MISSÃO EM ANNESBURG

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O quarteto estava adorando seu primeiro voo e não demorou muito para pousarem em Annesburg. Para não chamar a atenção dos moradores, Daenerys, Balerion, Meleys e Nokk se disfarçaram como cavalos normais.

A primeira coisa que chamou a atenção dos recém-chegados foi a nuvem de poluição que cobria a cidade. Era provocada pela fumaça negra expelida pelas chaminés, fruto da queima de carvão.

Tossindo muito, Marilia comentou com Dutch:

‒ E eu pensando que Saint Denis era poluída. O Daemon ia odiar isso aqui.

‒ Isso é o resultado de quase um século de extração de carvão. É com isso que a cidade sobrevive.

‒ É verdade que o safado do Cornwall também manda aqui?

‒ Isso mesmo. Ele até tentou comprar a cidade inteira uma vez.

As águas do rio eram imundas e havia muito lixo espalhado ao longo de suas margens. Percorrendo a rua que cortava a cidade de Norte e Sul, eles viram a estrada de ferro, a estação de trem, o armeiro, e um pub fechado. A mina de carvão se localizava em uma enorme colina rochosa em cuja base havia os trilhos por onde passavam os trens de carga.

Ao ver um monte de cabanas cinzentas ao longo de toda a colina, Kieran perguntou ao chefe:

‒ De quem são aquelas casinhas? Parece um péssimo lugar para se morar.

‒ São dos pobres trabalhadores dessa droga de mina. Muita gente já morreu por lá, mas ninguém dá importância a isso.

‒ Como vamos encontrar aqueles vagabundos no meio dessa cidade coberta de carvão? ‒ Marilia interveio.

‒ Acho que nem vamos precisar procurá-los. Olha eles lá.

Olhando para onde o holandês apontava, Marilia e os rapazes viram Colm, Cornwall e Bronte dobrando a esquina acompanhados por alguns capangas. Ao contrário dos canalhas e de todos ao seu redor, o quarteto conseguia enxergar os cavalos do Apocalipse como eram de verdade e Ricardo comentou horrorizado:

‒ Misericórdia! Aqueles são os cavalos mais feios que já vi na minha vida! Como aqueles pilantras se interessaram por eles?

‒ A Morte os enganou, os fazendo ver apenas o que ela queria. Ela sempre joga sujo. ‒ Daenerys explicou.

‒ Quer dizer que encontraram alguém mais pilantra que eles? Bem feito. ‒ Kieran ironizou.

O cavalo de Colm era o da Peste (pálido e cheio de feridas), o de Cornwall o da Fome (magrelo e rodeado de insetos) e o de Bronte era o da Morte, que tinha uma aparência mais normal. Os canalhas mal puderam acreditar ao ver o quarteto do outro lado da rua e resolveram se aproximar para fazer suas provocações.

‒ Ora essa.... Agora deu para andar com pirralhos, Dutch? Cadê o resto da sua corja? ‒ Colm se dirigiu ao holandês.

‒ E onde está seu amiguinho de cabelos loiros? Só estou vendo um velho repulsivo, um mafioso morto-vivo e meia dúzia de capachos. Esperava encontrar todos juntinhos.

‒ Está falando do Micah? Ele está em Tumbleweed, juntando mais homens, para que a gente possa acabar com sua gangue de uma vez por todas! ‒ Bronte respondeu.

‒ CALA A BOCA! ‒ seus parceiros o repreenderam.

‒ Obrigada pela dica, seus idiotas. ‒ Marilia deu um sorriso atrevido.

Voltando-se para Dutch, Cornwall rangeu os dentes:

‒ É muita ousadia aparecer na minha frente, depois de tudo que você e sua gentinha fizeram contra mim. Quase acabaram com meus negócios!

‒ Quanto exagero... E quanto ao ataque ao nosso acampamento perto de Valentine? Acha que esquecemos, seu desgraçado?

‒ E quando vocês me jogaram no pântano, para eu virar comida de jacarés? Acha que esqueci também? ‒ Bronte tornou a se meter na conversa.

‒ Eis uma prova de que você não vale nada. Nem os jacarés te quiseram.

Irritados com as intromissões de italiano, seus comparsas partiram pra cima dele e Marilia perguntou ao holandês:

‒ Por que a gente não acaba com eles agora, enquanto é dia? A Daenerys disse que os cavalos deles só ganham poderes à noite.

‒ É uma ótima ideia. Está ficando cada vez mais parecida comigo.

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