O QUARTO ELEMENTO

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Enquanto isso, no pântano, Angelo Bronte ainda estava vivo e quando finalmente acordou de seu desmaio, começou a gritar de desespero ao se ver cercado por meia dúzia de jacarés famintos, mas nesse momento, ouviu um assobio tenebroso e os animais nadaram até a margem.

O mafioso teve um breve momento de alívio, mas seu sangue gelou de medo ao ver um vulto surgindo no meio da névoa densa. Quando a figura misteriosa se revelou, ele viu que era um velhote esquisito que para seu espanto, começou a fazer carinho nos jacarés, como se eles fossem bichinhos de estimação.

Olhando para o homem pálido de medo, o velho perguntou sorrindo:

‒ Olá, meu amigo. Está precisando de ajuda?

‒ É claro! Não está vendo que estou amarrado bem no meio do pântano e esses bichos quase me comeram vivo?

‒ Minha nossa! Que noite difícil.

‒ Vai me tirar daqui ou só ficar com esse olhar de peixe morto?

‒ Devia respeitar os mais velhos, rapaz. Sua mãe não te deu educação?

Va bene.... Desculpe pela grosseria, mas acontece que uns vagabundos invadiram minha casa, me sequestraram e jogaram aqui, para ser devorado por esses jacarés esfomeados.

‒ Oh, não se preocupe. Eles não iam te fazer mal algum. Só queriam brincar um pouco, pois se sentem solitários nesse pântano.

Fazendo força para não explodir de raiva, o italiano perguntou:

Signore, poderia ter a gentileza de me tirar daqui? Per favore.

Dando outro de seus assobios sinistros, o velho chamou um belo cavalo alazão tostado já arreado e selado. Abrindo o alforje na sela, ele tirou uma corda prateada que usou para laçar o italiano e puxar para a margem.

Já em terra firme, ele foi desamarrado e o velho perguntou:

‒ Como é que se diz, rapaz?

Grazie, signore.

‒ Muito bem. Por ter aprendido bons modos, vou te dar um presente.

Já de pé, Bronte tentava secar suas roupas e perguntou:

‒ Um presente? O que seria?

Segurando as rédeas de seu cavalo, o velho respondeu:

‒ Preciso de alguém para cuidar desse cavalo. Já estou velho demais e.... não sei quanto tempo ainda me resta.

‒ Está me dando ele?

‒ Isso mesmo, meu jovem. Eu tinha uma linda criação de cavalos, mas uma suçuarana pavorosa matou quase todos eles. Só me restaram esse e outros três que entreguei a uns rapazes muito simpáticos em troca de caçarem aquela felina maldita.

O italiano ficou um tanto intrigado com essa história, mas logo se encantou pelo cavalo e perguntou:

‒ É sério que o senhor vai me dar esse belo animal de graça?

‒ Na verdade, eu gostaria que fosse procurar os rapazes de que lhe falei, para que os quatro possam se unir na caçada da suçuarana. Ela é preta e tem olhos azuis que brilham como faróis à noite. Se vocês conseguirem, os cavalos serão seus para sempre.

‒ E se não conseguirmos?

‒ Ora, não seja pessimista. Com cavalos tão especiais, certamente conseguirão. Dei o prazo de 1 ano a eles, mas contando com sua ajuda, tenho certeza que conseguirão achá-la muito mais rápido.

‒ E onde eu encontro esses caras?

‒ Em Valentine. Tenho certeza que se partir agora, vai chegar lá em menos de duas horas, pois esse cavalo é muito veloz e nunca se cansa.

‒ Por que eu iria atrás deles? Posso cuidar do serviço sozinho.

‒ Eles podem te ajudar a se vingar de quem o mandou para esse pântano.

Bronte sorriu ao ouvir isso e quis saber:

‒ Como vou saber quem são eles, se nem sei os nomes?

Tirando um rolo de papel da manga de suas vestes, ele mostrou os cartazes de Micah, Colm e Cornwall e para surpresa de Bronte, ainda havia outro com sua foto.

‒ O que significa isso?

‒ Calma, rapaz. Poderia assinar seu cartaz? Eu faço coleção.

Desconfiado, ele relutou um pouco, mas logo atendeu seu pedido. Em seguida, ele apertou a mão do velho e quando montou no cavalo, a estranha figura já tinha sumido.

Dando de ombros, Bronte saiu a galope rumo a Valentine e percebeu que sua nova montaria soltava uma névoa que matava tudo em seu caminho, o que o assustou bastante no início, mas não se arrependeu do bom negócio que tinha feito.

Chegando ao seu destino, logo encontrou o trio bebendo no saloon, comemorando mais um assalto bem-sucedido. Sem cerimônia, ele foi até a mesa deles e Micah o convidou para sentar. Quando ele contou sua situação, os três logo deduziram que ele fora vítima da Gangue Van Der Linde e o receberam de braços abertos em sua aliança maligna.

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