Depois de mais de duas horas de perseguição, os irmãos começavam a achar que aqueles bandidos não eram humanos, pois não importava o quanto tentassem atrasá-los, eles continuavam em seu encalço. Nem seus cavalos pareciam se cansar!
Chegando a uma cadeia de montanhas, Roy avistou fumaça ao longe, o que significava que havia pessoas nos arredores. Mesmo o terreno sendo íngreme e difícil, o grupo seguiu em frente, na esperança de encontrar alguém que os ajudasse e para sua sorte, seus perseguidores acabaram ficando para trás.
Apesar da vantagem, os irmãos não diminuíram o passo, até chegarem a um acampamento improvisado, onde dois homens estavam de vigia sentados perto de uma fogueira: o primeiro era um mexicano e o outro um mestiço de negro e índio. Assim que viram os forasteiros, levantaram já de arma em punho e o mestiço gritou:
‒ Fiquem longe ou vamos atirar!
‒ Quem são vocês e o que fazem aqui? ‒ seu colega perguntou com o mesmo tom de voz.
Descendo de Viserys, Marilia abriu os braços e implorou:
‒ Não atirem, pelo amor de Deus! Eu sou Marilia, esse moço é meu irmão Mike e nós precisamos de ajuda!
‒ Meia dúzia de bandidos estão nos perseguindo desde Blackwater e não sabemos mais o que fazer! ‒ o rapaz completou.
‒ Eles puseram fogo no nosso rancho, mas não largam do nosso pé!
Ao verem uma moça tão bonita e de voz tão delicada, os dois guardaram as armas e se aproximaram sorrindo. Tirando seus chapéus e cumprimentando a mesma com um beijo na mão, eles se apresentaram: o mexicano se chamava Javier Escuella e o mestiço era Charles Smith.
Mike e seus amigos ficaram surpresos com a mudança de comportamento dos dois homens, mesmo já sabendo o quanto o charme feminino era poderoso. Descendo de Corlys, ele os cumprimentou e apresentou a turma, tornando a explicar a difícil situação em que se encontravam.
Nesse momento, um holandês alto apareceu e colocando as mãos na cintura, quis saber:
‒ O que está acontecendo aqui e quem são esses dois?
Antes que alguém pudesse responder qualquer coisa, os bandidos de Blackwater apareceram e ele logo deduziu:
‒ Os O'Driscolls... O que fazem aqui, suas pestes?
Dando uma risada sarcástica, o chefe do bando mostrou o rosto: era um homem branco de cabelo longo e platinado e um olhar altivo. Descendo de seu cavalo, ele abriu os braços e ironizou:
‒ Ora essa... O velho Dutch Van Der Linde.... Isso é jeito de me receber, meu amigo?
‒ Não tenho tempo para suas ironias. Fala logo o que você quer!
‒ Tenho um assunto pendente com esses dois pirralhos. Estão fugindo da gente desde Blackwater.
‒ Eu devia ter usado uma marreta ao invés de uma frigideira, para ver se rachava o seu crânio de uma vez! ‒ Marilia espumou de raiva, sendo contida pelo irmão.
‒ Deixa a gente em paz! Já não bastou ter destruído nosso rancho? Fique sabendo que eu nunca vou te entregar o Corlys! Ele é meu por direito! ‒ Mike se indignou.
Aproximando-se do homem, Dutch falou em um tom bem irônico:
‒ Olha aqui, Colm, estou me sentindo bem generoso esta noite e por isso, vou te fazer uma proposta: ou você e esses canalhas saem daqui por bem ou eu chamo o pessoal e vocês viram peneira. O que você escolhe?
‒ Eu não tenho medo de você, holandês imbecil. Chama os seus amiguinhos e a gente resolve na bala.
‒ Mas, chefe, a gente está sem munição. Esqueceu que tivemos que usar nos pirralhos, para afastá-los do rancho e o senhor poder queimar tudo? ‒ um de seus homens comentou.
‒ Cala a boca, Billy!
Charles caiu na risada e perguntou:
‒ Por essa eu não esperava. Quer dizer então, que os famosos O'Driscolls estão sem balas? Oh, Javier, que tal darmos algumas para eles?
‒ Com o maior prazer. A noite estava chata demais e estou louco para me divertir um pouco.
Sem pensar duas vezes, Dutch e os rapazes começaram a atirar nos invasores, acordando o acampamento inteiro. Como também odiavam o bando, seus cavalos os derrubaram no chão, os obrigando a fugir a pé mesmo.
Logo todo mundo se uniu para expulsá-los, conseguindo matar quase todos, exceto Colm, que conseguiu escapar no meio da chuva de balas, jurando se vingar de Dutch e seus homens.
Terminada a confusão, Mike e Marilia conseguiram reunir os cavalos dos O'Driscolls, sendo elogiados por Javier, que já parecia bem interessado na moça. Enquanto os irmãos acalmavam os animais, Dutch se aproximou e comentou:
‒ Pelo que pude perceber, vocês são jovens bem corajosos, mas agora estão sem rumo, não é mesmo?
‒ Sim.... Aqueles vagabundos tiraram o pouco que nós tínhamos... ‒ Marilia respondeu com tristeza.
‒ É verdade que você acertou a cabeça do desgraçado do Colm com uma frigideira? Deve ter sido engraçado.
‒ Só tentei defender meu irmão e a nossa casa. Parece que o senhor conhece esse verme há muito tempo, não é?
‒ Ele se chama Colm O'Driscoll, um velho aliado que me traiu e se tornou um dos meus maiores inimigos. Se você ou seu irmão tivessem dado um tiro bem na cabeça dele, teriam feito um imenso favor a humanidade.
‒ A gente estava desarmado. Escapamos por um milagre. ‒ Mike comentou enquanto amarrava o último cavalo junto com os outros.
‒ Qualquer inimigo daquele filho da mãe é meu amigo. Vocês dois são muito bem-vindos para se juntarem a Gangue Van Der Linde.
Os irmãos se entreolharam confusos, mas como não tinham mais casa ou família, resolveram aceitar sua proposta. Havia muita gente na gangue, mas como já era tarde e estavam exaustos por causa de toda a perseguição até ali, as apresentações poderiam esperar um pouco.
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RED STORY
FanfictionOs irmãos Mike e Marilia Matthews viviam tranquilos em seu pequeno rancho perto de Blackwater, até o dia em que os O'Driscolls invadiram o local, os forçando a fugir para as montanhas. Lá, eles conhecem a Gangue Van Der Linde e suas vidas nunca mais...