CORAÇÃO DE PAI

8 1 0
                                    

Naquela noite, depois do jantar, Dutch estava sozinho em sua barraca, olhando uma foto que Albert havia tirado de toda a gangue enquanto estavam em Shady Belle. Contemplando cada rosto retratado, ele relembrava os bons e maus momentos vividos, o que fazia lágrimas rolarem por seu rosto. De repente, ouviu a voz de Marilia do lado de fora:

‒ Pai, eu posso entrar?

Como não houve resposta, ela resolveu entrar e o encontrou nessa situação. Sentando ao seu lado, pôs a mão em seu ombro e disse:

‒ O senhor está se fazendo de durão desde a nossa passagem por Strawberry, mas sei que está sofrendo. Pode falar comigo.

Ainda com os olhos vertendo lágrimas, ele a encarou tentando se recompor, até que resolveu se abrir:

‒ Agora que o Oeste está limpo, assim como nossas fichas, a Gangue Van Der Linde não tem mais razão para existir... Cada um vai poder seguir seu caminho... e viver em paz. Eu desejo que todos tenham vidas limpas e honestas, mas...

Tornando a olhar para a foto, desabou em pranto:

‒ Não consigo mais imaginar minha vida sem esse pessoal... Depois de tantos anos de convivência, se tornaram minha família...

Oferecendo seu ombro para o holandês chorar, Marilia o acalmou e disse:

‒ O senhor tem medo de ficar sozinho...

‒ Eu vou ter minha Susan, mas não vai ser a mesma coisa sem todos vocês.... Mal sabemos que rumo tomar na vida...

‒ Eu não vou te abandonar, paizinho...

‒ Como assim?

‒ Eu e o Ricardo já conversamos bastante sobre o nosso futuro. Vamos para Blackwater, onde iremos reconstruir o rancho onde eu e o Mike nascemos e queremos que o senhor e a Susan venham conosco.

‒ Nós dois?

‒ Claro que sim. Todos vamos morar juntos lá: eu, o Ricardo, meu pai, o Sr. Snow, o Mike, a Tilly, o Albert, Herr Strauss, o Hamish e todos os nossos cavalos. A família não estaria completa sem o senhor e a Susan, afinal, são meus pais adotivos.

Dutch ficou sem fala por um momento, até que disse emocionado:

‒ Você vale ouro, mocinha...

‒ Só quero ter todos que amo por perto.

‒ Nunca pensei que se apegaria tanto a um cara teimoso e inconsequente como eu.

A moça pegou sua mão direita e o olhando nos olhos, disse sorrindo:

‒ O senhor tem um coração enorme, por ter acolhido tantos necessitados, incluindo meu irmão e eu. No início, sentia muita gratidão por sua generosidade, mas com o passar do tempo, isso foi se transformando em carinho e por fim, amor de filha. Nunca vou me esquecer de como me defendeu daquele canalha do Micah e foi por isso que te defendi dos Pinkertons que queriam te matar lá em Rhodes. Eu te amo demais, paizinho...

Depois de uma breve pausa para enxugar uma pequena lágrima, ela prosseguiu ainda mais emocionada:

‒ Não imagina o quanto fico feliz quando me chama de "filha" e adoro trabalhar ao seu lado nas missões.

‒ Acho que formamos uma boa dupla.

‒ Também fico feliz em saber que estou ficando parecida com o senhor. O Kieran até me perguntou se não éramos pai e filha de verdade.

‒ Às vezes, nem precisamos falar para entender o que o outro quer dizer.

‒ Não consigo imaginar minha vida sem o senhor por perto...

O holandês não esperava uma declaração de amor tão doce e sincera e logo ambos estavam abraçados, sentindo as batidas do coração um do outro, pois mesmo não tendo o mesmo sangue, se amavam como pai e filha.

Passado esse momento de emoção, Marilia foi para sua barraca, enquanto Dutch foi contar as boas-novas a Susan. Sorrindo, ela comentou:

‒ Já deveríamos esperar algo assim da parte da Marilia. Ela é a alma mais pura e generosa que já conheci e confesso que também a amo como filha.

‒ Agora resta saber que caminho nossos outros filhos vão seguir...

RED STORYOnde histórias criam vida. Descubra agora