ENCONTRO MACABRO

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Mesmo só e desarmado, Micah não se deu por vencido e a caminho de Strawberry, assaltou uma carroça carregada de Moonshine. Ele usou sua nova aparência medonha (rosto cheio de arranhões e cicatrizes) para assustar o condutor, de quem roubou até as roupas.

Quando anoiteceu, ele se escondeu na mata, onde fez uma fogueira e ficou enchendo a cara sob os olhares de reprovação dos dois Shires baios escuros que puxavam a carroça roubada.

De repente, um assobio longo e aterrorizante ecoou por toda a floresta, mas não havia ninguém por perto. Com o sangue congelado de medo, Micah se levantou, olhou ao redor e gritou:

‒ Quem está aí? Apareça agora, pois isso não tem a menor graça!

Como resposta, o assobio foi ficando mais alto, acompanhado pelo som do galope de um cavalo se aproximando. Apavorado, o homem de cabelos loiros ficou roendo as unhas de tanto nervosismo, até que um cavaleiro encapuzado apareceu na sua frente. Era ele quem estava assobiando o tempo todo, mas fez uma pausa e perguntou:

‒ Posso me sentar junto ao fogo?

Micah engoliu em seco, pois nunca tinha visto uma figura tão sinistra como aquela, mas logo respondeu:

‒ Pode, desde que pare de assobiar desse jeito.

Sem dizer mais nada, o homem desceu de seu cavalo negro como o breu, dando mais detalhes de sua aparência sombria. Ele tinha quase 2 metros de altura e um corpo forte e esbelto, encoberto por um pesado sobretudo preto com capuz. Por baixo, ele usava um traje preto com detalhes prateados, combinando com as botas, luvas e cinturão com fivela de obsidiana.

Quando o estranho se sentou na sua frente, Micah lhe ofereceu uma caneca de Moonshine, mas ele disse secamente:

‒ Não bebo com canalhas da sua espécie.

‒ Como é?

‒ Eu te conheço muito bem, Micah Bell. Sei de todas as atrocidades que fez ao longo da vida.

‒ Como sabe o meu nome?

‒ Conheço todos os vagabundos que rastejam por esse mundo e você ganha de todos. Sua honra está mais suja que uma latrina.

‒ Como ousa falar assim comigo? Nem te conheço!

‒ Ainda não, mas vai conhecer em breve, pois seus dias estão contados.

‒ Foi o Dutch quem te mandou para me assustar? Saiba que eu não tenho medo dessas ameaças!

Sem lhe dar ouvidos, ele se levantou, foi até seu cavalo e abrindo o alforje na sela, tirou duas enormes foices. Ao ver como Micah estava pálido, ele meneou a cabeça e disse:

‒ Não.... Estamos no Velho Oeste e devemos seguir a tradição.

Depois de guardar as foices, o encapuzado sacou dois revólveres da cintura. Eles eram pretos como carvão e tinham uma caveira e uma cobra entalhadas em vermelho. Com toda a calma do mundo, ele começou a carregá-los com balas de prata, sob o olhar aterrorizado de Micah.

Terminada a tarefa, ele atirou em uma árvore que se partiu em duas e em seguida, começou a atirar no homem de cabelos loiros. Tudo que ele queria era sair correndo o mais rápido que suas pernas aguentassem, mas parecia enraizado no chão, só conseguindo se desviar das balas com uma velocidade absurda.

Quando finalmente conseguiu sair do chão, ele correu até a carroça, desatrelou um dos cavalos e o montou para poder escapar dali, mas como se tratava de um animal muito grande e pesado, não conseguia ir muito rápido, sendo logo alcançado pelo homem em seu poderoso corcel.

Furioso, Micah começou a chicotear o pobre Shire, que mesmo sendo muito calmo e dócil, perdeu a paciência e o derrubou no chão, o forçando a fugir a pé mesmo. Dando uma gargalhada, seu perseguidor ironizou:

‒ Corra o quanto quiser, seu rato imundo, mas nunca conseguirá se esconder de mim.

O assobio do encapuzado zunia nos ouvidos do criminoso, até que ele chegou a cidade de Strawberry, indo se esconder no bar. Lá dentro, havia alguns homens conversando e todos quiseram saber o motivo de seu pânico. Sem voz, ele ficou apontando para o lado de fora, mas não havia mais ninguém na rua; o cavaleiro misterioso tinha sumido.

Refeito do susto, Micah viu Colm O'Driscoll bebendo sozinho em uma mesa ao fundo e resolveu se aproximar para falar com ele. Assim que o viu, o homem de cabelos platinados comentou:

‒ Ora essa... O que o famoso Micah Bell faz aqui a essa hora? Está cuidando de mais algum servicinho sujo para o Dutch?

‒ Não trabalho mais para aquele holandês safado.

‒ Não me diga.... Por quê?

‒ É uma longa história...

Cheio de revolta, Micah puxou uma cadeira e lhe contou tudo o que acontecera naqueles últimos dias. Enquanto ouvia seu relato, Colm viu uma ótima oportunidade para se vingar de Dutch e sua gangue e disse:

‒ Meu caro amigo, nós estamos no mesmo barco. Por que não nos unimos contra aquele engomadinho e a corja dele?

‒ Mas nós matamos quase todos os seus homens lá nas montanhas.

‒ Isso não tem importância. Eles eram dispensáveis e podemos encontrar outros facilmente.

Estendendo a mão direita para Micah, ele perguntou:

‒ Então, o que me diz, meu caro? Vamos nos unir e varrer a Gangue Van Der Linde do mapa?

Sorrindo, o homem de cabelos loiros apertou sua mão com firmeza para selar o acordo. Depois de poucas horas, os dois já pareciam velhos amigos, mas como estava ficando tarde e eles não iam embora, o dono do bar os expulsou a pontapés para poder fechar o estabelecimento, nada que os abalasse, pois estavam sedentos de vingança.

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