AMOR ÀS ESCONDIDAS

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Certa tarde, Marilia e Lua Crescente estavam colhendo frutas não muito longe da aldeia, quando ouviram alguém se aproximando e se agacharam no meio do mato alto para se esconder. Era um jovem soldado de pele branca, cabelos castanhos e olhos esverdeados que vinha montado em uma Puro-Sangue Inglesa toda preta.

Antes que Marilia pudesse trocar alguma palavra com Lua Crescente, Rosa (uma bela índia de pele morena, longos cabelos negros e olhos verdes, que era uma grande amiga das duas) chegou montada em Ciclone, um Mustangue castanho-escuro. Assim que se viram, os dois jovens desceram de seus cavalos e correram para os braços um do outro.

Enquanto os pombinhos se beijavam e seus cavalos trocavam carinhos, Marilia teve que perguntar:

‒ Quem é aquele rapaz?

‒ Ele se chama Gabriel Mezenga e aquela égua linda é a Condessa. O Coronel Henry Favours o mandou rondar nossa reserva todos os dias, para ver se vamos nos rebelar. Em vez de cumprir as ordens do superior, ele acabou se encantando pela Rosa e agora, eles se encontram todos os dias, mas sempre em locais diferentes, para não serem descobertos. É por isso que ela vive sumindo lá da aldeia.

‒ A Rosa tem medo que seu povo não aceite o romance dela com um homem branco?

‒ Nós não somos o problema nessa história e sim a peste do Coronel Favours. Ele nos odeia e fico surpresa que ainda não tenha mandado todo o regimento dele para nos exterminar como insetos.

‒ Podem contar com a gente em qualquer situação. A Gangue Van Der Linde não tem medo de uma boa briga.

‒ Obrigada. Foram os deuses quem colocaram vocês em nosso caminho.

Acolhida entre os braços de seu amado, Rosa suspirou:

‒ Mal posso esperar pelo dia de sua dispensa, para podemos nos casar...

‒ Eu também, meu amor. Já estou ficando sem desculpas para explicar meus atrasos lá no forte.

‒ Você se arrisca muito vindo me ver todos os dias.

‒ Meu dia não fica completo se eu não puder te ver. O risco vale a pena.

‒ Você é louco...

‒ Sou sim. Louco por você.

Quando os dois tornaram a se beijar, ouviram uma voz familiar dizer:

‒ Ah... O amor é lindo demais...

Era Merida, a linda Ardennes de pelagem ruano rosilho montada pelo Capitão Lyndon Monroe. Sorrindo, o militar disse a Gabriel:

‒ Muito bem, Soldado Mezenga. Veio ver sua namorada outra vez, não é?

Sem jeito, o jovem bateu continência e tentou se explicar, mas o capitão disse com serenidade:

‒ Rapaz, você sabe que não tenho nada contra esse amor e torço para que se casem e sejam muito felizes, mas se o coronel descobrir...

‒ Eu vou para a forca na hora...

‒ Ou coisa bem pior.

Deixando Ciclone de lado por um momento, Condessa foi até o dono e o aconselhou:

‒ Ele tem razão, Gabriel. É melhor não brincar com fogo.

Concordando com a amiga, o rapaz se despediu da namorada e acompanhou o capitão de volta ao forte. Quando Rosa e Ciclone voltaram para a aldeia, Marilia e Lua Crescente puderam sair de seu esconderijo e a filha de Hosea comentou:

‒ Aquele homem aprova o romance do Gabriel com a Rosa. Quem é ele?

‒ É o Capitão Monroe. Ele é o único naquele forte que nos vê como gente e não um bando de pragas.

‒ Já gostei dele. Queria conhecê-lo melhor.

‒ Isso vai ser fácil. Ele sempre nos visita para saber se estamos bem.

Naquela noite, no estábulo do forte, Condessa conversava com Merida sobre seu sonho de ser mãe, tanto que até preparou uma caminha de palha do tamanho de um potro. Ela só estava esperando Gabriel pedir Rosa em casamento para poder se entregar a Ciclone.

Nesse momento, o cavalo do coronel apareceu e começou a dar em cima das duas. Seu nome era Inácio, um Bretão cinza-aço arrogante e insuportável como o dono. Não aceitando a rejeição de Condessa, ele jurou acabar com Ciclone, o que só aumentou a repulsa da égua.

Antes que uma briga começasse, o Capitão Monroe apareceu e trancou Inácio em sua baia. Depois de cobrir Merida e lhe dar um beijinho na testa, ele foi até a baia de Condessa e lhe disse:

‒ O Gabriel me pediu para te colocar para dormir, pois está ocupado descascando batatas na cozinha.

‒ Mais um castigo do coronel, não é?

‒ Isso mesmo. Fico muito feliz que ele tenha encontrado o verdadeiro amor, mas ele tem se arriscado muito indo ver aquela moça.

‒ Eu sei, mas ainda bem que ele te ouviu hoje e veio embora sem discutir.

‒ Talvez ele esteja criando juízo e já não era sem tempo.

Os dois ainda conversaram um pouco, mas logo foram dormir. Na manhã seguinte, Gabriel acordou bem cedo e logo após o café, ele e Condessa foram até a aldeia, onde ele finalmente pediu Rosa em casamento.

Enquanto os pombinhos faziam planos para o futuro, Condessa e Ciclone já sonhavam com seu primeiro potro. Logo todas as mulheres e éguas da aldeia souberam da novidade e ficaram muito felizes pelo casal, mas os homens e cavalos temiam uma represália do Coronel Favours, caso descobrisse esse noivado.

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