Capítulo 33 Figurinha duplicada

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É lógico que amanheci acordada, e só saí do quarto quando ouvi o barulho da movimentação que indicava que a visitante da madrugada havia ido embora. E enquanto Michael estava no banho, peguei uma xícara de café, e fui até a varanda atender ao celular...

— Bom dia, minha linda, como passou a noite? — Perguntou Caio do outro lado da linha.

— Querendo enfiar a cabeça em um buraco negro.

— Não entendi.

— Eu peguei meu irmão na cama com a namorada que nem sabia que existia.

— Como assim pegou na cama, eles estavam dormindo?

— Antes fosse, cheguei tropeçando e quase me espatifei no meio dos dois — comentei tentando espantar aquelas lembranças.

— Virou agente do controle de natalidade? — Caio gargalhou.

— Não ria, estou com aquela cena em minha mente até agora, isso é traumatizante — falei com uma careta sofrida.

— Como não rir quando consigo até visualizar a cena, desculpe, mas não dá.

— Debochado, eu aqui tentando entender o que aconteceu, e você me zoando, isso não se faz.

— O que aconteceu é simples: quando um homem e uma mulher, se...

— Caio, fica quietinho que é para eu não perder meu réu primário sendo presa por desacato à autoridade!

— Eu adoraria te prender, mas não em uma cela — sua voz ficou séria, mas durou apenas alguns segundos até começar a rir novamente.

— Não me zoa, é sério, está rindo porque nunca pegou seu irmão assim no ato — reclamei dengosa.

— Na verdade, já peguei e fui pego, você ficaria surpresa com tudo o que já aprontei.

— Ah, não, nem me conta, isso é constrangedor!

— Pense pelo lado positivo; ao menos não era você sendo flagrada pelo irmão. Eu imagino a cara da Marcela, tímida daquele jeito.

— Você sabia, traidor!

— Sabia, mas não me ligo em detalhes, achei que ele tivesse te contado.

— Não, ele não me contou e agora ficou esse clima estranho, é errado eu estar com ciúmes?

— Eu penso que seja insegurança, mas o fato de existir uma mulher na vida dele, não significa que vá deixar de cuidar de você — disse ele em um tom sereno. — Já parou para pensar em o quanto a vida dele poderia ser solitária?

— Mas eu estava sempre...

— Amor de irmão não é a mesma coisa que amor de homem e mulher, minha linda. Michael tem o direito de ser feliz, ter alguém para amar, para planejar um futuro, e isso não significa que você será esquecida.

— Estou com medo, eu não sei me virar sozinha, e...

— Sem pensamentos negativos — aconselhou. — As coisas mudaram, agora você enxerga, não é mais aquela garota frágil e vai iniciar uma nova etapa. Ter a sua independência pode parecer assustador agora, mas valerá a pena.

— Eu deveria ter te roubado para mim lá na América.

— Pensei o mesmo quando me deitei naquela cama vazia essa noite. Senti sua falta, muita falta.

— Eu também — comentei enquanto Michael se aproximava. — Passa aqui mais tarde?

— Precisa nem pedir.

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora