UMA SURPRESA PARA A GANGUE

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Enquanto todos se divertiam, Susan notou que Dutch estava distraído e não tirava os olhos de Kieran e Mary Beth. Pousando a mão em seu ombro, ela deduziu:

‒ Ainda está triste porque esses dois vão embora, não é?

‒ Vou sentir tanta falta deles...

‒ Também vou sentir, mas pelo menos ainda teremos um ao outro e um lar em Blackwater.

‒ Depois de tudo o que aprontamos por lá, olha para onde vamos... Mais uma ironia da vida..

‒ Verdade, mas o passado ficou para trás e sei que agora tudo será diferente. Todos nós mudamos muito desde aquela época.

Enxugando uma lágrima no canto de um dos olhos, o holandês disse:

‒ Acho que é hora de conversar com nossos outros filhos. Só não sei se sou forte o bastante para isso...

Susan lhe deu um selinho para encorajá-lo e ele pediu um minuto de atenção a todos os presentes. Fazendo força para conter as lágrimas, começou um breve discurso:

‒ Em nome de toda a gangue, quero agradecer ao chefe Chuva Caindo por ter nos acolhido durante esses últimos meses, mas agora que a Lei nos perdoou, creio que seja hora de partir.

‒ Partir? Para onde vamos agora? ‒ Arthur quis saber.

‒ Agora que viramos gente honesta, a Gangue Van Der Linde não tem mais razão para existir... Cada um pode seguir seu caminho e encontrar... a própria felicidade.

Ninguém tinha visto Dutch tão abalado desde a perda de Molly em Valentine, mas ele tentou ser forte e prosseguiu:

‒ Kieran e Mary Beth, desejo que sejam muito felizes em sua nova vida em Strawberry.... Vou ajuda-los no que puder, meus filhos...

Depois de abraçar o jovem casal com carinho, ele foi até John e Abigail. Sabendo de seu sonho de ter um lugar só deles, o holandês também quis lhes oferecer alguma ajuda para recomeçar, mas Jack se agarrou ao pai e disse com os olhos marejados:

‒ Papai, não quero ficar longe dos meus tios.... Eu amo todos eles.

John ficou sem reação, ainda mais quando o menino correu para os braços de Dutch, que não conseguiu mais conter as lágrimas. Batendo no ombro de Josiah, Charles lhe perguntou:

‒ Vai voltar para sua família em Saint Denis, amigo?

‒ Não tenho mais família lá...

‒ Como assim? O que aconteceu?

‒ Minha esposa não aguentou me esperar e me abandonou.... Na época em que moramos naquele casarão em Shady Belle, fui visitá-la e descobri a dura e cruel realidade...

‒ Ela arranjou outro...

‒ Isso mesmo. Até meus filhos se voltaram contra mim...

Já recomposto, Dutch foi até o inglês e perguntou penalizado:

‒ Por que não nos contou nada?

‒ Não queria virar motivo de piada para o acampamento inteiro...

Comovida com seu drama, Marilia tentou confortá-lo:

‒ Sei que está com o coração partido, mas se quiser, podemos ser a sua família agora. Pode ir morar conosco em Blackwater.

‒ Eu? Isso é sério?

‒ Muito sério e esse convite vale para a gangue inteira.

‒ Tem certeza? Todos nós vamos morar no seu rancho? ‒ Lenny perguntou confuso:

‒ Isso mesmo, querido. Somos uma família e devemos ficar juntos.

‒ Nossa vida não estará completa sem vocês. ‒ Ricardo completou.

‒ Esperem um pouco. Vocês estão convidando até o vagabundo do Tio? ‒ Sean se intrometeu.

Ao ouvir isso, o velho se levantou do chão com uma garrafa de cachaça na mão e o repreendeu:

‒ Eu não sou vagabundo, seu moleque atrevido! Sou inimigo do trabalho.

Todo mundo riu desse comentário e em seguida, Marilia e Ricardo conversaram com o resto da gangue. Eles ficaram muito felizes com seu convite generoso, já que não tinham parentes ou para onde ir. John e Abigail decidiram continuar com a gangue, fazendo Jack pular de alegria e se atirar nos braços da tia adotiva, que o encheu de beijos.

Kieran e Mary Beth desistiram da ideia de irem para Strawberry, mas Charles estava bem dividido, pois não se imaginava vivendo longe da gangue, mas não queria separar Lua Crescente de seu povo. Para sua sorte, a esposa disse que o seguiria aonde fosse e se mostrou muito animada com essa mudança de ares.

Depois de combinar tudo com a gangue, Marilia e Ricardo se dirigiram a Gabriel, Rosa e o Capitão Monroe e os convidaram para se juntar a sua enorme família. Os três ficaram emocionados com essa proposta e aceitaram na hora.

Com tudo resolvido, Dutch abraçou sua filha adotiva e disse sorrindo:

‒ Essa é a maior prova de que você é um anjo. Não existe ninguém com um coração tão grande e bondoso quanto o seu. Obrigado por tudo...

‒ Não precisa agradecer. Eles também são minha família e agora todos seremos felizes juntos.

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