Capítulo 03 Maldade sem limites

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Aquela noite tive vários pesadelos. Não bastou ter ido para cama tarde, ainda ficava dormindo e acordado assustada por conta da maldade humana, porque não tinha como classificar de outra forma...

— Levanta bicho preguiça, se apresse o café está na mesa e não podemos nos atrasar — a voz de Michael me despertou pela segunda vez, mas tudo o que eu mais queria era continuar na cama.

— Eu tenho mesmo que ir? — Perguntei ainda preguiçosa.

— Existe uma razão para essa recusa?

— Foi minha cama quem mandou perguntar, acho que ela está carente de mim hoje.

— A minha também, mas ela me espera até a noite, e você deixe de ser malandrinha e vá tomar um banho para despertar.

Michael puxou o meu lençol iniciando uma sessão de cócegas que me expulsou da cama imediatamente.

— Você é do mal — murmurei quando se afastou.

Me arrastei sobre as pernas parecendo um zumbi esbarrando nas coisas pela casa à fora, e se disser que o banho me despertou, estarei mentindo. Na Universidade também não foi diferente, estava pensativa e muito distraída, apesar da colaboração dos colegas que fizeram um silêncio bonito de se ouvir, não conseguia prestar atenção na aula, era como se estivesse em uma realidade paralela e isso chamou a atenção do meu então parceiro de estudos...

— Ana, em que mundo você está? — Questionou Eduardo.

— Acho que minha alma saiu do corpo e foi dar uma volta, mas já ela retorna — comentei com um sorriso.

— Aconteceu alguma coisa, quero dizer, mais alguma coisa?

— Só estou um pouco cansada, fui me deitar bem tarde ontem — falei desabada sobre a carteira.

— E o que a senhorita fez de tão interessante para ir dormir tarde em pleno dia de semana, mocinha? — Perguntou em um tom divertido.

— Nada de mais, só dei uns pegas no meu vizinho atrás do muro lá de casa — murmurei .

— É sério isso?

— Não — balancei a cabeça aos risos. — Eu fiquei de conversa fiada com meu irmão até tarde e depois tive uns sonhos ruins acabei não dormindo direito.

— Já ia te perguntar quem é esse vizinho, porque eu conheço a maioria dos moradores daquela quadra, e o único solteiro ali perto divide o teto comigo.

— Que novidade é essa, eu não sabia que éramos vizinhos.

— Na verdade, eu moro na quadra da frente virando a esquina, inclusive ontem te vi no portão, estava saindo quando passei de carro, não parei porque a dona onça estava comigo.

— Fez bem, não quero mais problemas com ela.

— Será que me atrevo a perguntar aonde essa moça estava indo sozinha?

— Eu estava em uma missão muito importante de quebrar as regras saindo sozinha a noite, queria muito um sorvete, e no fim, ganhei um esporro de brinde — dei de ombros.

— Poderia ter ligado, eles entregam.

— Sim, mas aí eu perderia a chance de topar com aquele ser misterioso que... enfim, sei que foi arriscado, ainda não conheço nada aqui, mas foi bom ter saído.

— Toma cuidado, nunca se sabe quem cruza nosso caminho pelas ruas — alertou Eduardo.

— A Ana poderia nos explicar como é a percepção dela das coisas não é, professor — sugeriu uma voz feminina nos chamando a atenção.

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora