que ela acordasse desse a ela o remédio que ela deveria estar tomando, e que tenho certeza que não está.
Ela já dorme tem seis horas, é, eu sei que pareço um maniaco aqui velando o sono dela. Mas o que mais posso fazer?
Ela começou a se mexer e parece estar se espreguiçando, como um gatinho ela se estica e boceja e minha cama. Ela abriu os olhos e estranhou onde estava, a primeira coisa que fez, foi ver se estava vestida. Como se eu não tivesse visto e tocado em tudo esse final de semana.
— Eu jamais tocaria em você, não inconsciente. _ela se sentou e estava envergonhada, não levantou os olhos para me encarar minuto algum. E prefiro a sua versão marrenta e dona da verdade.
— Sei disso. Obrigada, mas preciso ir. _ ela procurou seus sapatos com os olhos
— Não, não precisa, fique aqui. Deixe que eu cuide de você? _me levantei e peguei o copo de água e os dois comprimidos, e a entreguei em mãos.
— Não é vergonha precisar de ajuda, e eu quero te ajudar. _ela colocou os comprimidos na boca e bebeu a água, mas dessa vez fez isso me olhando nos olhos
— O que você quer com isso? _a marrenta saiu para a superfície
— Quero que fique bem! _ não posso dizer que a quero, seria presunção demais, e ela não precisa de mais nenhum drama agora.
Ela se deitou e fechou os olhos, e eu votei a ser um maniaco, pela mulher mais linda e envolvente que já conheci.
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SOS JANE BROWM
RomanceJane Brown, uma camareira dedicada em um prestigiado hotel cinco estrelas, encontra seu mundo tranquilo e rotineiro virar de cabeça para baixo quando um evento inesperado coloca sua vida em trajetória de colisão com o destino. Enquanto descansa em s...