RED STORY

UMA MANHÃ TRANQUILA

Na manhã seguinte, Arthur, Mike e Ricardo estavam cuidando de seus cavalos, quando Jack apareceu e os cumprimentou com sua alegria de sempre. Impressionado com o brilho da pelagem de Tornado depois de escovado, ele perguntou ao dono do Andaluz:

‒ Tio, você teve outro cavalo antes do Tornado ou ele foi o primeiro?

‒ Eu tinha uma égua chamada Boadicea. Era uma Mestiça Húngara castanha que além de linda, era uma ótima amiga. Sinto tanta falta dela...

‒ O que aconteceu com ela?

Ao perceber sua expressão triste e os olhos marejados, Jack se desculpou e foi até Mike, lhe fazendo a mesma pergunta. Levando a mão ao peito, o rapaz respondeu:

‒ Eu tinha um Andaluz chamado Rhaegal. Ele era muito leal e corajoso e depois que o perdi em um ataque de lobos... pensei que nunca mais conseguiria me ligar a outro cavalo, até que o Corlys apareceu em nosso rancho e nos tornamos amigos em poucos minutos.

‒ Sim, mas por minha causa, os O'Driscolls foram até o rancho e queimaram tudo... ‒ o Turcomeno lamentou.

‒ Não fica assim, amigo.... Isso já passou, além do mais, se não tivesse acontecido aquele desastre, eu e a Mari não teríamos nos juntado a gangue, onde encontramos nosso pai.

‒ Acho que nunca tinha pensado por esse lado.

Sorrindo, o menino foi até Ricardo que se agachou e perguntou:

‒ Você quer saber sobre minha amizade com o Balerion, não é?

‒ Sim! Você também teve outros cavalos antes dele?

‒ Não, ele foi o primeiro. Eu o ganhei depois que meu pai veio trabalhar para a gangue.

Nesse momento, Marilia apareceu para cuidar de seus amigos equinos e Jack foi logo falar com ela. Enquanto a moça escovava a crina de Viserys, ele perguntou:

‒ Tia, por que você tem 3 cavalos e os rapazes só têm um?

‒ Bem, eu não pretendia ter tantos cavalos. Simplesmente aconteceu.

‒ Você ficou com o Baylock depois que o tio Micah foi embora e depois domou o Daemon. O Viserys não fica com ciúmes?

A moça deu uma risadinha e respondeu:

‒ No início sim, mas agora ele entende que tem espaço para todo mundo no meu coração.

‒ Eu posso ajudar a escovar o Baylock ou o Daemon? Vai ser mais rápido.

‒ Claro que pode, meu amor. Eu agradeço muito.

Ouvindo isso, Ricardo se aproximou e disse ao garoto:

‒ Eu também ajudo, rapazinho. Qual você quer escovar?

‒ O Daemon.

‒ Perfeito. Eu fico com o Baylock e assim terminamos ainda mais rápido.

Feliz, Marilia deu um beijinho no rosto de cada um e disse:

‒ Como eu tenho sorte por contar com dois ajudantes tão fofinhos e prestativos.... Vamos ao trabalho, meninos?

‒ Com certeza! ‒ Jack respondeu animado.

Enquanto eram escovados, os cavalos iam conversando com o trio e quando a tarefa foi concluída, Marilia tornou a agradecer aos seus ajudantes. Diante dos belos equinos, ela comentou:

‒ Vocês estão mais lindos do que nunca, rapazes. Qual de vocês quer dar um passeio comigo nesta bela manhã?

‒ Será que eu posso ir dessa vez? Ainda não tive a oportunidade de sair sozinho com você. ‒ Baylock deu um passo à frente.

‒ Claro que pode, meu amor. Vou pegar a sela.

Depois de preparar o belo Missouri Fox Trotter, ela se despediu dos demais e saiu conduzindo o amigo pelas rédeas, até que encontrou Leopold pelo caminho e o cumprimentou com simpatia:

‒ Bom dia, Herr Strauss.

‒ Bom dia, Fräulein Marilia.

A jovem não pôde deixar de sorrir.

‒ O senhor sabe que pode me chamar apenas de Marilia, não é?

‒ Verzeihung. É força do hábito.

‒ Tudo bem. Como vai nesta bela manhã?

‒ Vou muito bem. Depois de tanta confusão, finalmente temos um pouco de paz. É até meio estranho.

‒ Verdade. Essas últimas semanas foram uma loucura, mas graças a Deus que tudo terminou bem e estamos todos aqui sãos e salvos.

‒ Vejo que vai aproveitar o dia em um belo passeio, não é?

‒ Sim. O senhor quer vir também? Posso te emprestar um de meus outros cavalos.

‒ Agradeço pela oferta gentil, mas acho que já estou velho demais para isso. Nem me lembro quando foi a última vez que montei em um cavalo.

‒ Não diga isso. O senhor não é tão velho assim.

‒ Mesmo assim, mocinha, é melhor que eu fique por aqui mesmo. Muito obrigado pela conversa. Você é uma das poucas pessoas que me tratam com educação por aqui.

Marilia ficou um tanto comovida ao ouvir isso, mas sorriu e ao montar em Baylock, lhe disse antes de partir:

‒ Auf Wiedersehen, Herr Strauss.

‒ Auf Wiedersehen, fräulein Marilia. Divirta-se.