Capítulo 48

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Jane Browm 

Semana do casamento de Rachel, tudo uma loucura. Vestidos para fazer os últimos ajustes, prova de maquiagem e penteado. Eles optaram por uma cerimônia na praia, reserva apenas para família e amigos.

— Sou uma péssima dama de honra! _ disse frustrada comigo mesma. Era para eu ter planejado a despedida de solteira, chá de lingerie e tudo que minha amiga tem direito, mas não, estou tão absorta em meu mundo de doe e culpa que nem me atentei a data.

— Deixa disso, apenas seja você tá legal? Pode fazer isso?
Ela segurou minhas mãos, já vestida com seu vestido lindo do jantar de ensaio, que para mim é desnecessário, mas se é o que querem, ela está linda demais.

— Nem te castiguei por nada, viu, eu sou legal, poderia ter sido uma noiva horrível e ter escolhido seu vestido, mas não, olha o seu vestido, é lindo.

Sorri espelhando o sorriso dela, que está reluzente, nunca a vi tão feliz. Arthur está contente, conheceu a casa nova, e o quarto que ele terá só para ele o deixou muito animado.

Pedro ama a minha família, e é isso que importa. Quero Rachel e Arthur seguros e felizes.

— Sua mãe? _ disse com cautela, mas já sabendo a resposta

— Ela não se importa, não se importou quando o amor da vida dela me jogou na rua grávida, por que iria se importar se eu me caso ou não?

A mãe da Rachel foi a do pior tipo, a que escolhe tudo, menos os filhos, antes dela havia um garotinho, que a mãe deixou no hospital, não queria ter laço nenhum com o bebê. A avó materna confidenciou a Rachel, com tristeza, já nos seus oitenta anos.

— Você está tão linda, estou muito orgulhosa de você. Tem uma família completa, agora. _ disse já enchendo meus olhos de lágrimas

— Boba, minha família sempre foi completa, agora só estou deixando um cara legal entrar. Sabe, é bom, amar alguém e deixar esse alguém te amar.

_ seus olhos começaram a se encher também, me levantei correndo e peguei a caixa de lenços de papel que Luciana me entregou. Na hora não havia entendido o porquê, mas agora acho totalmente necessário.

— Não faz isso, vai borrar a maquiagem!

_ pego um para mim, e entrego a caixa a ela que seca, com um sorriso mais lindo que já vi, o brilho em seus olhos é muito bonito. Minha irmã ama o Pedro, e espero do fundo do meu coração que ele seja tudo o que ela espera dele.

Ou terei que cometer um crime.

— Vamos, estou louca para ver a cara do Pedro quando te ver em um vestido.

_ uma coisa, Rachel odeia usar vestidos, e seu casamento é o único evento que a faria usar um, isso porque Pedro disse com os olhos brilhando que adoraria vê-la entrando na igreja vestida de noiva, claro, isso antes de escolherem se casar na praia.

— Não enche! _ disse tirando a calcinha da bunda. Me encara com o olhar de que me mataria a qualquer momento.

— Qual é, dois vestidos, dois dias seguidos. Quais as chances? _ ela me mostrou o dedo do meio antes de abrir a porta e sair para o salão de festas, com o sorriso largo

Andei entre os convidados, os amigos da faculdade de Pedro, gente da alta sociedade, nossos amigos. Dois mundos totalmente diferentes se colidindo.

Entre os garçons, vi Victor, o meu antigo supervisor, e me aproximei.


Oi, Victor, não achei que iria te encontrar por aqui. _ ele me olhou com desdém

— Não tenho boceta, então, preciso trabalhar. _ deu as costas para mim e foi servir os convidados. Fiquei estática, não imaginei, nem em um milhão de anos que ele diria algo assim.

— Já comeu alguma coisa? _ Oliver se aproximou de mim, e levei um susto

— Ei, calma. Sou só, eu. Está tudo bem? _ encarei ainda pensando no que acabei de ouvir, e não consegui falar nada.

— Aconteceu alguma coisa, fala alguma coisa.
_disse em seu tom de voz preocupado. Balancei a cabeça, afastando os pensamentos intrusivos, e sorri.

— Nada, estava lembrando de uma coisa. Não sei se conferi um documento que está na minha mesa. _ele sorriu, como se tirasse um peso das costas dele

— Pode esquecer isso por hoje, agora vamos nos divertir. Mas primeiro vamos comer. _ espalmou a mão em minhas costas e me conduziu até a mesa marcada com nossos nomes.

O nome dele estava entre o meu e o de Samuel, que veio para o casamento. Ele tocou o ombro do irmão.

— Passa para a outra cadeira. _ Samuel já havia se servido e estava mastigando. Mastigou mais rápido e engoliu rápido a comida.

— Por quê? _ ele olhou de mim para Oliver e sorriu.

— A entendi. Oi, Jane. _ sorri e se muda para a cadeira ao lado, com seu prato colorido. Oliver puxou a minha cadeira e o encarei, não sou acostumada a esse tipo de tratamento.

— Obrigada. _ me sentei e ele me ajudou ajeitando, antes de se sentar ao meu lado

O jantar foi delicioso, os discursos dos irmãos foram muito engraçados, o melhor foi o de Samuel.

Mas o discurso do vovô, fez todo mundo se calar.

Chegou a vez de Pedro, o discurso mais esperado.

— Enfim chegou o nosso dia, vocês estão aqui fazendo parte da nossa história. Mas só Rachel, Deus e eu sabemos como foi difícil para ganhar esse coração.
Para quem viu de fora, parece que foi fácil, mas tive que suar muito, ela é braba, rapaz. Se bobear, eu apanho.
E Jane, eu prometo que se magoar a Rachel, vou me desculpar com ela todos os dias da minha vida, então não planeje nada contra mim. Um brinde a minha futura esposa e mãe dos meus filhos.

_ele pegou Arthur nos braços e foi em direção a Rachel, que estava com a caixa de lenços na mão, mas chorava admirando o noivo, sem nem se lembrar de maquiagem alguma.

As pessoas riram, mas eu me emocionei, ele a ama, e eu fico muito feliz por isso.

A pista de dança está cheia dos nossos amigos, duas classes sociais se divertindo e até se paquerando. Não é todo dia que se vê uma coisa dessas.

Oliver me segurou pela mão e me conduziu até a pista de dança, e lá, eu dancei como há muito tempo não dançava. Ele estava comigo, e não tirava os olhos de mim, assim como eu não tirava os meus dele.

Minhas barreiras não existem perto dele, não sei o porquê, mas me sinto livre.

SOS JANE BROWMOnde histórias criam vida. Descubra agora