Capítulo 06 Tempestade de confusões

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Eu pensei que a cota de confusões do dia já havia se esgotado, tive esperanças de sair ilesa dessa vez, mas pelo jeito a vida estava disposta a testar os meus limites me jogando bem no meio de uma tsunami furiosa...

— Patrícia, eu não vi você chegar, já ia te ligar para a gente...

— Não Carlos Eduardo, você não ia me ligar porque eu te liguei a tarde toda e simplesmente ignorou minhas ligações!

— Eu te liguei antes de sair e disse que conversaríamos hoje a noite, não disse? — Respondeu ele. — E até onde sei, foi você quem desligou na minha cara.

— Eu desliguei, mas depois liguei de novo e não atendeu. Sequer se deu ao luxo de me avisar aonde ia, e pela "tarde prazerosa" eu espero que pelo menos tenha escolhido outro motel!

Se minha voz tivesse saído, eu até que teria respondido, mas a deles dominou o tempo e espaço não dando chance para que eu sequer raciocinasse...

— Me respeita, Patrícia, se tivesse prestado atenção em mim hoje pela manhã, saberia onde eu estava. Se ao invés de me esculachar ao telefone tivesse conversado com educação, eu teria atendido a cada uma das ligações suas como sempre fiz, mas preferiu dar um show de grosserias porque uma única manhã deixei a merda do celular no silencioso.

— Se não tivesse que servir de babá dessa...

— Olha o que vai falar! — Eduardo a interrompeu.

— Abaixe o tom comigo! — Exigiu ela aos berros.

Seu grito ecoou pelo ambiente me deixando muito desconfortável. É óbvio que aquilo se transformaria em uma briga feia e eu era a única em desvantagem ali, aliás, nunca presenciei nada parecido e agora não sabia o que fazer...

— Eu não preciso passar por isso — murmurei tentando deixar os dois sozinhos, mas a cada dois passos esbarrava em alguma coisa me sentindo extremamente perdida naquele ambiente estranho e cheio de obstáculos.

— Isso aí — ela bateu palmas enquanto me seguia. — Faça bastante drama sua fura olho, já conseguiu acabar com meu namoro, está feliz agora!

— Tem certeza de que fui eu quem acabou com seu namoro?

Diante da falta de resposta, eu tentei sair, mas acabei me chocando contra o canto de uma parede e confesso que aquela situação me deixou ainda mais humilhada porque sequer conseguia sair dali com dignidade.

— Ana, espera, eu te ajudo — Eduardo veio ao meu socorro.

— Ajuda coisa nenhuma, você tem um assunto comigo, ela que se vire!

— Já chega, Patrícia!

— Você nunca gritou comigo, Edu, não estou te reconhecendo — seu protesto saiu consideravelmente sufocado, eu diria que beirando uma crise de choro.

— Caramba, você extrapola, deixe a garota em paz ela não te fez nada! — Reclamou me acompanhando até o lado de fora.

— Olha para você, a garota não dá um passo sem que esteja grudado nela, eu não tenho sangue de barata!

— Como eu pude ficar tanto tempo com uma pessoa fria como você?

A pergunta do Eduardo saiu mais como um lamento do que qualquer outra coisa...

— Eu sinto muito, Edu — caminhei rumo a claridade que provavelmente seria do poste de luz, sei lá, talvez na rua encontrasse ajuda para achar o caminho de casa.

— Ana, é sério — Eduardo segurou meu braço. — Te levo em casa, e depois volto para resolver essa situação aqui, ou...

— Você não sai daqui com ela, Eduardo!

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora