RED STORY

BELEZA SELVAGEM

Na manhã seguinte, depois de levar mais um fora de Marilia, Micah resolveu sair para explorar a região e esfriar a cabeça. Indo até o Little Creeck River, ele seguiu por uma pequena estrada até o Big Valley, onde encontrou todo tipo de vida selvagem: raposas, cariacus, uapitis- das montanhas rochosas, um veado de cauda branca, antilocapras americanas, um bando de gansos e até um urso negro.

Em certo momento, avistou um homem a cavalo pastoreando algumas ovelhas e quis dar um tiro para assustá-las por diversão, mas Baylock o impediu. Em seguida, viu perus selvagens, uma águia capturando uma cascavel e ainda tentou atirar em um coelho, mas este foi mais ligeiro e conseguiu fugir.

Passando por uma região cheia de árvores mortas, encontrou alguns javalis, mas como caçar não era o seu forte, não conseguiu abater nenhum. De repente, viu um homem sendo atacado por um lobo solitário, mas não fez nada para ajudá-lo. Ao perceber que o animal tinha conseguido matar sua vítima, Micah deu um tiro para afugentá-lo, só para poder saquear o cadáver, mas não encontrou nada que lhe interessasse: só um pouco de carne de cervo curada e menos de 2 dólares no alforje de seu cavalo morto.

Chegando ao Lago Owanjila, Baylock pediu para beber um pouco d'água, pois já estava cansado e fazia muito calor naquela manhã. Seu dono só parou porque também estava com sede, dando um breve momento de descanso ao cavalo, que não perdeu a chance de criticar sua mania de atirar em tudo que via pela frente.

Foi então que eles viram uma belíssima Puro-Sangue Árabe vermelha pastando tranquila na outra margem do lago. Os olhos de Micah brilharam ao contemplar tão linda criatura e decidiu que ela tinha que ser sua, mas em vez de se aproximar com cuidado para não assustá-la, entrou no lago e tentou laçá-la.

Baylock caiu na risada quando ele errou e a égua fugiu, mas Micah não se deu por vencido. Montando em seu cavalo, ele começou a persegui-la de forma implacável, até que conseguiu capturá-la. Assustada e furiosa, ela começou a lutar com todas as suas forças, xingando o homem o tempo todo, mas ele não desistiria tão facilmente.

‒ Pode lutar o quanto quiser, eguinha rebelde. Você será minha ou meu nome não é Micah Bell!

Aflita, ela saiu em disparada, arrancando o homem de cima de Baylock, mas ele não largou a corda de jeito nenhum. Arrastado pela égua, ele ia batendo em cada pedra e galho seco pelo chão, o que rasgava suas roupas e esfolava sua pele, mas nem o sangue que começava a jorrar de suas feridas e a areia entrando neles o faziam desistir de seu troféu.

Baylock ia correndo ao lado dos dois, se divertindo com a desgraça do dono, mas chegou uma hora em que sentiu pena dele e foi falar com a égua vermelha, pedido que ela se acalmasse um pouco. Ela não gostou muito da ideia, mas acabou cedendo, pois como não estava acostumada a puxar aquele peso extra, ficou meio cansada.

Quando ela finalmente parou, Micah pôde se levantar e limpou a poeira do corpo com uma das mãos, sem soltar a corda. De cabeça baixa, ela o olhou de lado e implorou:

‒ Por favor, me deixa ir embora. Não te fiz nada para querer me prender.

‒ Minha amiga, quando esse aí quer uma coisa, não há ninguém que o faça mudar de ideia. ‒ Baylock disse desapontado.

Aproveitando a distração da égua, Micah amarrou a corda bem firme na sela de seu cavalo, montou e saiu a galope, levando a coitada a força. Durante todo o caminho, ela olhava para Baylock com tristeza, achando que ele só tinha sido gentil com ela para distraí-la e o dono poder capturá-la.

Quando ele chegou ao acampamento, todos se impressionaram com a beleza da égua vermelha e Sean não perdeu a chance de rir do estado deplorável do colega, pois além de sujo e esfarrapado, seus cabelos estavam emaranhados e havia feridas abertas em várias partes do corpo.

Irritado, ele o mandou calar a boca e levou sua nova aquisição até a maior árvore do local, onde a amarrou bem firme e proibiu que lhe dessem comida ou água por 3 dias. Era uma forma de enfraquecê-la, para que conseguisse domá-la mais facilmente.